Três países, 20 dias e mais de 1000 km sobre duas rodas. É tanta história para contar que o casal Osmar e Nádia Chor decidiu reunir as experiências e
Redação Publicado em 19/07/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h18
Três países, 20 dias e mais de 1000 km sobre duas rodas. É tanta história para contar que o casal Osmar e Nádia Chor decidiu reunir as experiências e dificuldades da viagem de bicicleta pelo interior da Europa em um livro, que já está à venda de forma online e física
A obra, que ganhou o título “Antes tarde do que mais tarde“, está sendo vendida online e ganhará lançamento oficial em algumas cidades do interior de São Paulo (veja as primeiras datas abaixo). O livro físico custa R$ 29,90. O e-book é vendido por R$ 24,90 e pode ser comprado pelo link.
Realizada entre agosto e setembro de 2017, a viagem pelas rotas Romântica e Via Cláudia Augusta (que cruzam Alemanha, Áustria e Itália), comemorou os 30 anos de casamento de Osmar e Nádia, que decidiram aderir ao ciclismo em busca de uma vida mais saudável.
O desafio começou bem antes das bicicletas tocarem as históricas estradas. Foram quase 10 meses de planejamento e preparação antes de começar a pedalar em uma cidade próxima a Frankfurt e seguiu para os Alpes, terminando em Veneza. O primeiro percurso foi a Rota Romântica, uma trilha que passa pelos principais castelos do Sul da Alemanha.
Na segunda parte da cicloviagem, o casal enfrentou a Via Cláudia Augusta, uma estrada construída pelos romanos no ano 15 a.C. para transportar mercadorias para as tropas militares durante a expansão do império pela Europa.
Além da grande quantidade de quilômetros para pedalar todos os dias, o casal viajou preparado para algumas dificuldades, como as subidas fortes na região dos Alpes e o calor intenso do fim do verão europeu, mas dois imprevistos acabaram atrapalhando o desempenho dos ciclistas.
O primeiro deles, segundo Osmar, foi a virada do tempo no ponto mais alto da viagem, entre Nauders, na Áustria, e Résia, na Itália.
– A temperatura, que estava em 30º C, despencou para 4, com chuva e vento, dando sensação térmica em torno de zero. Tivemos que comprar roupas de esportes de inverno para tentar manter a temperatura do corpo. Foi difícil pedalar naquelas condições – lembra.
Mas a pior parte da viagem foi o acidente que Nádia sofreu na chegada a Fussen, última cidade alemã do percurso. Apesar de ter sido uma queda simples e sem arranhões, a ciclista acabou rompendo o ligamento do dedão da mão esquerda – lesão que só foi descoberta quando o casal retornou ao Brasil e surgiu a necessidade de um procedimento cirúrgico.
– Lá fomos até um hospital, onde a mão dela foi imobilizada com a recomendação de ficar daquele jeito por pelo menos uma semana. Isso seria o fim da viagem, mas, três dias depois, a Nádia resolveu seguir viagem usando praticamente só a mão direita. Foi guerreira – conta o marido.
Para Nádia, a sensação de obstáculo superado é indescritível e única. Com a mão 100% curada, a atleta garante que já está pronta para outros desafios.
– Você não sabe do que é capaz até realizar o que achava ser inatingível. No primeiro momento, pensei em desistir, chorei e me culpei. Após conversarmos, refleti e decidi pedalar mesmo com dor e com movimentos limitados, pois não deixaria um acidente acabar com o nosso sonho. Sabia que teria que tratar ao retornar ao Brasil e foi a melhor coisa que fiz.
Pensada para representar uma mudança de vida aos atletas depois de 30 anos juntos, a viagem deixou uma sensação de dever cumprido e deu ao casal a oportunidade de conhecer diferentes pessoas ao longo do trajeto.
– Como sugere o nome do livro, sempre é tempo de se renovar, e quem se acomoda está morto. Precisávamos de um desafio para provar a nós mesmos que ainda somos capazes de nos superar. Pedalamos sozinhos, mas, quando parávamos para checar trajetos, principalmente na Alemanha, sempre surgiam homens e mulheres se oferecendo para ajudar, o que nos impressionou bastante.
Além disso, acredita Osmar, estar em outros países é importante para perceber que o Brasil também pode “dar certo”.
– Se lá as coisas funcionam, por que aqui tem que ser diferente? Mas não se pode apenas esperar das autoridades, o povo tem a sua parcela na organização das cidades, com educação e cidadania. Isso infelizmente ainda falta por aqui – completa.
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