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Investimento estrangeiro direto cai em 2020 na América Latina

Em meio à crise de covid-19, a América Latina e o Caribe receberam, em 2020, o menor valor de investimento estrangeiro direto (IED) da última década. De

Investimento estrangeiro direto cai em 2020 na América Latina
Investimento estrangeiro direto cai em 2020 na América Latina

Redação Publicado em 05/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h24


Valor é o menor em 10 anos e deve ficar estável este ano, diz Cepal

Em meio à crise de covid-19, a América Latina e o Caribe receberam, em 2020, o menor valor de investimento estrangeiro direto (IED) da última década. De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a região recebeu US$ 105,48 bilhões no ano passado, 34,7% a menos que em 2019, 51% a menos que o recorde da série histórica alcançado em 2012 e o menor valor desde 2010.

No âmbito mundial, os valores de IED caíram 35% em 2020, atingindo aproximadamente US$ 1 trilhão, o que representa o valor mais baixo desde 2005. No caso da América Latina e Caribe, a tendência de queda é registrada desde 2013.

As informações estão no relatório anual da Cepal O Investimento Estrangeiro Direto na América Latina e no Caribe 2021, divulgado hoje (5).

De acordo com a Cepal, o contexto internacional sugere que os fluxos mundiais de investimento terão uma lenta recuperação. “Da mesma forma, a busca por ativos em setores estratégicos para a reativação internacional e para os planos públicos de transformação da estrutura produtiva (infraestrutura, saúde, economia digital) indica que grande parte dessas operações teria como destino a Europa, a América do Norte e alguns países da Ásia, aumentando as assimetrias globais”, alerta a comissão.

Na América Latina e no Caribe, os projetos de IED mostraram uma recuperação entre setembro de 2020 e fevereiro deste ano. Entretanto, diz o relatório, de fevereiro a maio de 202, os dados já sugerem uma nova queda no valor dos anúncios. “Nesse cenário, é difícil pensar que as entradas de IED para a região tenham um aumento superior a 5% em 2021.”Investimento estrangeiro direto cai em 2020 na América LatinaInvestimento estrangeiro direto cai em 2020 na América Latina

Nesse sentido, a Cepal pede que os países da região canalizem os fluxos de investimento estrangeiro direto para atividades geradoras de maior produtividade, inovação e tecnologia, de modo a contribuir para mudanças significativas na estrutura produtiva da região. Além de manter a ajuda emergencial aos setores mais vulneráveis da população e às pequenas empresas, para a comissão, os países da América Latina e Caribe devem desenvolver planos estratégicos tanto de retomada como de transformação produtiva, usando a capacidade dos governos e do setor privado para que a política de atração de capitais estrangeiros faça parte da política industrial.

Foram identificados oito setores estratégicos que poderiam ser apoiados pelo IED: a transição para energias renováveis; a eletromobilidade sustentável nas cidades; a revolução digital inclusiva; a indústria manufatureira da saúde; a bioeconomia; a economia do cuidado; a economia circular; e o turismo sustentável.

Investimentos em 2020

De acordo com a Cepal, houve aumento do IED em apenas cinco países da região: Bahamas, Barbados, Equador, Paraguai e México. Este último é o segundo maior receptor de recursos diretos na região, depois do Brasil.

A forte queda nos ingressos de investimento estrangeiro direto no Brasil (-35,4%) e o aumento no México (6,6%) determinaram uma aproximação da participação de ambos os países como destino de IED que não tinha sido visto nos últimos anos (tal participação foi de 42% no caso do Brasil e 30% no do México), diz o relatório.

Os setores de recursos naturais e manufatura, com reduções de 47% e 38%, respectivamente, foram os mais atingidos no ano passado. Já as energias renováveis, apesar de também terem retração nos investimentos, continuaram sendo o setor da região que desperta o maior interesse dos investidores estrangeiros, com 26% do valor total de anúncios.

Os Estados Unidos aumentaram de 27% para 37% sua participação no IED da região em 2020, diante da forte queda na Europa (que baixou de 51% para 38%) e na América Latina (que passou de 10% para 6%).

De acordo com o relatório, a menor queda nos Estados Unidos como origem do IED é explicada, principalmente, pelo aumento dos investimentos deste país no Brasil. Por outro lado, as entradas de Holanda e Luxemburgo, países europeus que tinham mais investimentos no Brasil, caíram em 2020 e em 2019, o que determinou uma queda do peso da Europa como investidora na região.

Do mesmo modo, em 2020, os fluxos das empresas transnacionais latino-americanas também colapsaram, com queda de 73% nos investimentos. “Enquanto o Chile e o México apresentaram aumento nos fluxos de investimento direto no exterior, a Argentina, o Brasil, a Colômbia e o Panamá registraram retrocessos”, diz a comissão.

O relatório da Cepal traz ainda análise sobre as relações comerciais com a China, “país que avança no caminho para consolidação como potência econômica mundial”, e sobre as estratégias de investimento na era digital. Para a comissão, o investimento estrangeiro pode contribuir para a transformação digital na América Latina e no Caribe, mas, se as características estruturais das economias da região não forem consideradas, a digitalização poderia aprofundar as lacunas existentes e gerar maior exclusão e injustiça nessa distribuição de recursos.

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Agência Brasil

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