por Marcelo Emerson
Publicado em 01/02/2024, às 07h30
As inovações tecnológicas estão prestes a por em descrédito alguns ditos populares. Quem é que não se sente obsoleto ao dizer “errar é humano” ou “ninguém é perfeito”?.
Na indústria musical vemos cada vez mais bandas que usam tecnologia que “corrige” erros humanos nos estúdios e nos palcos. Parte do público parece não se importar muito com playbacks em shows.
Dois dos maiores nomes da música pesada resistem aos modismos tecnológicos e às pretensões de perfeição. Iron Maiden e Metallica não têm escondido pequenos erros de performance em um ou outro show.
Em um dos shows do Iron Maiden, o guitarrista Adrian Smith se desentendeu com o baterista Nicko McBrain quando houve uma aparente e inesperada quebra de ritmo da música. Em outro show, o vocalista Bruce Dickinson volta a cantar fora do tempo num verso após os solos de guitarra.
O Metallica também deu suas atravessadas. A mais recente num show nos EUA quando o guitarrista Kirk Hammett se perdeu nos dedilhados no início da música “Nothing Else Mattes”.
Ambas as bandas têm dinheiro e estrutura para utilizar soluções tecnológicas que pudessem “evitar” tais falhas, mas não o fazem. Personalidades como as de Steve Harris (Iron Maiden), James Hetfield e Lars Ulrich (Metallica) -líderes em suas respectivas bandas - não admitem qualquer coisa que não seja a autenticidade e a franqueza.
Seus fãs sabem disso e prezam muito tal postura firme diante de um mundo tomado pelas ilusões e mentiras propagadas por redes sociais.
Steve Harris celebrou o povo celta, que foi extinto, mas não arredou pé de suas tradições, na música “Death of the Celts”: “Morrendo, um guerreiro celta não tem medo”. James Hetfield canta o desprezo que tem pelos que o criticam em “Wherever I May Roam: “Me chame do que você quiser”.
Metallica e Iron Maiden justificam sua liderança no cenário heavy metal com a postura autêntica tão cara a esse estilo musical. Jogando limpo com seus fãs, errando e não fingindo, eles reforçam sua condição humana e podem servir de importante exemplo para quem está enfeitiçado pelos encantos do “sucesso de rede social”.
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