Gelo marinho da Antártida atingiu o nível mais baixo já registrado no inverno
Ana Rodrigues Publicado em 27/09/2023, às 08h36
Nesta segunda-feira (25), o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC), informou que o gelo marinho da Antártidaatingiu o nível mais baixo já registrado no inverno, desde que as medições começaram, há 44 anos. O recorde ocorreu em um momento que a superfície estava com seu tamanho máximo, gerando preocupações de que o impacto das mudanças climáticas esteja aumentando nessa região.
De acordo com matéria do UOL, o gelo marinho ao redor da Antártida geralmente derrete durante o verão, alcançando seu nível mais baixo em fevereiro e março, e durante o inverno, volta a se formar, com o pico de sua extensão sendo registrado por volta de setembro. No dia 10 de setembro, a cobertura atingiu o tamanho máximo registrado neste ano de 16,96 milhões de metros quadrados, ainda segundo o NSIDC.
Essa é de longe a menor máxima já registrada entre 1979 e 2023", informou o observatório americano.
E, isso representa 1,03 milhão de metros quadrados a menos do que o recorde negativo anterior, ocorrido em 1986, o equivalente ao dobro da área da França. O NSIDC ainda disse, que os números são preliminares e uma análise completa será divulgada no próximo mês.
Não é apenas um ano de quebra de recorde, é um ano de quebra de recordes extremos", destacou Walt Meier, pesquisador do NSIDC.
Em fevereiro deste ano, o gelo da Antártida também bateu seu recorde mínimo registrado, onde atingiu seu ponto mais baixo, com uma extensão de 1,79 milhão de metros quadrados, segundo o observatório americano.
Por muito tempo, inclusive décadas, a camada de gelo marinho na Antártida se manteve estável e chegou inclusive até a aumentar ligeiramente. Mas, segundo o NSIDC, desde agosto de 2016, a situação mudou e essa camada começou a encolher gradualmente.
O motivo da mudança tem sido um ponto de debater entre os cientistas. Alguns deles hesitam em estabelecer uma ligação formal com o aquecimento global, pois no passado modelos climáticos tiveram dificuldades em prever alterações no gelo marinho da Antártida. Agora, o observatório acredita que a mudança possa estar relacionada ao aquecimento dos oceanos, e provocado principalmente por emissões de gases do efeito estufa gerados pela ação humana.
Os pesquisadores alertam que essa mudança pode ter um grave repercussão para os animais que habitam a Antártida, como os pinguins, que se reproduzem e criam seus filhotes no gelo. Além de, acelerar o aquecimento global, ao reduzir a quantidade de luz solar refletida de volta para o espaço pelo gelo branco.
O derretimento de gelo não tem um impacto imediato no nível do mar, pois essa camada se forma com o congelamento de água salgada que já está no oceano. Porém, essa perda expõe ainda mais a costa da Antártida às ondas, o que pode desestabilizar a concha polar, que é composta de água doce e cujo derretimento causaria um aumento catastrófico do nível do mar.
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