No gramado, o investimento em medalhões consagrados dá retorno. Fora dele, as possibilidades de receita no mundo digital podem pavimentar o caminho para
Redação Publicado em 13/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h29
No gramado, o investimento em medalhões consagrados dá retorno. Fora dele, as possibilidades de receita no mundo digital podem pavimentar o caminho para manter times de alto nível a médio e longo prazo. Esse é o plano do departamento de inovação do Atlético-MG, comandado por Felipe Ribbe, que no momento aposta em três frentes: fan tokens, leilões de ativos digitais e desenvolvimento de plataforma própria de publicidade com base cadastrada engajada.
Nesta última iniciativa, que recebeu o nome de Galo Ads, em menos de dois meses o clube gerou R$ 1 milhão. Significativo perto da receita do clube? Não. Mas o departamento espera aumentar significativamente a arrecadação em alguns anos.
Não é só para o torcedor que são novas as iniciativas como a possibilidade de votar até na escalação preferida do time. O clube também ainda aprende com elas. Além deles, os algoritmos que gerenciam essa base de dados precisam de tempo para aprender mais sobre os cadastrados. Exemplos – guardadas as devidas proporções – são o Google Ads e o Facebook Ads, que se desenvolveram notoriamente ao longo dos anos e se converteram na principal fonte de receita das gigantes digitais.
Hulk e Diego Costa são nomes que podem contribuir para evolução dos negócios fora das quatro linhas — Foto: Pedro Souza
Hoje a base de cadastro do Atlético-MG tem cerca de 200 mil torcedores. Chama-se de base o número de cadastros com informações relevantes sobre a pessoa. O algoritmo da plataforma vai ampliando suas informações sobre esse público já engajado e, com isso, o clube afirma que poderá oferecer um espaço publicitário “muito mais assertivo” para o cliente. Até agora, cerca de 20 empresas compraram essas novas propriedades digitais.
– A visão é que um dia vai chegar a um nível de Google Ads, Facebook Ads, que têm algoritmos muito bem treinados, por muitos anos, com muitos dados. Precisa de tempo. É um projeto que começou a ser construído no ano passado, uma parceria com a Fan Hub. Tem dois objetivos: poder entregar para os parceiros comerciais uma assertividade maior com o dinheiro de marketing que estão investindo e permitir que microempresários, pequenos empresários – que não têm condição de ser parceiro do Galo porque as propriedades de uniforme e placas de publicidade são muito caras – consigam anunciar com a nossa base através do Galo Ads. E aí estamos falando das nossas plataformas digitais, como site, newsletter, aplicativo… – explica Felipe Ribbe.
O gerente de inovação acrescenta que, apesar de o clube ainda enxergar como baixo o número de cadastrados, está dentro da média no Brasil. O desafio é evoluir o mais rápido possível.
– A gente vai aumentando a nossa base de dados e o Galo Ads faz com que essa roda se movimente. Quanto mais gente temos na base, mais atrativo se torna, vamos valorizando as propriedades. Desde o lançamento tivemos quase 20 clientes e geramos algo em torno de R$ 1 milhão. Por questões contratuais não posso comentar o percentual, mas o clube fica com um percentual maior do que a Fan Hub.
Outra fonte de receita que o clube ainda vai desvendando aos poucos são os NFTs (non-fungible tokens, ou tokens não fungíveis em tradução livre). O Atlético-MG foi o primeiro brasileiro a aderir a um “fantasy game” mundial no qual são comercializados cards dos jogadores que podem ser usados na montagem do time.
O preço desses NFTs, ou itens digitais com originalidade certificada, varia de acordo com os leilões. As cartas mais caras até o momento foram as de Guilherme Arana, arrematada por 14.094 euros, ou R$ 89.778 na cotação atual, e Diego Costa, comprada em leilão por 10.894 euros (R$ 69.394). No total, a venda de cards – sobre a qual o clube tem direito a um percentual de licenciamento – movimentou pouco mais de 500 mil euros (R$ 3,2 milhões).
– Dentro dessa plataforma, a gente tem um percentual, é um licenciamento de marca. Mas é um valor em euro. A gente já fez mais de seis dígitos na moeda brasileira desde maio – contou Ribbe.
Card digital de Guilherme Arana, leiloado por quase R$ 90 mil — Foto: Reprodução Twitter oficial Atlético-MG
Os números, comparados a outras fontes de verba do clube, ainda são pouco significativos, mas o projeto tem vista para o futuro.
– Até por uma questão de adaptação, ao longo dos próximos anos as fontes de receita tradicionais ainda serão as principais de clubes não só no Brasil, mas pelo mundo. Mas a tendência é essa balança ir melhorando. A gente costuma dizer que inovação é maratona, não 100 metros rasos. A gente fala dos NFTs. Estamos ganhando dinheiro? Sim. É relevante? Se comparar com patrocínio, direito de transmissão, não é relevante. Mas sou muito confiante de que em três ou cinco anos será uma fonte importantíssima de receita.
Outro plano prioritário é promover o engajamento da fanática torcida alvinegra. Aí entram os fan tokens, ativos digitais muitas vezes confundidos com criptomoedas. Apesar de haver um mercado de negociação desses itens, são ativos com a finalidade de engajar o torcedor que, com eles, pode participar de enquetes como, por exemplo, a escolha da braçadeira de capitão da equipe.
Apesar disso, há quem compre esses ativos com objetivo de negociar posteriormente a um preço maior no mercado, o que representa um risco. Ribbe alerta:
– Acabam chamando os fan tokens de criptomoeda, mas não são. Criptomoeda tem duas funções: pagamento e reserva de valor. O fan token é um utility, tem uma utilidade que no caso é participar dessas votações exclusivas e tudo mais. As pessoas não devem comprar o token do Atlético como um investimento. É um mercado muito volátil. Se fala de bitcoin e ethereum, já é volátil. O fan token é mais ainda. Então, da mesma forma que você pode ganhar muito dinheiro rápido, você pode perder dinheiro muito rápido. Agora, se você chegar e falar que tem gente que compra com fins de especulação, para lucrar, obviamente que tem. Mas eu e o Atlético-MG não recomendamos. O dinheiro é da pessoa, se quiser fazer, é direito dela, mas, se desvalorizar depois, também não pode reclamar. Isso sempre foi deixado muito claro.
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Globo Esporte
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