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Lutadora admite cabeçadas, garante que não foi por maldade, mas rebate causa de fratura

Depois de preferir não se pronunciar logo após a luta com Laura Fontoura, a lutadora amazonense Rayla Nascimento decidiu falar sobre o ocorrido no último dia

LUTADOR
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Redação Publicado em 01/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h00


Rayla Nascimento diz que foi tratada “como se fosse bandida” depois que vídeo de cabeçadas em Laura Fontoura viralizou, mas questiona: “Não tinha como ocasionar fratura” no maxilar

Depois de preferir não se pronunciar logo após a luta com Laura Fontoura, a lutadora amazonense Rayla Nascimento decidiu falar sobre o ocorrido no último dia 19, no card do evento nacional “Lutador Internacional MMA (LMI)”. Ela foi acusada pela adversária de desferir cabeçadas logo no início da luta, e admitiu o erro à reportagem do Combate, mas Rayla faz ponderações. Primeiro, alega que foram duas cabeçadas, e não oito, e garante que não foram essas cabeçadas que causaram a lesão no maxilar.

– Fui ali para fazer meu trabalho. Esse tipo de coisa nunca aconteceu comigo. Já pensei e não consigo entender, mas uma coisa te falo: não foi por maldade, não foi para querer machucar ela, apenas aconteceu (…). Foram me acusando como se tivesse feito aquilo por pura maldade, como se fosse uma bandida. Como se eu tivesse cometido um crime.

Na luta, combinada num peso de até 60kg, a polêmica surgiu já nos primeiros minutos. Laura puxou Rayla para a guarda para tentar atacar no armlock. A rival abraçou a cintura de Laura e ficou com os braços travados. Foi aí que vieram as cabeçadas.

– Travei o quadril dela e depois fiz postura, e soltei uns quatro golpes de cima para baixo com a mão esquerda. Luto na base de quem é direito, mas uso minha mão esquerda. Acho que no terceiro (golpe) abri o supercílio dela. Voltei, pesei de novo, travei o quadril dela, e ouvi o meu córner: “você já abriu ela, mantém aí”. Na adrenalina, desferi uma cabeçada, e nisso ela estava grampeando os meus dois braços. O árbitro não fez nada, e na adrenalina, fiquei meio que confusa. As duas (cabeçadas) foram erro meu mesmo, foi falta minha. Ele continuou prosseguindo com a luta, e foi quando estava fazendo o movimento para tirar meus braços que estavam grampeados. Nesses movimentos, parece realmente que estava tentando dar outras cabeçadas, por isso que falaram que desferi oito cabeçadas, mas na verdade foram as duas primeiras.

Segundo Rayla, numa versão que é a mesma que contada por Josimar Ninja, marido e treinador de Laura, a luta foi interrompida após protestos pelas cabeçadas. A lutadora foi atendida e decidiu continuar na luta, e Rayla perdeu um ponto pelas cabeçadas. Mas Rayla aponta outra versão para o que o árbitro central Wendel Alves teria dito a Laura, além de ressaltar que, como a luta prosseguiu, os outros golpes ao longo do duelo que teriam sido a causa da lesão da adversária na cabeça.

– Ele me disse: “Se ela não retornar para a luta, você vai ser desclassificada e a luta vai ser ‘no contest’. Se voltar, você vai perder ponto, porque foi falta”. Pedi desculpas, disse que foi no calor da emoção. Eles a atenderam e avisaram para ela da opção de não voltar. Pelo que eles disseram na matéria (anterior no Combate), o árbitro teria dito que eu venceria por nocaute técnico se ela não voltasse, e eles sabem que isso não existiu (…). Lutamos o segundo round todo e o terceiro round quase todo, desferi muitos golpes contundentes nela, você não tem noção, foram muitos golpes que acertei do lado que ela alega que foi a fratura do maxilar, sendo que dei as cabeçadas no outro lado.

Rayla insiste que os golpes com a mão esquerda foram o que poderia ter causado uma fratura na região maxilar de Laura, e não as cabeçadas no início da luta.

– Não tinha como ocasionar essa fratura que ela alega se você for ver as cabeçadas que dei. Tenho certeza de que não foi. Eles pegaram aquele pedacinho do vídeo para fazer todo esse caos. Sou canhota, então acertei muitos jabs e cruzados com a minha mão esquerda, do lado direito dela, que foi onde abriu o corte.

– Entramos em contato (com a Laura) através do nosso advogado falando que o que estiver ao nosso alcance a gente vai ajudar (…). A gente sabe que o evento não pagou bolsa e é complicado a gente ficar machucado e não ter condições. Como foi com ela, poderia ter sido comigo. Mas é uma calúnia (o que disseram), não foi da minha falta que ela se machucou.

A lutadora voltou a admitir o erro, prometeu buscar entender melhor as regras e até encontrar ajuda psicológica para entender sua reação na luta. No entanto, reforçou que a mudança do resultado é injusta.

– Quando vi aquela publicação que fizeram com o vídeo, fiquei muito mal. Tive que bloquear meus Instagram porque tinha gente até me ameaçando, que sou do tipo que merece ser pega lá fora. Como se eu fosse uma criminosa! Errei, assumi que errei, fui punida pelo meu erro, e por que estão me tratando desse jeito? Foram vários erros, começando por mim, e vem o árbitro, e assim vai… Fiquei muito mal nos primeiros dias, me coloquei no lugar dela, mesmo sabendo que não era possível ter sido a minha falta ter feito a lesão. Por um momento, me fizeram acreditar que era verdade. Depois fui parando, olhei a luta, revi, fui me informando, e não era assim, não tinha que me sentir culpada (…). Sei que errei, mas isso não vai mais acontecer, tanto que vou trabalhar isso, vou procurar saber das regras. Vou ver talvez um psicólogo para ver qual o motivo de ter tido essa reação na hora. Fiquei muito mal! Mas agora estou tranquila, a gente se dispôs a ajudar, mas quero só o que é meu, não quero nada dos outros. Mas não vou admitir o que estão fazendo comigo, é injustiça.

Contestação pela mudança de resultado

Na hora em que a luta foi encerrada no LMI em Brasília, Rayla Nascimento chegou a ser anunciada como vencedora por decisão unânime, apesar de não ter tido anúncio da pontuação. Dois dias depois do evento, através das redes sociais da organização, foi colocado um vídeo anunciando a mudança do resultado para declarar Laura vencedora, apontando a desclassificação de Rayla por golpes ilegais.

A mudança é contestada por Rayla, que faz uma série de acusações ao organizador do evento, Danilo Noronha. Ela aponta que não foi comunicada de um suposto questionamento da equipe de Laura, além de apontar que o resultado foi modicado única e exclusivamente por decisão do organizador, e não de algum árbitro ou equipe de arbitragem isenta.

– Disseram que foi por decisão unânime, mas na verdade foi por nocaute técnico. No finalzinho, faltando uns cinco segundos para o fim do terceiro round, ela estava correndo. Primeiro ela se jogou, o árbitro a mandou se levantar, e depois falou que eu podia ir, e ele nem tirou a mão da minha frente, meio que me segurando, foi quando viu que não dava mais jeito e parou. Na hora anunciaram e deram por decisão unânime.

Ela alega que questionou o organizador sobre o resultado, e que lhe foi dito que foi mesmo nocaute e que isso seria acertado. Foi quando dois dias depois veio a mudança a favor de Laura. Após Rayla questionar, Danilo teria retirado o vídeo das redes sociais do LMI. De fato, o vídeo com o anúncio da mudança do resultado não está mais disponível na rede social.

– Depois, ele disse que era culpa nossa. Ele ainda parou de responder minhas mensagens, mas liguei para ele, e quando me atendeu disse que foi a liga dele que mudou: “Eu, como dono do evento, que decido”. Depois disse que estava conversando para ver se mudava para “no contest”, e questionei que isso também era errado – disse Rayla, que insiste que a revisão deveria ter sido feita de forma isenta e clara.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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