O início da consolidação do Brasil como um país multivencedor de medalhas em uma mesma edição das Olimpíadas se deu em um cenário conturbado – e que, na
Redação Publicado em 01/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h21
O início da consolidação do Brasil como um país multivencedor de medalhas em uma mesma edição das Olimpíadas se deu em um cenário conturbado – e que, na verdade, nos beneficiou. Nos Jogos de Moscou, em 1980, o nível de competição foi abalado pelo boicote liderado pelos Estados Unidos e que fez com que 61 nações não mandassem representantes para a União Soviética.
‘O Caminho das Medalhas’: anos 1980 e 1990 tem conquistas marcantes nos Jogos Olímpicos
A ausência norte-americana gerou uma pulverização de medalhas que alcançou a delegação brasileira, formada por 109 atletas (das quais apenas 15 mulheres).
– Eu acho que tudo começou bem naquela época. A nossa aproximação [com a elite olímpica] foi razoável a partir deste momento dos Jogos de Moscou. Houve uma facilidade, né? Porque houve o boicote e nós tivemos então a possibilidade de competir e ganhar algumas medalhas – afirmou o historiador Lamartine da Costa.
O Brasil deixou a capital soviética com quatro pódios: dois ouros na vela (Marcos Soares e Eduardo Penido, na classe 470, e Lars Bjorkstrom e Alexandre Welter, na Tornado) e dois bronzes (um com João do Pulo, no salto triplo, e outro com o revezamento 4x200m livre, na natação).
João do Paulo Atletismo Moscou 1980 — Foto: ABC Photo Archives/Getty Images
Foi a primeira vez que o país teve dois ouros em uma mesma edição. João do Pulo repetiu o mesmo lugar de Montreal 1976 e a natação voltou a ter medalhistas depois de 20 anos.
– Todos pensaram “ah, o Brasil já está fora”, Mas não, a gente chegou ali e pegou terceirão – afirmou Ciro Delgado, um dos integrantes daquele revezamento 4x200m livre.
A campanha em Moscou abriu caminho para uma escalada do país nas medalhas. Em Los Angeles 1984, a União Soviética e vários países do bloco devolveram o boicote, e o Brasil fez as melhores Olimpíadas de sua história.
Foram, ao todo, 15 os pódios conquistados pelos 151 atletas nacionais. O destaque foi o ouro de Joaquim Cruz nos 800m, o primeiro de um representante do atletismo desde o bicampeonato de Adhemar Ferreira da Silva em Melbourne 1956.
Joaquim Cruz com o ouro nas Olimpíadas de Los Angeles 1984 — Foto: Trevor Jones/Allsport/Getty Images
Mas, para outros esportes, a edição na Califórnia também teve um peso importante. O judô, que até então tinha apenas o bronze de Chiaki Ishii de Munique 1972, conseguiu logo três: uma prata de Douglas Vieira e os bronzes de Luiz Onmura e Walter Carmona.
Foi em Los Angeles 1984 também que o judô brasileiro engrenou: desde então conquistou ao menos uma medalha em todos os jogos seguintes.
A natação voltou a um pódio olímpico, com Ricardo Prado (prata nos 400m medley). E foi justamente uma medalha de prata que mudou os rumos de um esporte que rapidamente se tornaria paixão nacional: o vôlei.
A geração de prata, com Renan, Montanaro e Bernard, só parou na final contra os Estados Unidos mas criou um ciclo virtuoso que rendeu inúmeros pódios nos Jogos vindouros, na quadra e na praia.
Jogadores da geração de prata, em Los Angeles 1984 — Foto: Anibal Philot / Agência OGlobo
Não parou por ali. O público brasileiro ainda estava se acostumando com mais modalidades olímpicas, e a seleção de futebol àquela altura já era tri mundial. Mas jamais subira ao pódio do megaevento.
– Era pesado porque o Brasil não tinha conquistado uma medalha ainda, era a única coisa que estava faltando. Então na verdade nós vivemos um sonho que a gente não sonhou – comentou o ex-goleiro Gilmar Rinaldi, que era integrante daquele time vice-campeão.
Detalhe é que o time de 1984 foi formado em apenas 15 dias, basicamente com o elenco do Internacional e alguns reforços.
– Lembro que tinha crítica danada, a torcida pegando no pé atrás do gol falando que a gente ia passar vergonha, ia fazer o Brasil passar vergonha na Olimpíada. E aí de noite no jantar eu tive uma reunião, falei sobre isso. Disse: “Olha, para eles, para alguns, pode ser que a gente vá fazer o Brasil passar vergonha, mas pra nós é a grande oportunidade da nossa vida. Nós vamos ter um palco que jamais pensamos. Então, quer saber? Nós vamos trazer uma medalha” – recordou Rinaldi.
Seleção brasileira nas Olimpíadas de Seul 1988 — Foto: Reprodução/TV Globo
Várias das medalhas conquistadas em Los Angeles foram, de certa forma, “repetidas” quatro anos mais tarde, em Seul 1988.
O futebol voltou a ser prata, com uma seleção mais “planejada” e que tinha, entre outros, Taffarel e Romário.
O judô voltou ao pódio, mas dessa vez com um ouro inédito. Fruto do talento de Aurélio Miguel. Joaquim Cruz de novo brilhou nos 800m, mas levou a prata. Robson Caetano foi outro a medalhar no atletismo, mas nos 200m rasos.
Curiosamente, aquela euforia olímpica teve um recuo em Barcelona 1992, de onde o Brasil saiu com apenas três medalhas. Mais um ouro no judô, com Rogério Sampaio, a prata de Gustavo Borges nos 100m livre e a inesquecível conquista do ouro no vôlei masculino.
Que, segundo um dos ícones daquela seleção, havia começado oito anos antes, com a geração de prata de Los Angeles.
– O voleibol é o que é hoje graças, lógico, ao início da geração de prata. O voleibol acabou se tornando essa potência que é até hoje – disse Marcelo Negrão.
Foi em 1992 que nasceu o país do voleibol.
Marcelo Negrão anos 1990 — Foto: Divulgação
– Aonde o vôlei ia, era lotado. De invadirem a pista do avião. Quando o avião tocava o solo, a torcida invadir. Cara, eu nunca vi isso! Virou uma febre, todo mundo jogando voleibol. O mundo inteiro de olho na seleção brasileira, enfim, e tudo isso por causa da medalha – complementou.
E justamente o vôlei prenunciou algo que se tornaria comum a partir de Atlanta, em 1996: vermos mulheres no pódio.
Naquela Barcelona de 1992, a seleção feminina bateu na trave e terminou na quarta posição. O time mudaria a maré e subiria quatro vezes ao pódio olímpico nas seis Olimpíadas seguintes.
Isso somente na quadra, porque nas areias as mulheres brasileiras também fariam história.
– Quem fez o caminho olímpico feminino foram as próprias atletas – disse Lamartine da Costa.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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