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Confiscados por nazistas, tesouros maçônicos são preservados na Polônia

A imponente coleção de objetos maçônicos de Poznan, na Polônia, preserva seus tesouros, com seus esquadros e compassos, gravuras, livros e álbuns antigos,

Confiscados por nazistas, tesouros maçônicos são preservados na Polônia
Confiscados por nazistas, tesouros maçônicos são preservados na Polônia

Redação Publicado em 12/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 15h44


Esquadros e compassos, gravuras, livros e álbuns antigos foram confiscados por oficiais alemães.

A imponente coleção de objetos maçônicos de Poznan, na Polônia, preserva seus tesouros, com seus esquadros e compassos, gravuras, livros e álbuns antigos, alguns com o carimbo do sinistro Heinrich Himmler, considerado o número dois do Terceiro Reich.

Ao longo de mais de um quilômetro de estantes estão guardados cerca de 80 mil volumes, muitos deles bastante antigos, e outros mais recentes, conservados na biblioteca da Universidade UAM de Poznan, no oeste polonês.

A coleção constitui “um dos maiores catálogos maçônicos da Europa, ou, inclusive, o mais importante, segundo alguns”, disse à AFP a responsável pelo acervo, Iuliana Grazynska.

“E ainda conserva alguns mistérios”, enfatizou Grazynska, que acaba de iniciar o registro de 89 caixas de papelão com arquivos reunidos pelos serviços de Himmler e que nunca foram classificados.

Livro foi confiscado por nazistas — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Livro foi confiscado por nazistas — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Confiscados na Europa

“Os nazistas detestavam a maçonaria” explicou à AFP Andrzej Karpowicz, que durante 30 anos foi responsável pela coleção de Poznan.

Karpowicz lembra que o nazismo foi “fruto de uma onda antielite e anti-intelectual”, e por isso, inevitavelmente, eles eram “antimaçons”.

Durante o Terceiro Reich, os nazistas fecharam lojas maçônicas ou provocaram sua dissolução, e confiscaram ou queimaram os acervos de suas bibliotecas.

Arquivos fazem parte do material confiscado por nazistas — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Arquivos fazem parte do material confiscado por nazistas — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Na medida em que o Exército alemão avançava, as coleções procedentes dos países conquistados enriqueciam as do Reichsführer-SS Heinrich Himmler, que incluía também arquivos relativos a judeus, jesuítas e bruxas, segundo Karpowicz.

Transportada para lugares mais protegidos dos bombardeios aliados, a coleção foi dividida em três partes principais, duas delas escondidas na Polônia, e a terceira na República Tcheca.

Em 1945, as autoridades polonesas apreendem uma parte em Slawa Slaska, no oeste do país, que tinha cerca de 150.000 volumes. O restante foi confiscado pelo Exército Vermelho da União Soviética.

Parte do tesouro confiscado por nazistas — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Parte do tesouro confiscado por nazistas — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Pérolas raras

A biblioteca de Poznan constituiu sua coleção maçônica em 1959, em pleno período comunista, mesmo quando o movimento maçom era proibido no país. A Polônia, no entanto, tinha uma velha tradição maçônica, e sua primeira loja foi fundada em 1721.

Entre os maçons mais importantes do país estão o último rei, Stanislas Augusto Poniatowski, o primeiro presidente Gabriel Narutowicz e o famoso pianista Ignacy Paderewski.

A maior parte da biblioteca está constituída por obras do século XIX e início do XX, principalmente em alemão, entre elas todas as enciclopédias maçônicas neste idioma, desenhos, gravuras, menus de comida e também os registros quase completos dos membros de lojas e oficinas, em um período que se estende até 1919.

Arquivo histórico maçônico da universidade de Poznan, na Polônia — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Arquivo histórico maçônico da universidade de Poznan, na Polônia — Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Segundo Grazynska, a coleção também inclui uma “edição original e raríssima” da primeira constituição maçônica, escrita por James Anderson e publicada em 1723. “É o orgulho de nossa coleção”, acrescentou.

O acervo está aberto para quem quiser estudá-lo ou se aprofundar nele. “É uma mina de informações na qual é possível se aprofundar livremente”, assegura Karpowicz.

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G1

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