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“Eu sou um milagre”: conheça a história de Kevin, atacante em alta no sub-20 do Palmeiras

– Acredito em milagres. Eu sou um.

“Eu sou um milagre”: conheça a história de Kevin, atacante em alta no sub-20 do Palmeiras
“Eu sou um milagre”: conheça a história de Kevin, atacante em alta no sub-20 do Palmeiras

Redação Publicado em 05/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h35


Destaque na base do Verdão, garoto foi convocado pela seleção brasileira sub-18

– Acredito em milagres. Eu sou um.

É com essa mensagem que o atacante Kevin se apresenta aos seus seguidores em uma rede social. Paulistano e morador do Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo, o atacante de 18 anos tem se destacado no Campeonato Brasileiro Sub-20 e é um dos candidatos a revelação do Palmeiras.

Na última segunda-feira, o Verdão goleou o Vasco pelo Brasileirão da categoria e se garantiu nas quartas de final do torneio. Kevin marcou o primeiro gol e se despediu para realizar o sonho de vestir a camisa da seleção brasileira – ele foi convocado e vai participar de um período de treinos com a equipe sub-18.

Kevin comemora durante a partida entre Palmeiras e Vasco pelo Brasileiro sub-20 — Foto: Carlos Santana/Portal da Base Brasil

Kevin comemora durante a partida entre Palmeiras e Vasco pelo Brasileiro sub-20 — Foto: Carlos Santana/Portal da Base Brasil

O bom momento empolga quem acompanha de perto a evolução do atleta. Mas o início de carreira na base não foi fácil.

– Comecei com 12 para 13 anos, fui fazer um teste no Atlético-MG e passei. Nessa época a gente não podia ter alojamento. Tinha que ficar em pensão e não tinha como ficar direto lá, por causa de dinheiro. Voltei para casa e fui para o Desportivo Brasil. Joguei a Copa São Paulo e acabei me destacando, aí vim para o Palmeiras – disse, em entrevista ao ge.

– Só quem veio da periferia sabe o que passa para chegar onde quer. A gente vem de um lugar difícil, não tem muita gente olhando. E você olhando para o lado e vê o que não queria ver, pessoas roubando e matando, e você segue seu rumo pelo seu sonho e pela família.

Kevin sempre teve exemplo e inspiração para seguir no futebol dentro de casa. O pai dele até pode parecer um desconhecido quando se apresenta como José Carlos. Mas o apelido de Weah é reconhecido na várzea de São Paulo, pelo estilo de jogo parecido com o atacante liberiano que brilhou na década de 1990.

A família de boleiros é completada pelo irmão mais novo, Daniel, que aos 12 anos já treinou no Palmeiras e deve ter espaço no sub-15.

– Eu jogava bola desde pequeno, tive oportunidade de sair, mas como não tinha ninguém do meu lado – eu perdi meu pai muito cedo, com 13 anos – ficava meio receoso. E tentei no Corinthians, na Portuguesa, até um dia que tentei com 16 anos no São Paulo e fui tirado da fila por não ter caneleira. Passei esse papelão na fila e desgostei. Comecei então jogando na várzea, como zagueiro, fui jogar na terceira divisão de Suzano, o time estava perdendo e o técnico me mandou para o ataque. Eu era grandão, fui, dei um chapéu e fiz um golaço de esquerda. Tomei gosto de fazer gol e virei o Weah 09 – contou.

Kevin durante treino do Palmeiras, na Academia de Futebol — Foto: Cesar Greco

Kevin durante treino do Palmeiras, na Academia de Futebol — Foto: Cesar Greco

A tentativa de José Carlos tentar uma carreira no futebol serve como experiência para Kevin. Próximos, o atacante do Palmeiras e o goleador da várzea vivem uma relação de cumplicidade entre pai e filho e de dois admiradores do esporte.

– Tinha vezes que eu ia jogar de manhã no campo de terra e ele estava ao meu lado, em jogos mais longe ele também estava ao meu lado. Ele sempre esteve ao meu lado – contou Kevin.

– Nunca quis passar a frustração para o Kevin, para não frustrar o sonho dele. Desde pequeno eu sabia que ele tinha muito potencial e é um menino focado. Focado até hoje… Quando ficamos sabendo da convocação da seleção brasileira, eu por ser jovem, com 40, tenho problema de pressão. Quase caí, gritei, nos abraçamos, choramos. Muita alegria. Parecia que eu estava sendo convocado. Sem explicação – afirmou José Carlos.

Integrado ao elenco sub-20, Kevin teve oportunidade de ficar no banco de reservas do Palmeiras, na partida contra o CRB, pela Copa do Brasil. Pela rotina de participar de alguns treinamentos na Academia de Futebol, o atacante já ouviu conselhos dos jogadores mais experientes e até do técnico Abel Ferreira.

Kevin e Patrick de Paula durante treino do Palmeiras na Academia de Futebol — Foto: Cesar Greco

Kevin e Patrick de Paula durante treino do Palmeiras na Academia de Futebol — Foto: Cesar Greco

– Na primeira vez que falaram que eu ia treinar no profissional me deu aquele frio na barriga que todo jogador tem. Mas foi uma sensação maravilhosa. Se Deus abençoar, quero fazer história no Palmeiras. Vocês sabem que o pai da base é o Deyverson, fala com todo mundo. O Willian também é gente boa e sempre dá conselhos para melhorar. Eles sabem que são o presente e sabem que nós podemos ser o futuro do Palmeiras – afirmou.

– Eles (da comissão do profissional) chegam e perguntam como a gente gosta de jogar, para ficar bem solto. Ele (Abel) conversou comigo, falou que gosta do meu futebol. Quem sabe um dia eu possa estar ao lado dele – completou.

Destaque do Desportivo Brasil, Kevin chegou ao Palmeiras no ano passado, por empréstimo. O bom início no clube fez a diretoria garantir a permanência em definitivo e assinar um contrato válido até 10 de junho de 2026.

– Quando ele chegou no Palmeiras eu não acreditava praticamente. Era meu sonho, o dele e do irmão dele. A ajuda do Rafa Mineiro, que está com a gente desde o começo, quando ele assinou aquele contrato tirou uma tonelada das costas e falei: “agora vai”. Depois de tanta luta no Desportivo Brasil era só Jesus na causa – disse o pai de Kevin, que sonha alto na carreira.

– Para mim sempre vai ser o Neymar (ídolo). Quem sabe lá na frente também poder ser vendido (para a Europa). Hoje estou no Palmeiras, minha cabeça está no Palmeiras e quero ganhar muitos títulos – afirmou o palmeirense.

Kevin em partida pelo time sub-20 do Palmeiras — Foto: Fabio Menotti

Kevin em partida pelo time sub-20 do Palmeiras — Foto: Fabio Menotti

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Globo Esporte

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