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Indústria automobilística sofre com falta de chip semicondutor

Uma pecinha milimétrica está travando toda a cadeia de produção de veículos no Brasil. A indústria automobilística quer fabricar mais, mas o freio vem de

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Redação Publicado em 18/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h13


Sem a peça milimétrica, linhas de montagem inteiras param. No último ano, houve um desequilíbrio na oferta dos semicondutores.

Uma pecinha milimétrica está travando toda a cadeia de produção de veículos no Brasil. A indústria automobilística quer fabricar mais, mas o freio vem de fora. Está em falta no mundo todo uma peça que sozinha para linhas de montagem inteiras: o chip semicondutor.

Neste mês, a Volkswagen anunciou que dará férias coletivas para os trabalhadores de duas fábricas em São Paulo: a de São Bernardo do Campo e a de Taubaté. Mas desde o início do ano, as montadoras estão nesse “anda e para” na produção – a estimativa é que cerca de 120 mil veículos deixaram de ser fabricados no país.

Com a falta de carros novos no mercado, o consumidor foi atrás dos usados: as vendas do primeiro semestre de 2021 superam as registradas no mesmo período de 2019, antes da pandemia.

Tanta procura tem feito o preço dos usados subir muito mais do que os novos, com prazo de entrega comprometido pela falta de componente.

O chip semicondutor é um dispositivo milimétrico, feito de materiais como o silício, capazes de mudar facilmente de isolante a condutor de eletricidade. Por isso, é chamado de semicondutor.

“O semicondutor num automóvel moderno é utilizado em várias áreas do veículo. Para gerenciamento do motor e o câmbio, para controlar consumo, para controlar emissão de poluentes, para itens de segurança. Para itens de conectividade. Então carro pode ter de 500 a 1.100 semicondutores, diferentes semicondutores. Então a gente fala que o carro é um celular com quatro rodas”, explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

A questão é que os semicondutores são o motor do mundo em que vivemos: estão em tudo que tem tecnologia embarcada. Computadores, celulares, aparelhos de TV, videogames, eletrodomésticos. São muitas indústrias disputando um componente produzido por poucas – a maioria fica na Ásia.

No último ano, houve um desequilíbrio na oferta, porque aconteceu de tudo na região: de incêndio em uma das maiores fábricas, no Japão, a falta de chuvas em Taiwan. Isso também é um problema porque vai muita água na fabricação dos chips. E, claro, teve a pandemia.

Foi a crise sanitária que botou a indústria automobilística no fim da fila para comprar semicondutores. No início da pandemia, as montadoras suspenderam as encomendas porque as vendas de carro zero caíram. Enquanto isso, as fábricas de celulares e computadores, embaladas pelo home office, passaram a comprar mais e mais chips. Quando a produção de carros voltou, já tinha pouco componente para vender.

“Tudo isso gera uma pressão gigantesca. E como é uma indústria muito cara e que tem atualização constante, os fabricantes não produzem, por exemplo, 10 milhões de unidades e deixam armazenados. Por que? Porque essa tecnologia daqui a dez anos é outra. Então é uma indústria muito estratégica, só que é uma indústria muito complexa também, não é só a gente aumentar o pasto para poder produzir mais vaca, é muito mais complexo do que outros tipos de indústria”, diz John Paul Lima, coordenador dos curso de Engenharia da Fiap.

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Fontes: G1 – Globo.

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