O empresário de jogadores Henrique Oliveira foi filmado enquanto oferecia dinheiro, camisas e ingressos de camarote para um sócio do Santos votar a favor
Redação Publicado em 26/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h02
O empresário de jogadores Henrique Oliveira foi filmado enquanto oferecia dinheiro, camisas e ingressos de camarote para um sócio do Santos votar a favor do impeachment do presidente do clube, José Carlos Peres. O GloboEsporte.com teve acesso ao vídeo, gravado pelo próprio sócio com uma pequena câmera. A ação toda durou cinco minutos e ocorreu na última sexta-feira, dia 21 – oito dias antes da data prevista para a votação do impeachment pelos sócios do Santos.
Procurado pela reportagem, o empresário, que trabalha na agência Art Sports, confirmou que pagou a dívida deste sócio e que, no total, “ajudou” cinco pessoas. No entanto, disse que “estava brincando” sobre camisas do time e ingressos para camarote, porque “não tem acesso a nada”. Henrique Oliveira afirmou ainda que agiu sozinho e que fez isso porque Peres “passou de todos os limites”.
Oliveira pagou a dívida de um sócio inadimplente com o clube. A quitação desse débito deixou o sócio habilitado para votar na sessão do impeachment de Peres. As imagens mostram que Oliveira dá R$ 250 a um homem, que então vai até a tesouraria da Vila Belmiro, faz o pagamento no valor de R$ 243, devolve R$ 7 de troco e dá a nota fiscal que comprova o pagamento.
Ao fim da operação, Oliveira diz:
“Nós vai ganhar. Depois, quando precisar de camisa, qualquer coisa, ver jogo no camarote, me fala […] Nós temos que tirar eles só. Tirando eles, o que precisar.”
O encontro, em frente à Vila Belmiro, foi precedido de uma negociação via Whatsapp, como mostram áudios e imagens também obtidos pelo GloboEsporte.com. O empresário de jogadores e o sócio foram apresentados por um amigo em comum, também associado e em dívida com o clube. Pelo aplicativo de mensagens, o agente se apresenta como “Henrique das Carteirinhas”. Ele pergunta como está a situação do sócio e dá orientações a ele:
Momento em que o empresário Henrique Oliveira, em frente à Vila Belmiro, dá R$ 250 em dinheiro a sócio do Santos (e ainda pede nota fiscal do pagamento) para que quite seus débitos com o clube e fique apto a votar no processo de impeachment contra o presidente José Carlos Peres — Foto: reprodução
Num dos áudios, o empresário diz que o objetivo da operação é tirar José Carlos Peres da presidência do Santos:
– Vamos tirar esse cara de lá, pelo amor de Deus. Esse Peres tá de brincadeira.
O presidente do Santos, José Carlos Peres, é alvo de duas ações que podem resultar em impeachment. Em um dos processos, ele é acusado de ser sócio de uma empresa de agenciamento de jogadores, o que é proibido pelo estatuto. O outro aponta como irregular uma portaria publicada por ele, na qual define que todas as contratações do clube devem ser decididas pelo presidente, ignorando o Comitê de Gestão, principal órgão administrativo do Santos.
As duas ações de impeachment foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo do clube. O último passo dos processos é a votação pela assembleia-geral extraordinária de sócios. A aprovação (ou reprovação) acontece por maioria simples. Só pode votar quem é sócio há mais de um ano e está adimplente – motivo pelo qual o sócio citado nesta reportagem teve sua dívida quitada. Na última eleição para presidente, com regras semelhantes, 5.676 sócios votaram.
José Carlos Peres classificou a situação como “revoltante” e, sem citar nomes, culpou um “conjunto de forças” como responsável por tentar tirá-lo do cargo de presidente do Santos.
– Não é surpresa este tipo de procedimento. Estamos faz tempo denunciando e alertando o conjunto de forças que estão mobilizadas pelo impeachment desde o início, utilizando todo tipo de fraude, intimidação e compra de votos para tomarem o poder.
Peres diz que só é alvo desses processos porque contrariou interesses pessoais e porque demitiu funcionários que estavam no clube havia muito tempo.
– Isso deixa cada vez mais claro que o processo tem três fatores: não cedi aos interesses pessoais e financeiros do grupelho político e de seus agentes que há anos atuam no Santos; eu comecei um processo de reestruturação e dispensa de funcionários que há anos trabalhavam no clube na base do aparelhamento e cabide de empregos, sem atender critérios de competência; quebra de sistema e paradigma estrutural (profissionalização), o que incomodou muitos padrinhos e pessoas que tomavam o Santos para si, como algo seu, e não de seus apaixonados torcedores.
Caso José Carlos Peres seja impedido de continuar na presidência do Santos, quem assume o cargo é o vice Orlando Rollo. Os dois são abertamente rompidos desde o início da gestão, que tomou posse em janeiro deste ano. Procurado pela reportagem para comentar o caso e questionado se o processo de impeachment poderia estar comprometido por este tipo de situação, Rollo respondeu com mais críticas a Peres:
– Desconheço o fato. Não tenho nada com isso, sou responsável apenas por minha conduta. Por tudo que este presidente tem feito, ofendido as pessoas com esse negócio de chamar as pessoas de provincianas […], por flagrante desrespeito ao estatuto do clube, por ter sido sócio de empresa que administra carreira de jogadores durante o mandato, ter traído quem o ajudou a chegar na presidência, tentar a todo custo enfraquecer o Conselho Gestor e por muitas outras coisas coleciona inimigos. Eu vou ter que entrar na fila, tem muita gente na minha frente querendo o Peres longe daqui.
O vice-presidente do Santos disse ainda que não tem qualquer relação com Henrique Oliveira:
– Não faço ideia de quem seja.
Na primeira vez em que foi procurado pelo GloboEsporte.com, na última segunda-feira, Henrique Oliveira disse que ajudou o sócio a ficar adimplente porque apoiava a permanência de José Carlos Peres na presidência do Santos. Horas depois, mudou essa versão e disse que queria a saída do cartola. Num terceiro contato, tentou explicar a situação:
– Eu ajudei cinco pessoas […] teve uma dessas pessoas que me pediu para pagar e eu resolvi pagar por tudo que vi nos últimos dias. Acho que essa pessoa foi muito mal comigo, me pediu para que eu ajudasse no corredor e depois gravou só uma parte da nossa conversa, acho que ele estava mal intencionado e eu entrei de gaiato.
Oliveira nega que tenha feito o pagamento a mando de Rollo. Disse ainda que agiu sozinho e fez isso porque o presidente do Santos “passou muito de todos os limites” e que “esse negócio do pagamento mostra isso, ele quer ser dono do clube”.
No último sábado, dia 22 – portanto um dia depois da quitação da dívida do sócio patrocinado por Henrique Oliveira – o Santos passou a não aceitar mais pagamentos deste tipo em dinheiro. Até domingo, data-limite para quitação das dívidas antes da assembleia-geral, o clube só aceitou cartões de débito e crédito. Essa decisão, inclusive, levou o clube a ser notificado pelo Procon.
Questionado se o vice-presidente do Santos, Orlando Rollo, poderia fazer uma gestão melhor que a de José Carlos Peres, Oliveira respondeu:
– Não sei, mas tenho um pensamento muito simples. Se a pessoa que assumir o Santos não fizer a coisa certa, tiramos do poder. Para isso existe o estatuto do clube. Precisamos de gente comprometida com o Santos.
Henrique Oliveira hoje não agencia nenhum jogador ligado ao Santos. Nem no elenco profissional nem nas categorias de base. O último que teve vínculo com o Santos foi o meia Thaciano, que saiu em junho de 2017. Hoje ele defende o Grêmio.
Outro atleta ligado a Henrique que vestiu a camisa do Santos foi o Matheus Cassini. O meia revelado pelo Corinthians ficou cerca de três meses no clube antes de seguir para o Oeste.
Em seu Instagram, Henrique fez registros em reuniões no Santos neste ano. Na primeira foto, postada em 8 de março, o empresário de jogadores coloca na legenda que conversou com Marcos Maturana, gerente das categorias de base do Peixe .
Em outra foto, essa publicada no dia 11 de maio, Henrique aparece com William Machado, ex-gerente técnico de futebol do clube (veja abaixo).
Em 16 de dezembro do ano passado, uma semana depois da eleição vencida pela chapa Peres/Rollo, Henrique postou uma foto na qual aparece vestido com uma camiseta de campanha do ex-presidente Modesto Roma Júnior (veja foto abaixo). Procurado pela reportagem, Modesto disse não conhecer Henrique e nem a empresa Art Sports.
Henrique Oliveira trabalha para a agência Art Sports – seu nome e sua foto aparecem no site da agência, como mostra esta imagem abaixo. Procurado para comentar o assunto, o diretor da empresa, Nilson Moura, afirmou que “a Art Sports não tem participação” no caso e que “Henrique está afastado”.
* Colaborou Martín Fernandez
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