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Chefe do Cifut explica como o Corinthians pretende garimpar reforços escondidos no mercado

Filho do craque Zé Maria, o analista de desempenho Fernando Lázaro voltou ao Corinthians há um mês para chefiar o Centro de Inteligência do Futebol do clube,

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Redação Publicado em 09/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h39


Filho do craque Zé Maria, o analista de desempenho Fernando Lázaro voltou ao Corinthians há um mês para chefiar o Centro de Inteligência do Futebol do clube, conhecido como Cifut.

Aposta do gerente de futebol Alessandro Nunes e do diretor Roberto de Andrade, Lázaro retorna ao clube em que trabalhou por 17 anos após viver experiência de quatro anos na seleção brasileira. Ele chega ao CT Joaquim Grava com a missão de recuperar o prestígio interno do departamento.

Apontado como “sucateado” pelo técnico Tiago Nunes no meio de 2020, o Cifut hoje tem menos profissionais do que há quatro anos e, por conta das várias trocas no comando técnico da equipe, foi perdendo a influência que já teve nas comissões de Tite, Mano Menezes e também Fábio Carille.

Agora, com Vagner Mancini e na gestão de Duílio Monteiro Alves, vai recuperando força:

– Tenho conversado com as pessoas que já estavam no Cifut e que são bons profissionais, de que temos de construir as relações. As mudanças nos últimos anos acabam impactando essa relação do Cifut com o departamento de futebol, mudanças de treinadores e até de direção, e sempre que tem quebra é difícil ajustar. Aumentou o distanciamento – afirmou, em entrevista ao ge.

Um primeiro passo foi dado com os membros da comissão técnica de Vagner Mancini. As trocas com Cláudio Andrade, analista que chegou ao clube junto do treinador, e com o auxiliar Anderson Batatais são diárias. Os trabalhos de análise dos adversários e do próprio Timão são unificados.

Além de Lázaro, que ocupa o cargo de coordenador do Cifut, e de Cláudio Andrade, o departamento tem mais três nomes: Vitor Misumi, Fábio Roberto e Tassio Rodrigues. Há um plano de ampliação para a atual gestão, com a chegada de novos profissionais.

Um dos principais objetivos do Cifut é o de encontrar e monitorar reforços. No passado, foram monitoramentos assim que localizaram vários jogadores desconhecidos para o elenco alvinegro.

– O que a gente tenta trazer são nomes que não estão sendo vistos, peneirar ali outras ligas, olhar para lugares que não são tão vistos, ligas sul-americanas ou outros estaduais que fogem do centro, atletas sul-americanos espalhados pelo mundo, mercados que entendemos como viáveis – falou.

– A gente foi se estruturando, com tecnologia e pessoas, para de forma proativa pegar mercados potenciais para análises detalhadas e trazer informações para a direção, mas não somos um departamento de decisões, mas sim um departamento técnico de informação, de garimpar e trazer o que o atleta tem de positivo, negativo, como pode agregar, e tentar juntar o que é interessante para o clube, para a comissão. Criar possibilidades para que a direção e a comissão tomem as decisões – acrescentou.

Veja mais trechos da entrevista:

ge: Qual a sua função nesta volta ao Corinthians?

– Hoje volto para coordenar o Cifut, deixar nos moldes de como funcionava quando saí, quando o Alessandro já era o gerente de futebol (fim de 2016). Deixar o departamento no formato que funcionava, com as ideias que tínhamos. Tem sido uma coisa mais interna, de reelaborar alguns processos, organizando essa parte de informações no geral.

Há uma ideia de ampliar o campo de atuação?

– Hoje temos essa proximidade com o sub-23 e com o sub-20. Sempre foi uma intenção lá atrás, mas a questão física atrapalhava para estarmos próximos das comissões técnicas. A gente até criou alguns processos que eram replicados na base, de ferramentas, mas era mais difícil. Hoje temos conversado mais com Yamada (gerente da base) e Alex (coordenador) para ajudar a alinhar, ajudando na organização do CT da base também, já que estão finalizando algumas obras, além dos processos.

Fernando Lázaro está de volta ao Cifut do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Fernando Lázaro está de volta ao Cifut do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

O Cifut possui uma rede de olheiros?

– Na verdade não temos uma rede desta forma como muitos clubes europeus têm, profissionais especializados em cobrir uma área geograficamente. O que conseguimos lá atrás foi dentro do Cifut ter mais gente, mais profissionais e aí segmentar o acompanhamento. Temos observadores, Mauro da Silva fez muito isso de viajar para ver jogos, Alyson Marins que também é observador, além dos próprios analistas em observações pontuais.

Há alguns anos, o clube conseguia contratar jogadores e montar uma linha de sucessão nas posições. Teve Elias, Jucilei, Paulinho, Guilherme…Acredita que este seja o modelo ideal?

– O trabalho ideal é esse, montar essa linha, mas envolve vários fatores. O que possibilitou isso neste período foram as continuidades que permitiam ir elaborando as coisas, não tem mágica, o trabalho como tinha sequência diretiva e técnica ia gerando uma possibilidade de identificação da forma de trabalhar, e você ia conseguindo discutir, buscar opções. Neste seu exemplo, depois veio o Bruno Henrique.

Como foi com Bruno Henrique?

– Fábio Carille foi ver jogos dele no Londrina, depois eu e ele fomos ver jogos dele na Portuguesa. Várias coisas impactam, questões econômicas, não é só escolher e definir, são processos que permitem a contratação. Foi um ano de observação do atleta, de jogos acompanhados até se achar o melhor momento para o clube conseguir fazer o negócio. Às vezes, acaba sendo interrompido.

Qual case que mais te dá orgulho?

– Não sou muito de me apegar a eles. Tem cases bons e ruins, futebol é complexo, às vezes um cara que você acha que será um baita de um case pode não dar certo, enquanto outro dá certo e foi algo com muito menos convicção. Uma coisa que a gente fazia era pegar uma lista de atletas que a gente avaliou dois anos atrás para ver onde esses caras estão. Às vezes não se encaminhou para cá por algum detalhe, mas são caras que estão ali, estão em suas seleções, em clubes de fora, isso era uma boa forma de observar nosso trabalho.

Quais são os próximos avanços do setor de análise de desempenho no Brasil?

– Hoje vejo a questão da análise de dados, fora já é muito mais aprofundada, abrangente, alguns clubes têm conseguido coisas bem interessantes nessa área que no futebol brasileiro não avançamos tanto, ter uma estrutura melhor para analisar as informações, usar um pouco de Big Data, com essa quantidade de dados tirar informações mais úteis.

Tanto no Corinthians como na seleção brasileira você chegou a fazer o papel de auxiliar técnico, trabalhando no campo. Está nos seus planos neste retorno?

– Gosto de futebol, de colaborar, de contribuir, me satisfaz bem o que faço hoje. Trabalhar no campo é uma extensão do que se faz internamente, você vai ficando com mais clareza do processo para entender as demandas reais, são áreas que se complementam, gosto das duas, acho que tenho mais afinidade com fora do campo pelo tempo de prática, mas me adaptei bem também.

Como o seu pai, senhor Zé Maria, reagiu ao seu retorno do Corinthians?

– Pelo meu pai eu não tinha saído nunca (risos). Quando eu estava saindo no fim de 2016 ele falou: “Tem certeza?” Mas eu achava que era o momento e ele entendeu, mas já ficou meio contrariado. Na volta, eu já sabia a opinião dele. É bom estar novamente mais próximo da família.

Fernando Lázaro com o técnico Cristóvão Borges, em 2016, no Corinthians — Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Fernando Lázaro com o técnico Cristóvão Borges, em 2016, no Corinthians — Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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