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Presidente avisa que Retrô vai atacar o Corinthians e aponta Timão como maior parceiro

O Retrô até aceita o papel de azarão no duelo contra o Corinthians, nesta sexta-feira, às 21h30 (de Brasília), pela segunda fase da Copa do Brasil, mas nem

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Redação Publicado em 25/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h40


Conheça a história do time pernambucano, adversário dos paulistas pela Copa do Brasil

O Retrô até aceita o papel de azarão no duelo contra o Corinthians, nesta sexta-feira, às 21h30 (de Brasília), pela segunda fase da Copa do Brasil, mas nem por isso irá jogar retrancado ou “por uma bola”, como se diz no jargão do futebol. Quem garante é Laércio Guerra, presidente do clube pernambucano, que avisa que sua equipe irá para cima do Timão no duelo que será disputado em Saquarema, no Rio de Janeiro.

– Vai ser um jogo interessante. Se ganharmos, vai ser jogando. Temos um lema aqui que é: perca jogando, mas não ganhe se defendendo. Temos por proposição fazer um jogo bonito. Se a gente ganhar, o futebol e o momento que vão falar, mas nunca vamos jogar por uma bola ou retrancado, independente do adversário. A gente pode fazer um jogo para levar cinco ou seis, mas também para marcar um ou dois – disse o dirigente, em entrevista ao podcast GE Corinthians.

O Retrô foi fundado por Laércio Guerra em 2016 e, apesar de jovem, tem uma estrutura de fazer inveja a alguns gigantes do futebol brasileiro.

Localizado em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, o clube aposta na formação de jogadores e, para isso, montou um centro de treinamento com dez campos, hotel com 64 quartos, centro de convenções para mil pessoas e todo um aparato que custou mais de R$ 35 milhões. Recentemente, a seleção brasileira sub-18 utilizou o espaço para um período de treinamentos.

Curiosamente, o Timão foi um dos primeiros a descobrir o Retrô, como conta o presidente do clube:

– Para a gente é um prazer jogar contra o Corinthians. Eu digo sempre que o Corinthians é, se não o maior, um dos maiores parceiros do Retrô. Foi o primeiro clube no Brasil que descobriu o Retrô, antes mesmo de a gente começar o trabalho de base, o Corinthians mandou emissários aqui para conhecer o projeto, para tentar captar atletas. Para a gente vai ser um prazer, uma honra jogar contra o Corinthians – afirmou Laércio Guerra.

Centro de Treinamento do Retrô — Foto: Divulgação

Centro de Treinamento do Retrô — Foto: Divulgação

Nesta entrevista, o presidente do Retrô conta qual é a folha salarial do elenco, detalha a relação com o Corinthians e fala sobre a continuidade do futebol em meio ao pior momento da pandemia de coronavírus. Confira abaixo em texto e podcast:

ge: Como surgiu o Retrô e quais são seus objetivos com o clube?
– Sou ex-torcedor e ex-dirigente do Sport, e tem muito papagaio de pirata e picareta por aí dizendo que isso veio do Sport. Não tem nada a ver. Eu sou empresário da área de educação, tenho alguns negócios em outras áreas, de construção, e sempre tive o sonho de montar um projeto social. O Retrô vem como um projeto social, que montei cinco anos atrás, e aí o negócio foi tomando vulto, crescendo. Gosto de fazer coisas com uma qualidade grande. Eu tinha uma área de 16 hectares, que são 160 mil metros quadrados, onde eu ia fazer um condomínio, na região metropolitana de Recife. Aí me envolvi com o futebol, gostei e fiz o maior centro de treinamento hoje do Nordeste. Também entendendo que é uma oportunidade de mercado. O futebol brasileiro tem carência na formação de atletas, principalmente aqui no Nordeste. Montamos o maior centro de treinamento de categorias de base do Brasil, um investimento de mais de R$ 40 milhões, e todos os recursos vieram dos meus negócios, principalmente da universidade que tenho, aí a gente aliou projeto social, universidade e o que eu gosto, que é futebol, e montamos o Retrô, que em três anos tem feito uma história bonita no campeonato local e, agora, na Copa do Brasil.

Detalhe como é a estrutura do Retrô.
– O Retrô tem hoje dez campos de futebol, um alojamento para 450 a 500 atletas. Temos hoje por volta de 432 atletas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste alojados aqui e um sistema de captação de atletas em todas essas regiões. Temos uma estrutura que posso caracterizar como estrutura de clube europeu. Além do alojamento, temos um hotel com 64 quartos, dez laboratórios na área de odontologia, fisioterapia, um negócio gigante para um clube pequeno na história, mas que pretende fazer muitas coisas no futebol brasileiro.

Você mencionou a parceria do Corinthians. Fale mais sobre isso.
– Hoje temos quatro atletas que foram formados aqui que fazem parte da base do Corinthians, acredito que em breve vamos fornecer mais atletas para o futebol brasileiro e também para o Corinthians, que hoje é nosso maior parceiro no clube. É o clube que a gente mais cede atletas para a base.

Retrô eliminou o Brusque na primeira fase da Copa do Brasil — Foto: Joedson Moura / Retrô FC

Retrô eliminou o Brusque na primeira fase da Copa do Brasil — Foto: Joedson Moura / Retrô FC

Quais são estes jogadores?
– Como eu tenho muitos, talvez me esqueça de alguns. Tem o Paulistinha, que está no primeiro ano de sub-20. O Vinicius Tabica, que também está no sub-17, e o Arlan, um extremo que já está há um ano, um ano e meio no Corinthians. E outras possibilidades que estamos conversando com o Fernando Yamada, coordenador da base do Corinthians. Vale ressaltar que o Corinthians foi o primeiro clube a descobrir o Retrô e fazer um projeto com a gente.

Quanto o Retrô gasta mensalmente para manter o elenco profissional?
– A nossa folha salarial hoje é em torno de R$ 250 mil a R$ 300 mil e tem muito atleta da região e atleta da base. Imagino que a folha do Corinthians seja umas 30 vezes mais do que isso, mas futebol não é só recurso, não, é bola no campo.

– Eu estou achando que a gente vai ganhar, hein? Tenho o maior respeito pelo Corinthians, e se a gente perder para o Corinthians eu vou ficar feliz porque é o Corinthians, mas vou jogar para ganhar.

Não precisa entregar todas as armas para o Vagner Mancini, técnico do Corinthians, mas conte alguns dos pontos fortes do Retrô e quais são os destaques do time.
– Na verdade, a gente tem um elenco muito linear. Como proposta, damos mais importância ao conjunto do que à individualidade. A gente não tem um atleta específico que eu posso colocar, mas digo para ficar atento a todos. Temos um bom elenco da região, atletas que conseguimos captar por meio do nosso sistema de captação.

E em todas as categorias a prioridade é jogar um futebol ofensivo?
– Eu prefiro perder o jogo jogando bem do que ganhar jogando mal. No último campeonato sub-17 daqui, fizemos sete partidas, ganhamos sete jogos e, no sexto jogo, ganhamos de 7 a 0 e demitimos o treinador. Apesar de ter ganho de 7 a 0, a gente não tinha colocado o jogo bonito da gente, o jogo apoiado… O clube tem uma proposição e a gente quer isso. O futebol é entretenimento e espetáculo.

O que acha da continuidade do futebol no pior momento da pandemia de coronavírus?
– Quero ratificar e apoiar em 100% a decisão do presidente da CBF, Rogério Caboclo, pois sou desses que são a favor de que o futebol não pode parar. Principalmente aqui no Nordeste a gente tem uma ideia clara do que chamamos de “futebol raiz”, tem muita gente que depende do futebol. Eu estou no futebol há três anos em clube profissional, tenho negócios em outras áreas, e posso garantir para vocês que, dos negócios que tenho, o futebol é o mais seguro para trabalhar. Gostaria, antes de mais nada, apoiar o presidente da CBF, que está lutando para manter o futebol brasileiro. Se o futebol parar, para muita gente de trabalhar e tem muita gente precisando disso.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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