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Denúncia

Viúva de Gal Costa é acusada de maus-tratos e de aplicar golpes em nome da cantora

Wilma Petrillo também é apontada como responsável por levar Gal à falência

Viúva de Gal Costa é acusada de maus-tratos e aplicar golpes em nome da cantora - Imagem: reprodução
Viúva de Gal Costa é acusada de maus-tratos e aplicar golpes em nome da cantora - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 07/07/2023, às 11h07


Wilma Petrillo, viúva da cantora Gal Costa, que morreu aos 77 anos, em novembro do ano passado, foi acusada de diversos crimes, incluindo assédio moral contra ex-funcionários, golpes e ameaças, inclusive contra a companheira, com quem mantinha um relacionamento aparentemente abusivo.

Em uma grande reportagem para a edição de julho da revista Piauí, o jonalista Thallys Braga entrevistou 13 pessoas que eram próximas de Gal Costa, incluindo ex-funcionários, amigos e parentes da cantora. Nos depoimentos, em sua massiva maioria, eles relatam a relação controversa entre a artista e Wilma.

Nos depoimentos, Wilma é acusada de assédio moral contra ex-funcionários, ameaças e golpes financeiros, além de ser acusada de ter levado Gal, uma das maiores e mais bem-sucedidas artistas da MPB, à falência.

Golpes, ameaças e exposição

O médico Bruno Prado iniciou a série de acusações contra Wilma. Ele afirmou que, após se aproximar do casal e se tornar amigo das duas, a empresária chegou a pedir emprestado uma quantia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil para uma cirurgia nos olhos, a mesma que Gal teria feito recentemente. Ele teria emprestado o dinheiro e alegou que não recebeu o pagamento no dia combinado.

Como forma de retaliação, Bruno afirmou que passou a não ser mais convidado para shows e para a casa de Gal. No círculo cultural de Salvador, circulavam histórias de que Wilma teria aplicado golpes em outras pessoas e que amigos de Gal até preferiam manter distância da empresária e esposa da cantora.

Bruno, que é gay e ainda não havia revelado à sua família sua orientação sexual, contou seu segredo a Wilma, que teria passado a usar isso contra ele. "Se você continuar me cobrando, eu vou fazer uma coisa muito bonitinha: conto pro teu pai que você é viado". "Quando ela falou isso, eu tremi", relembrou ele, que decidiu escrever um e-mail para Gal contando toda a história.

Gal, então, prometeu que o pagamento da dívida seria feito por Wilma. A empresária, inclusive, cumpriu a promessa e Bruno contou sobre a orientação sexual ao pai dele. Porém, o medo e pensamentos suicidas de Bruno foram substituídos pelo acolhimento familiar ao saber que ele era gay.

Wilma, então, segundo a matéria, teria seguido com ameaças. "Você vai tomar uma surra tão bonita que vai aprender a respeitar os outros". "Ela dizia coisas como: 'você não tem vergonha de pedir dinheiro para uma mulher mais velha, sua bicha?'. Bruno fez um boletim de ocorrência na delegacia, na época, também explicado pela reportagem.

Assédio moral e boicotes

Já o produtor Ricardo Frugoli disse que trabalhar com Wilma foi uma época de más lembranças. Gal, inclusive, teria perdido oportunidades de shows no Brasil e na Europa por causa do comportamento da mulher da artista.

Entre as intrigas, acusações infundadas de furto e ex-funcionários com episódios de depressão causados por humilhações nos bastidores.

Ricardo, então, um dia abriu o jogo com Gal sobre o que acontecia, mas ela ficou furiosa ao supor que poderia estar sendo roubada e ambos nunca mais tocaram no assunto. Mesmo com o bullying que sofria, ele diz que continuou por causa de Gal.

Falência e dívidas

Entre os bens de Gal deixados para o único filho, Gabriel, o item de maior valor é um imóvel comprado por R$ 5 milhões em 2020, no bairro dos Jardins. Um ex-funcionário que trabalhou com Gal até sua morte diz que a conta da cantora era 'um buraco negro'.

Todos os entrevistados concordaram que as finanças de Gal foram minadas no período em que Wilma e Gal estiveram juntas. As dívidas iam de restaurantes, a mensalidades da escola de Gabriel, pagamentos de empregados e até à Receita Federal dos Estados Unidos.

Wilma teria barrado até mesmo um show de Gal no prestigiado Carnegie Hall, em Nova York. "Na próxima vez que ligarem, diga que a Gal não gosta de se apresentar nos Estados Unidos", disse Wilma. Ao comentar com Gal o comentário de Wilma, a cantora negou. "Isso é mentira".

Segundo Gal a amigos, ela não retornava aos EUA por medo de ser presa, já que Wilma vendeu um imóvel dela em Nova York e não pagou os impostos devidos.

Relação abusiva

Um dos dois funcionários que trabalharam também com demandas pessoais de Gal e Wilma diz que chegou a testemunhar uma discussão das duas em 2015. "O dinheiro entra e some, as dívidas não param de chegar. Que tipo de empresária é você?", questionou Gal. "Você é uma velha, as pessoas não querem mais te contratar", rebateu Wilma. O funcionário disse que o atrito entre elas teria chegado a ser físico.

Shows contratados, inclusive, não chegaram a acontecer, pois documentos não eram assinados por Wilma. Gal teria dito que 'se largasse Wilma, ela leva metade de tudo que eu tenho, sem nunca ter trabalhado de verdade para conseguir alguma coisa'.

Sonia Braga também teria se afastado de Wilma depois de também ter sido vítima de um suposto golpe. A atriz, porém, não se pronunciou.

Afastamento da família e amigos

Guto Burgos, irmão de Gal, tornou-se, em 1993, representação da família para a cantora, mas não participou dos últimos anos da irmã. Ele ainda diz que foi afastado da irmã por Wilma em 1997. "Por favor, eu não quero mais falar disso. É um assunto que me dói muito", disse ele.

Burgos conta ainda que Gal teve oito salas comerciais no Rio de Janeiro, que lhe rendiam aluguéis, uma cobertura e um apartamento na Praia Guinle, um condomínio de luxo na Praia de São Conrado, no Rio de Janeiro. A reportagem ainda encontrou quatro salas comerciais no Leblon e dois imóveis em São Conrado, todos registrados no nome de Gal. "Também tinha imóveis em Salvador, Trancoso e Nova York. Como dói saber que ela morreu sem nada disso. Parece que todo o trabalho dela foi em vão", lamentou ele.

Gal ainda tinha uma granja em Petrópolis, onde passava fins de semana com a atriz Lúcia Veríssimo, que teria sido sua namorada durante anos. O espaço, porém, foi vendido por elas em 1992 e transformado em escola e, mais tarde, em uma pousada.

A médium Halu Gamashi, que também era próximo de Gal, lembra que, por causa do ciúmes de Wilma, passou a se encontrar com a cantora em sigilo. Ela relembra que, em 1995, ouviu Wilma perguntar se Gal não sentia vergonha por estar tão gorda. "Você está pensando que é quem, Nana Caymmi?". Ele diz que estranhava que Gal ficasse quieta diante dessas situações.

Velório e pós-morte de Gal

Outra polêmica envolvendo Wilma é com relação ao local do enterro de Gal: Burgos deu o recado para ser passado a Wilma de que a irmã deixou claro seu desejo de ser enterrada no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, ao lado da mãe, onde comprou um jazigo perpétuo. Wilma, porém, decidiu que o corpo ficaria em São Paulo, no mausoléu da família dela, no Cemitério da Consolação.

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