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Presidente de universidade americana explica sobre a desvalorização da educação brasileira

Giulianna C. Meneghello, presidente da MUST University na Flórida, falou com exclusividade ao Diário de São Paulo sobre o tema

Giulianna Carbonari Meneghello, presidente da MUST University. - Imagem: Acervo Pessoal
Giulianna Carbonari Meneghello, presidente da MUST University. - Imagem: Acervo Pessoal

Marina Roveda Publicado em 16/03/2023, às 09h31


Infelizmente, não é incomum nos depararmos com notícias envolvendo o desrespeito e desvalorização aos profissionais da educação. Uma pesquisa realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), revela que o Brasil é o país com maior número de agressões aos professores no mundo. Tornando justificável o grande receio dos educadores em exercer sua profissão.

Sendo assim, convidamos a presidente da MUST University, Giulianna Carbonari Meneghello, para falar um pouco sobre sua trajetória acadêmica nos Estados Unidos e os contrastes com a educação brasileira.

1) Olá Giulianna, muito bem-vinda ao Diário de São Paulo. A propósito, como o setor de educação entrou em sua vida?  

G.C.M:A educação entrou muito cedo em minha vida. Sou filha de professores e reconheci, desde a adolescência, o valor do aprender e do ensinar. Desde 1994, quando meu pai abriu a primeira Faculdade na cidade de Leme SP, eu já comecei a trabalhar: na Biblioteca, eu fazia as matrículas e era fiscal de sala no dia das provas de Vestibular. Minha mãe, Prof.ª Maria Elisa, é doutora em educação e construiu uma carreira toda voltada em oferecer qualidade e excelência no ensino. Meu pai, o Prof. Antônio Carbonari, é referência quando o assunto é educação.  

Formei-me em publicidade e trabalhei na área comercial, mas o meu verdadeiro chamado me trouxe de vez para o universo da educação, principalmente depois do meu pai fundar a Anhanguera,  a primeira empresa de educação a abrir capital na bolsa de valores, e que depois  passou por processo de fusão com o grupo Kroton, e da MUST University – primeira universidade americana fundada por brasileiros  – que participei ativamente na construção e que vem se destacando cada vez mais no mercado internacional de educação. Do marketing, passei pela direção geral e hoje, com muito orgulho, assumo a presidência.  

2) Qual sua posição na Must University ? E em quais países a universidade tem atuado?    

G.C.M:A MUST University foi fundada em 2017 e, em 2021, assumi a presidência da instituição. Por oferecer programas de mestrados totalmente à distância, não há limites de fronteiras. Estamos presentes, sobretudo, em 15 países, especialmente no Brasil e nos países latino-americanos, pois nossos cursos são oferecidos em três idiomas: português, inglês ou espanhol.  

Oferecemos 8 programas de mestrado que vão desde Administração, Gestão de Cuidados da Saúde, Tecnologias Emergentes da Educação, Psicologia Organizacional, Direito Internacional, Marketing Digital, Negócios Internacionais até Desenvolvimento de Negócios e Inovação. 

3) Quais são os próximos objetivos da instituição?  

G.C.M:Atuar com a comunidade hispânica do Estado da Flórida, alcançar mais alunos e democratizar o ensino a distância. Nosso objetivo é contribuir para que eles encontrem oportunidade de educação com um preço mais acessível. Hoje estamos com cerca de 5.000 alunos e pretendemos chegar aos 7.000 até o final de 2023.  

Também estamos sempre avançando na questão da tecnologia e trazendo novidades para os alunos. As aulas online estão cada vez mais dinâmicas e imersivas. 

4) Qual sua visão atual sobre a qualidade da educação de modo geral no Brasil? 

G.C.M:A qualidade da Educação no Brasil é muito diferente, em função de cada Estado da Federação. Em Estados mais desenvolvidos, no Ensino Superior, há universidades públicas de ótima qualidade. Pelo menos 40% dessas instituições particulares apresentam nível de qualidade acima da média. O conceito de qualidade é que varia muito, pois depende das variáveis e dos indicadores oficiais.  

Entende-se que os cursos superiores avaliados pelo MEC, com conceitos 4 ou 5, são tidos de ótima e excelente qualidade (segundo os indicadores oficiais). Há muitos casos em que o conceito de empregabilidade é levado em consideração. Isto é, quanto mais seus alunos entram no mercado de trabalho, melhor é considerado o curso. 

Em resumo: são muitas as diferenças do conceito de qualidade - por Estado, localização geográfica, número de docentes titulados (mestres e doutores) etc. Nos Estados mais desenvolvidos, a qualidade demonstra-se mais aparente. 

5) Qual a sua visão a respeito da desvalorização e degradação do profissional da área da educação no Brasil? Em seu ponto de vista, qual a causa disto?

G.C.M:Muitos fatores podem estar ligados à desvalorização dos professores no Brasil. Para mim, o principal é o salário baixo. A base salarial dos profissionais de ensino é muito inferior em relação às demais ocupações dos graduados no ensino superior. Para aumentar os salários dos professores há exigências de especialização, Mestrados e Doutorados.  O tempo de serviço, na maioria dos Estados, não aparece no Regulamento do Magistério. Ou seja, é muito estudo para pouco salário. Além disso, no Brasil, não há muito investimento público voltado para a formação dos mestres.

6) Qual sua percepção sobre a influência da Pandemia nas instituições de ensino e os diferenciais do EAD? 

G.C.M:A pandemia tirou das salas de aulas praticamente todos os alunos da Educação Básica do País. Um atraso na formação desses jovens de, no mínimo, 2 anos. Isso porque pouquíssimas escolas possuíam um projeto em funcionamento de educação online, conectada ou ensino a distância. Foi um grande prejuízo! 

No ensino superior, por Resolução do Conselho Nacional de Educação - CNE, as instituições foram liberadas para exercerem o EAD, o que facilitou enormemente a continuação dos estudos em casa.  Algumas instituições, já com larga experiência, formaram melhor seus alunos, sem quebra de continuidade nas aulas presenciais dos cursos superiores. É o caso das melhores instituições privadas. Já as instituições públicas atrasaram demais suas atividades e aulas online, prejudicando muitos alunos, infelizmente.

7) Que mensagem gostaria de deixar aos leitores? 

G.C.M: Nunca é cedo ou tarde demais para se aprender. Temos alunos na MUST com mais de 60 anos de idade. O mundo está mudando e haverá novas carreiras e oportunidades. É fundamental estarmos preparados! Conhecimento é o maior tesouro que podemos investir. Faz a diferença na hora de alcançar o tão desejado emprego ou agarrar aquela oportunidade de empreender. Sem deixar de dizer que é a maior herança para os nossos filhos, afinal uma geração forte se faz com uma geração educada e preparada. Investimento em educação é retorno garantido! 

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Sobre a entrevistada: 

Giulianna Carbonari Meneghello é uma brasileira morando nos EUA, publicitária (Anhanguera Educacional) , com especialização em Administração de Marketing (PUCCAMP), especialista em Jornada do Consumidor (Universidade de Miami- USA), Marketing de Relacionamento em Ambiente Digital (ESPM), mestre em Novas Tecnologias em Educação (MUST University) e Admission Certified (FAPSC -Florida Association of Postsecondary Schools and Colleges). Atuou por mais de 25  anos e fundou, junto com a família, o primeiro Grupo Educacional no Brasil a ir para Bolsa de Valores: Anhanguera Educacional SA. Atualmente é presidente da MUST University na Flórida EUA: uma universidade americana 100% online, que oferece programas de Mestrado em português, inglês e espanhol. Incentivadora do ensino a distância, das novas tecnologias e do empreendedorismo feminino.

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