Diário de São Paulo
Siga-nos

Presidente deixa títulos para trás, se debruça sobre erros e assume culpa por queda do Grêmio

São 19 dias a separar a quinta-feira que ficou marcada pelo terceiro rebaixamento do Grêmio e esta terça. Dias de pouco sono e muita tristeza para o

Presidente deixa títulos para trás, se debruça sobre erros e assume culpa por queda do Grêmio
Presidente deixa títulos para trás, se debruça sobre erros e assume culpa por queda do Grêmio

Redação Publicado em 28/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h31


São 19 dias a separar a quinta-feira que ficou marcada pelo terceiro rebaixamento do Grêmio e esta terça. Dias de pouco sono e muita tristeza para o presidente Romildo Bolzan Júnior. Em entrevista exclusiva ao ge e à RBS TV, não foge à responsabilidade pela queda para a Série B, assume os erros de 2021 e adianta o trabalho que vem pela frente para recolocar o clube na primeira divisão.

Na conversa, Bolzan passa pelos equívocos que geraram o rebaixamento até a continuidade de Vagner Mancini no comando para o próximo ano. Mesmo com títulos da Copa do Brasil, Libertadores e Recopa no currículo, se vê lembrado mesmo devido ao fracasso de 2021.

Quem registra bem a história, pode registrar as duas coisas. Mas hoje meu sentimento é que vou ser lembrado como o presidente do terceiro rebaixamento.
— Romildo Bolzan ao ge

Confira os principais trechos da entrevista:

Teve tempo para refletir desde a última rodada do Brasileirão e buscar diagnóstico sobre os motivos da queda?

Claro que sim, a gente já tem uma noção. Basicamente, é uma situação que estávamos disputando uma final de Copa do Brasil, não tivemos nenhum sistema de preparação prévia de consequência do ano. Montamos o elenco em cima disso, fomos jogar rapidamente a Pré-Libertadores, a Sul-Americana, trocamos o corpo técnico. Saiu o Renato. Jogadores que estavam chegando como Rafinha, Douglas Costa, enfim. Foi um processo muito rápido no sentido de dar continuidade. O próprio treinador que veio, Tiago Nunes, teve Covid. Depois do Gaúcho, tivemos uma série de situações dessa natureza, que de certa forma deu uma desestruturada na nossa preparação do ponto de vista físico e técnico.

Tivemos uma transição que montamos no início do ano, e veio com muitos jovens. Eles ficaram por ali, acabaram tendo que jogar em função dessas situações técnicas. No início do Brasileiro, o Tiago perdeu aquelas partidas. Sai o Tiago, vem o Felipão. Depois veio o Mancini. Todo esse conjunto de situações que não deu liga no futebol, no grupo, em tudo, não deu o resultado final de permanência na Série A.

Faria algo diferente?

Poderia ter feito, mas não cabe aqui. Se eu disser alguma coisa nesse sentido, vou polemizar uma situação que poderia justificar algumas coisas, mas poderia comprometer outra. Não estou disposto mais a este tipo de coisa. Já paguei toda minha conta, já estou por baixo, no fundo do poço e agora estou no momento de amargura. Na verdade, tenho que trabalhar intensamente para um contexto de recuperação de elenco, sabendo que algumas coisas poderiam não ter acontecido e aconteceram em 2021. Que não se repita em 2022.

Como o presidente tão vitorioso lida com uma queda como esta?

Me confesso muito abatido, muito entristecido, meu sono tem sido muito leve. Me acordo com dor, amargurado, angustiado. Porque coloco em mim a responsabilidade de tudo isso. Aliás, foi durante o ano, quando as coisas não estavam dando certo, foi de uma condição de muita dificuldade emocional de enfrentamento, mas enfrentando, fazendo o que tinha que fazer. Aquele momento já passou, o segundo momento está vindo e o terceiro vem logo na reconstrução do que temos que fazer, com um conceito muito claro de jogadores que temos que trazer, daquelas posições que estamos carentes. Dar ao treinador um plantel que lhe atenda a necessidade de um time competitivo. Não apenas para voltar. Também para disputar o Gauchão, a Copa do Brasil, ser aquilo que efetivamente significa a capacidade de competir do Grêmio.

Presidente Romildo Bolzan Jr. anunciou renovação com Renato pouco antes de sua saída — Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio
Presidente Romildo Bolzan Jr. anunciou renovação com Renato pouco antes de sua saída — Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Se falou que o Renato tinha um poder muito grande no clube. Como enxerga a saída dele, principalmente naquele momento?

Não paramos nunca de jogar. O declínio técnico que o time tinha no próprio Brasileiro, naquelas últimas cinco partidas perdidas… Depois a nossa fragilidade de enfrentamento contra o Palmeiras e Independiente Del Valle. Tudo isso acabou desgastando aquilo que já vinha sendo desgastado. Foi uma avaliação que fizemos e também do próprio Renato. Eram quase cinco anos de convivência. Às vezes gera ambientes que ficam um tanto acostumados com poucas reações, no modo de fazer as coisas. Então, é natural que tenha sua ruptura. E teve. Certo ou errado, teve. Mas naquele momento era o que tinha que ser feito.

Mantenho uma relação excepcional com ele até os dias de hoje. Permanecemos com uma boa amizade, mas são processos que acontecem. Cada um fica com as suas memórias. A memória dele no clube é de um treinador vitorioso. A nossa memória foi de um presidente que tirou 15 anos da fila, depois outro título, fizemos aquele processo. O que aconteceu agora eu não vou tratar como acidente. Vou tratar como uma situação que não deveria ter acontecido, mas aconteceu. E vou tratar com as devidas situações para corrigi-la.

Daqui a 10, 15, 20 anos, você acha que vai ser lembrado como o presidente das conquistas ou do rebaixamento?

Quem registra bem a história, pode registrar as duas coisas. Mas hoje meu sentimento é que vou ser lembrado como o presidente do terceiro rebaixamento.

Como o senhor enxerga a permanência do Douglas Costa no clube? Conversa com ele?

Não conversei ainda, e temos contrato em vigor. Se ele não tiver situação de algum outro negócio que possa trazer para nós, vai permanecer no clube. É assim que funciona. A única coisa que talvez tivéssemos que fazer é uma adaptação nos fluxos de pagamento dele. Isso é natural. Todos vão sofrer esse tipo de abordagem, para se readaptar. Vamos levar ainda uns dois meses para fazer todo esse ajustamento interno.

.
.
.
.
GE
Compartilhe  

últimas notícias