Diário de São Paulo
Siga-nos

Titular contra o Santos, goleiro do Sport lembra quando vendia óculos e amendoim no litoral

Mailson cresceu no município de Girau do Ponciano, em um sítio no Agreste de Alagoas, e só começou no futebol do Sport aos 17 anos de idade. Agora, como

GOLEIRO
GOLEIRO

Redação Publicado em 30/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h37


Natural de Girau do Ponciano, no Agreste de Alagoas, Mailson conta sobre viagem às praias de São Paulo ao lado do irmão mais velho; atleta enfrenta Peixe às 20h30 desta quarta-feira

Mailson cresceu no município de Girau do Ponciano, em um sítio no Agreste de Alagoas, e só começou no futebol do Sport aos 17 anos de idade. Agora, como titular do Sport e prestes a enfrentar o Santos, ele reencontra uma das cidades em que tentou a vida antes do esporte. Antes do duelo desta quarta-feira, o goleiro lembra o período em que vendia óculos e amendoim ao lado do irmão no litoral paulista.

– Eu não imaginava um dia ser goleiro. Passa um filme na cabeça, porque um dia você sai de Alagoas com um sonho de ser alguém na vida e eu fui para São Paulo pensando nisso. Vamos trabalhar para comprar umas coisas, mas vi que não era a realidade e acabei voltando. Porque é como se fosse uma caça. Você não sabe se vai ganhar, não sabe o que vai acontecer.

Aos 8 min do 2º tempo - defesa de Mailson, do Sport, contra o Corinthians

Aos 8 min do 2º tempo – defesa de Mailson, do Sport, contra o Corinthians

Mais novo de sete irmãos, Mailson trabalhou na roça no sítio da família, em Alagoas. Aos 16 anos, largou a escola e viajou para São Paulo com o irmão mais velho, Maurício. Eles alugavam uma casa no litoral e compravam os óculos na Rua 25 de Março para vender em Santos e Praia Grande.

– Na minha cidade, você tem que correr atrás do sustento, e lá é a roça. Então, vínhamos para São Paulo, passar três meses, que era o tempo de praia lotada. A segurança era muito pesada. Quando vinha a fiscalização, como não tínhamos licença, a única saída era a praia. A gente pegava a prancha e ia até um certo ponto fundo, e eles de calça e sapato não queriam chegar. Tinha que ganhar o pão.

Mailson em treino pelo Sport — Foto: Anderson Stevens / Sport Club do Recife

Mailson em treino pelo Sport — Foto: Anderson Stevens / Sport Club do Recife

Maílson caminhava pelo menos 10 km por dia entre as praias, carregando a prancha com os óculos e uma mochila nas costas. Depois dos acessórios, inclusive, ainda chegou a vender amendoim.

– Eu comecei com óculos, só que depois vi que não estava tendo muito lucro. E fui para pururuca, que é amendoim. Só que amendoim você tem que ser mais desenrolado, chegar: “Olha a pururuca, olha o amendoim, vem cá meu chefe”. O óculos não, você grita e quem quiser, chega. Eu era tímido, mas vai saindo a timidez.

Aos 32 do 1º tempo - drible de Mailson, do Sport

Aos 32 do 1º tempo – drible de Mailson, do Sport

Só que a viagem não deu certo. Mailson conta que comprou um videogame, pagou comida e aluguel, e precisou da ajuda da mãe para voltar para Alagoas. Um ano depois, no entanto, chamou a atenção de um olheiro e ganhou a vaga na escolinha do Sport. Agora, está em Santos mais uma vez, mas como profissional pelo Rubro-negro.

– É um tempo que serviu muito para minha carreira. É ir aprendendo com a vida. Estou colhendo bons frutos. Minha família está feliz. É um prazer olhar nos olhos dos meus pais e ver que tudo que fizeram não foi em vão.

Família de Mailson em frente à casa de taipa — Foto: Daniel Gomes

Família de Mailson em frente à casa de taipa — Foto: Daniel Gomes

.

.

.

Fontes: Ge – Globo Esporte.

Compartilhe