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Após tentar sair do país de avião, presidente do Sri Lanka planeja fuga pelo mar

Gotabaya Rajapaksa se refugiou em uma base militar após manifestantes invadirem palácio presidencial no fim de semana, em protesto contra a pior crise econômica do país do sul da Ásia em 70 anos, desde que se tornou independente do Reino Unido

Multidão invade pallácio do presidente da Sri Lanca - Foto: REUTERS
Multidão invade pallácio do presidente da Sri Lanca - Foto: REUTERS

G1 Publicado em 12/07/2022, às 08h35


O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, avalia nesta terça-feira (12) a possibilidade de fugir do país em uma embarcação de patrulha da Marinha, um dia depois da tentativa frustrada de viajar de avião para Dubai.
Na segunda-feira (11), o presidente tentou sair do país mas travou uma disputa com o serviço de imigração do aeroporto e acabou barrado.

Gotabaya Rajapaksa prometeu que renunciaria na quarta-feira, dia 13, e abriria o caminho para uma "transição pacífica" após os grandes protestos contra seu governo devido à gestão da crise sem precedentes no país.
No fim de semana, o presidente de 73 anos fugiu da residência oficial em Colombo pouco antes da invasão do local por milhares de manifestantes.

Sri Lanka: entenda a crise que levou à invasão do palácio presidencial e à queda do governo
O chefe de Estado e sua esposa passaram a noite anterior à viagem que pretendiam fazer a Dubai em uma base militar, segundo fontes oficiais.

No aeroporto, porém, os funcionários do serviço de imigração negaram acesso à sala VIP para carimbar seu passaporte. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação dos cingaleses.
Como ainda não renunciou, Rajapaksa se beneficia da imunidade presidencial e pode utilizá-la para buscar refúgio no exterior. Seu irmão, Basil Rajapaksa, que pediu demissão em abril do cargo de ministro das Finanças, também não conseguiu embarcar no avião com destino a Dubai.
"Alguns passageiros protestaram contra o embarque de Basil em seu voo", afirmou à agência de notícias France Presse um funcionário do aeroporto. "Foi uma situação tensa e ele decidiu abandonar o aeroporto de forma precipitada".

Dinheiro em espécie

Basil, que tem dupla nacionalidade, precisou obter um novo passaporte depois que deixou o seu na mansão presidencial quando a família foi obrigada a fugir antes da invasão da multidão furiosa, afirmou uma fonte diplomática.
De acordo com fontes oficiais, na residência foram encontradas uma mala repleta de documentos e 17,85 milhões de rupias (cerca de R$ 262 mil), que foram entregues às autoridades.

O gabinete do presidente ainda não deu mais informações sobre o presidente, mas Rajapaksa permanece como o comandante em chefe, o que significa que pode recorrer aos militares. Esta possibilidade abre o caminho para que ele utilize um navio militar e siga até a Índia ou Maldivas, segundo uma fonte do ministério da Defesa.
Outra alternativa, acrescentou a fonte, seria fretar um avião para transportá-lo do segundo aeroporto internacional do país, em Mattala, inaugurado em 2013 e que recebeu o nome do irmão mais velho do presidente, Mahinda.
O local é considerado um elefante branco, sem voos internacionais regulares e provavelmente o aeroporto internacional menos utilizado do mundo.

Rajapaksa é acusado de fazer ua péssima gestão da economia, o que levou o país à beira do colapso e uma crise profunda por falta de divisas, o que torna impossível financiar as importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.
O Sri Lanka declarou moratória da dívida de US$ 51 bilhões em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo.
Além disso, o país quase esgotou suas reservas de combustível e o governo ordenou o fechamento das administrações não essenciais e das escolas para reduzir os deslocamentos.
Se Rajapaksa renunciar como prometeu, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe o substituirá até que o Parlamento escolha um presidente interino para o restante de seu mandato, que termina em novembro de 2024.

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