Thais Ayrala tem 17 anos e é estudante do 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Reverendo Jacques Orlando Caminha D'Avila, na Zona Sul de São Paulo. A
Redação Publicado em 14/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h07
Thais Ayrala tem 17 anos e é estudante do 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Reverendo Jacques Orlando Caminha D’Avila, na Zona Sul de São Paulo. A jovem mora com a avó, que tem diabetes, e com a irmã, que tem problemas respiratórios.
Pensando na saúde da família, ela não pretende retornar ao ensino presencial, mesmo após o anúncio do governo do estado de São Paulo de que as aulas presenciais voltam a ser obrigatórias para 100% dos alunos a partir da próxima segunda-feira (18).
“Em momento algum quero colocar quem eu amo em risco. Podemos correr o risco de repetir de ano por conta disso. Ainda assim, prefiro não colocar minha família em risco”, afirmou ela.
“Eu tomo todos os cuidados para me proteger e proteger minha família, mas não sei se os outros 46 alunos que estudam na minha sala têm o mesmo cuidado”, pontuou Thais.
A exigência também vale para as escolas privadas, mas elas terão prazos definidos pelo Conselho de Educação para se adaptarem.
“Começamos com a obrigatoriedade dos estudantes já na segunda-feira. O Conselho vai deliberar sobre o prazo para as escolas privadas. Vai ter um prazo em que a escola privada poderá se adaptar à regra. Para as redes municipais, deverá ser observada a regra de cada conselho”, disse o secretário estadual da Educação Rossieli Soares, durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (13).
De acordo com o secretário, os estudantes só poderão deixar de frequentar as escolas mediante apresentação de justificativa médica, ou aqueles que fazem parte do grupo de exceções definidos:
A Unesco apoia a decisão do governo e diz que é o momento de reabrir as escolas, especialmente considerando os prejuízos do ensino à distância na aprendizagem.
“Nada substitui o ensino presencial e sabemos que muitos alunos e famílias tiveram problemas de conectividade e nos equipamentos para o ensino hibrido. As populações vulneráveis não têm condições de comprar pacotes de dados e o suporte não foi suficientemente bem estruturado no Brasil, apesar do esforço das secretarias de Educação. A Unesco vêm alertando para a catástrofe que o ensino à distância pode causar na aprendizagem, com perdas educacionais muito expressivas, inclusive no processo cognitivo”, disse Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil.
Giovanna Moura também tem 17 anos e estuda na mesma escola que Thais. Ela compareceu às aulas presenciais quando havia limite de lotação nas salas.
“Eu já estava desconfortável com a presença de apenas 70% dos alunos. Agora, então, um verdadeiro caos”, afirmou.
“Moro com meus pais, que têm quase 40 anos. Poucos pacientes com essa idade acabaram vindo a óbito. Procuro preservar não só minha saúde, mas também a de quem mora no mesmo local que eu”, disse.
“Pretendo terminar meus estudos este ano, aprender as coisas que nossos professores nos passam. Se não comparecer à escola, pode ser que eu não consiga isso”.
“Há alunos que não utilizam a máscara 100% até o final das aulas. Isso aí não vai dar muito bom, não. Como todos nós sabemos, essa doença ainda está matando muita gente”, lembrou.
Giovanna viu a decisão do governo como irresponsável: “Só podem ficar em casa os alunos que apresentarem problemas de saúde. Presenciei gente saudável entrando em óbito por conta do vírus”.
No entanto, a possibilidade de reprovar por faltas a faz reconsiderar a decisão de não acatar a obrigatoriedade.
“Faltam só dois meses para eu concluir os estudos. Nesses dois meses, tudo pode mudar com esse tipo de decisão. O jeito será, sim, comparecer à escola”.
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G1
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