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Opinião: guerreiro imortal, Nadal é o Highlander do saibro

A regra é essa, e vale para quase tudo, menos para Rafael Nadal, que a cada torneio consegue voltar a ser feliz no saibro. Mais uma vez o espanhol provou que,

Highlander
Highlander

Redação Publicado em 26/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h53


Campeão do ATP 500 de Barcelona pela 12ª vez subverte a lógica e vai viver para sempre

O cantor português Rui Veloso é o autor da frase: “Jamais volte ao lugar onde você foi feliz”, uma ideia que muitos outros pensadores já manifestaram do seu jeito. “Um homem jamais se banha duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez o rio já não é o mesmo nem tampouco o homem”, diria Heráclito de Éfeso. Ou “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”, para citar um mais recente, Lulu Santos.

Eles estão aí, desde a Grécia antiga te avisando que essa história de voltar ao passado não dá certo. Aquilo que você curtiu está preso dentro de um contexto, um momento que não vai voltar. Foi legal na hora, quando você tinha aquela idade, com aquela cabeça e outras referências. Hoje vivemos uma onda de reboots, seja de filmes da Disney ou mesmo de desenhos da década de 90, como os Cavaleiros do Zodíaco. Todos meio fracos, no máximo você ai que assistiu saiu com aquele sorriso amarelo de quem quer mais é se convencer de que gostou do que na verdade foi bem mais ou menos.

A regra é essa, e vale para quase tudo, menos para Rafael Nadal, que a cada torneio consegue voltar a ser feliz no saibro. Mais uma vez o espanhol provou que, tal qual um Highlander, o guerreiro imortal Connor MacLeod vivido por Christopher Lambert, sobreviveu outra vez para seguir com sua lenda. E não foi fácil, na estreia perdeu o primeiro set para o desconhecido Llya Ivashka na quadra Rafa Nadal. Isso mesmo, a quadra principal do ATP 500 de Barcelona tem o nome dele. Enfrentou dificuldades com o saque durante quase todo o torneio. Nas quartas, depois de vencer o britânico Cameron Norrie, antes mesmo de falar com o adversário na rede, Nadal já avisou para a equipe que iria direto para a quadra 2 treinar mais um pouco.

O comprometimento e obsessão do espanhol por melhorar cada vez mais é realmente admirável. Mas vamos combinar, deve ser difícil fazer parte da equipe do Touro Miúra. Só que também é isso que faz dele o campeão que é, e parte do fascínio das conquistas de Nadal é também a vitória contra o tempo e a esperança de, como o personagem do filme, ser um guerreiro eternamente jovem que vence seus adversários ao longo das gerações. O filme e Nadal nasceram no mesmo ano, 1986. E assim como no clássico da década de 80, no final de cada torneio de tênis só pode haver um.

A final de 3 horas e 38 minutos contra o grego Stefanos Tsitsipas foi memorável, com direito a todas as emoções. De perder match points e salvar também com um backhand que triscou a rede, inesquecível 6/4, 6/7(6) e 7/5.

O espanhol manteve a marca imbatível em finais no ATP de Barcelona, 12 decisões e 12 taças. A lenda de Rafael Nadal vai viver para sempre e, por favor, não façam um reboot de Highlander!

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Fonte: Ge

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