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Antonia Fontenelle fala com exclusividade sobre o caso Klara Castanho: “Estuprador não tem que ser protegido e sim exposto”

Imagem: Acervo Pessoal
Imagem: Acervo Pessoal

Marina Roveda Publicado em 08/07/2022, às 00h00 - Atualizado às 13h26


Recentemente, a atriz e apresentadora, Antonia Fontenellefoi alvo de muitas críticas e ataques nas redes sociais após a exposição do caso Klara Castanho. Antonia concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário de São Paulo para esclarecer o assunto. 

Tudo começou no dia 24 de maio, quando o jornalista Matheus Baldi postou em primeira mão que Klara Castanho teria dado à luz a uma criança. Não demorou muito para que o post fosse apagado a pedido da atriz.

A notícia voltou para a mídia quando o jornalista Léo Dias foi procurado por uma enfermeira que queria denunciar um “caso atípico” que ocorreu no hospital onde trabalhava. 

“A moça, sob a condição de anonimato, me disse que, pela primeira vez, o nascimento de uma criança não poderia ser registrado na maternidade. Nenhum dado sobre o nascimento poderia ser incluído no sistema”, disse Léo Dias no pedido de desculpas publicado na sua coluna do jornal Metrópoles.

O colunista descobriu que a grávida era Klara Castanho, mas disse que não tinha conhecimento que a gestação era resultado de um estupro. Leo contou ainda que, durante uma conversa com a atriz, ela havia contado sobre o estupro e o motivo de entregar a criança à adoção. 

“Me pediu que eu não escrevesse sobre o assunto. E eu, prontamente, me comprometi com ela a não expor a história publicamente”, escreveu ele.

Pouco tempo depois, a apresentadora Antonia Fontenelle comunicou durante uma live, mesmo sem citar o nome de Klara, a notícia de que “uma atriz global teria engravidado e doado a criança para a adoção”.

Vendo que não conseguiria escapar das notícias, no dia 25 de junho, Klara Castanho publicou uma carta aberta explicando todo o ocorrido em seu Instagram. Instantaneamente, Léo Dias e Antonia Fontenelle foram atacados e criticados por terem noticiado o fato.

Respeitando um pedido de Fontenelle, o Diário de São Paulo manteve as respostas da entrevistada na íntegra. Acompanhe abaixo:

DSP: Como você se sentiu, com os ataques, após a repercussão do caso da Klara quando ela compartilhou a carta aberta?

A.F: Em momento algum citei o nome dela. Se ela se apresentou como uma mulher que sofreu a mesma violência que milhares de mulheres anônimas e crianças sofrem diariamente, o coerente é ela colaborar com a polícia e por quem fez isso com ela na cadeia. Estuprador não tem que ser protegido e sim exposto. Nunca vou compreender uma mãe que gera um filho em seu ventre e não consegue ter amor por ele. Podem me julgar.

DSP: Por que você acredita que foi atacada?

A.F: De um lado uma mulher vista como polêmica, gritando as dores de uma criança que foi parar em um abrigo, e do outro, uma carta bem escrita, de uma jovem que relata um abuso, o suficiente para que todo um coletivo esqueça que no meio disso, tem um suposto estuprador, e uma criança que foi para a adoção. Romantizaram a adoção de uma forma ilusória, não queiram saber a dificuldade que é esse trâmite de adoção neste país. Me atacaram me cobrando empatia por algo, que eu vejo acontecer com milhares de mulheres e crianças diariamente e ninguém se comove. Pois saibam, eu sofro igual uma condenada e além de sofrer com essa situação eu trabalho pra amenizar tantas dores. Eu fundei a Associação Mães do Brasil, há 3 anos, uma associação sem fins lucrativos, recebo por minuto no mínimo 10 casos bizarros de violência contra a mulher e contra a criança. Não vivo de achismo. No fim do dia transformaram isso mais uma vez em política, mas eu repito, isso não é um caso de política, e sim de polícia.

DSP: A Klara tentou, de alguma forma, conversar com você ou respondeu aos seus pedidos de contato?

A.F: Não.

DSP: Está pensando em tomar alguma providência diante da repercussão negativa que teve o caso da Klara sobre você?

A.F: Orando dia e noite para essa história se esclarecer, está em segredo de justiça, tem um menor no meio disso tudo e não posso falar mais nada do que chegou até mim. Mas eu me coloco à disposição dos órgãos competentes para explicar o motivo do meu relato ríspido a respeito disso tudo. Como vejo tantas mulheres sofrendo abusos por minuto, meu desejo é que tenha pena de morte para estupradores neste país. Por isso, mais uma vez, eu peço a essa moça que colabore com as investigações, só assim ela vai poder ajudar tantas outras que passaram pelo mesmo que ela relatou em sua carta aberta.

DSP: Você comentou, nas suas redes sociais, que auxilia mulheres vítimas de violência, poderia explicar como funciona esse trabalho?

A.F: Em alguns lugares do Brasil nós já temos uma equipe de voluntários que fazem acolhimento às vítimas quando elas nos procuram. Ano passado ajudei uma juíza criminalista Dra. Renata Gil, que me procurou para ajudá-la a difundir a campanha alerta vermelho. A mulher que sofria violência doméstica chegava na farmácia, ou qualquer outro ambiente e mostrava a mão com um X vermelho, colocamos muitos artistas para participar, até a primeira dama Michele Bolsonaro participou dessa campanha. Agora eu te pergunto: Essa quantidade de famosas que me atacaram, fazem o que pelo o próximo? Além de querer lucrar em cima de uma outra mulher que faz um trabalho sério como eu. Elas pedem empatia com uma atacando a outra? Até de cadela sarnenta eu fui chamada. A TV Globo me atacou, porque no fim do dia, tudo é sobre política, em momento algum, deram notícias da criança, e se quer perguntaram pelo estuprador. Nessa história todo mundo é culpado, menos o estuprador, isso é certo?

DSP: Como Pré Candidata a Deputada Federal, qual sua proposta para os crimes que atentam contra a integridade da mulher?

A.F: Castração, pena de morte em caso de estupro. Esse é meu único desejo.

DSP: Por qual motivo você acha que foi pouco falado sobre o agressor do caso da Klara?

A.F: Porque não dá ibope cancelar um estuprador. Porque os valores estão todos invertidos, porque a sociedade colapsou, porque a hipocrisia reina, e porque esse país está um caos.

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