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COLUNA

Sobre o Equador e os desafios de Lewandovski

Ricardo Lewandowski - Imagem: Reprodução | Brenno Carvalho/O Globo
Ricardo Lewandowski - Imagem: Reprodução | Brenno Carvalho/O Globo
Kleber Carrilho

por Kleber Carrilho

Publicado em 13/01/2024, às 08h24


Se você acha que o Equador é muito diferente do Brasil e o que está acontecendo lá dificilmente ocorreria no nosso país, sinto informar que muito possivelmente você está errado. Isso porque os mesmos interesses econômicos que tomaram o país andino de assalto estão presentes no Brasil. Interesses que vão muito além do comércio ilegal de drogas.

E, por mais que a forma que aparece no noticiário seja de terroristas, traficantes, bandidos ou o nome que se queira dar, na verdade esses são grupos extremamente organizados, com participação em muitos espaços de poder, tanto institucionais quanto informais. Por isso, não pense que somente as comunidades têm a presença desses estruturas. Parlamentos e governos também podem ter nomes ligados a elas.

Dos mais de cinco mil municípios do Brasil, quantos você acha que têm nas cadeiras do Executivo pessoas ligadas aos grupos que a imprensa chama de “organizações criminosas” ou “facções”? E comandando os Estados?

Portanto, é hora de entender que o novo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, precisa olhar para o Equador percebendo que o que está acontecendo lá pode ser apenas um ensaio do que pode vir para o Brasil. E, mesmo sabendo desse problema iminente, o governo Lula ainda não tomou medidas claras para evitar o aumento da influência desses grupos.

Para quem acha que essa ameaça não é tão séria, é só lembrar o que houve há alguns anos no Estado de São Paulo, quando a organização paulista mais importante ameaçou o poder formal, conseguiu aumentar a sua presença e manter os seus interesses.

Quando olhamos para o Rio de Janeiro, da mesma forma, é muito difícil achar que o Estado ainda tem poder sobre diversas áreas. E, quando tem alguma presença, é porque a própria organização estatal já pertence a quem obedece o comando dos grupos criminosos.

Agora, muito do que era possível fazer para evitar o controle já não pode mais ser realizado. Diminuir os danos, aumentar a presença do Estado e tentar afastar os que já dominaram a burocracia, principalmente na Segurança Pública, são as medidas necessárias.

Como fazer isso o mais rapidamente possível sem que a violência generalizada beirando uma guerra civil seja a resposta, como no Equador, é o grande desafio. E o presidente sabe que, se não agir da melhor forma agora, a resposta em 2026 vai ser pesada.

Lewandowski, portanto, sai da aposentadoria (ou do escritório milionário) para uma missão complexa, que torço muito para que consiga ter sucesso. Senão, daqui a pouco, o país estará sequestrado.

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