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Crônicas do Léo Dias

Parece que estamos vivendo um filme de terror. Esse dias de quarentena vão ficar pra sempre na nossa memória. Em 20, 30 anos, vamos lembrar que em 2020 o país

Crônicas do Léo Dias
Crônicas do Léo Dias

Redação Publicado em 26/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h48


E quando tudo voltar ao “normal”

Parece que estamos vivendo um filme de terror. Esse dias de quarentena vão ficar pra sempre na nossa memória. Em 20, 30 anos, vamos lembrar que em 2020 o país parou. Literalmente. O que se vê hoje pelas ruas do país não se viu nunca nada igual. Só que a gente ainda não tem a noção real dos danos à nossa economia. Porque não serão apenas esses dias de quarentena. Na volta, a vida não voltará ao normal como a volta de um feriadão. As escolas permanecerão fechadas por três meses. Recuperar esse tempo vai ser uma loucura para pais e alunos. E algumas indústrias serão afetadas ao longo de todo o ano. O entretenimento, por exemplo, eu vislumbro um ano tenebroso.

Boates, casas de espetáculos e os shows, em si, demorarão bastante tempo para restabelecerem o mesmo ritmo. Acredita-se que só em junho as casas reabrirão. Mas, e quando reabrirem? Teremos público com dinheiro para consumir ? Teremos pessoas dispostas a ficarem perto umas das outras. Eu percebo atualmente um medo do outro, do risco que o outro pode trazer. O contato entre seres humanos vai demorar a ser como era antes. Tenha certeza disso. Como é que você vai querer juntar um bando de gente desconhecida umas das outras para assistir a um show? para frequentar uma boate?

O brasileiro vai voltar estranho dessa quarentena. Pode soar estranho o que eu vou falar: mas eu tenho mais medo dos danos à economia do que do próprio vírus em si. Eu tenho mais receio da pobreza, da falta de empregos e do crescimento da criminalidade do que propriamente do Corona Vírus. A violência no Brasil mata muito mais que qualquer doença por aqui. E um dos fatores que afetam os índices de criminalidade são os números da economia.

Eu vislumbro dias tenebrosos para nosso país, quando tudo voltar ao “normal”. Aspas, sim. Normal entre aspas. Porque, sinceramente, nunca mais viveremos como d’antes. Usei essa expressão de séculos atrás para mostrar que estamos vivendo uma ruptura. Um momento em que a nossa história vai ser dividida entre o antes e o depois do Corona. Nunca mais seremos os mesmos, nunca mais agiremos como antes, nunca mais viveremos como há pouco tempo. Você pode estar me achando alarmista, mas não! As relações interpessoais e a maneira de lidar com o outro vai mudar. Já mudou. E, se bobear, a gente nem percebeu isso direito.

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