O IBGE informa que o valor dos produtos de origem animal atingiu R$ 116,3 bilhões de reais em 2022, com o leite representando 68,8% desse valor
Marina Roveda Publicado em 26/09/2023, às 08h09
A pecuária brasileira registrou recordes em 2022, com um aumento de 4,3% no número de cabeças de gado em comparação com o ano anterior, totalizando mais de 234 milhões de bovinos no país. A região Centro-Oeste lidera, com mais de 77 milhões de animais. Segundo o IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal, o valor dos produtos de origem animal atingiu R$ 116,3 bilhões de reais, e o leite representou 68,8% desse total. No entanto, a produção de leite de vaca registrou uma queda de 1,6%, resultando em prejuízos para os produtores.
Uma das principais razões para essa queda é o aumento dos custos associados à criação de vacas leiteiras. Com a rentabilidade reduzida, muitos produtores interromperam a produção de leite e seus derivados, levando a uma oferta menor do produto. Como resultado, o Brasil começou a importar leite, o que gerou um excesso de lácteos no mercado interno. O pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Glauco Rodrigues, aponta que a importação é um dos principais desafios enfrentados pelo setor, com o Brasil importando historicamente de 3% a 4% da produção, mas atualmente importando 10%.
Rodrigues sugere que, a curto prazo, uma maneira de lidar com o excesso de oferta é reduzir as importações, embora reconheça que essa não é uma solução simples.
“No curto prazo, uma forma de resolver o excesso de oferta é tentar dar de fato uma estancada na importação, o que não é algo fácil”.
Para enfrentar essa situação, entidades do setor e parlamentares têm se reunido para buscar soluções que ajudem os produtores afetados. Uma das medidas em discussão é a possibilidade de o governo comprar leite diretamente dos produtores. No entanto, Rodrigues alerta que essa medida, embora possa ajudar a retirar parte do produto do mercado, não resolverá completamente o problema, já que se trata de uma questão de fluxo contínuo de produção e entrada no mercado.
“A questão é mais problemática porque ela não é de estoque, é de fluxo. Você compra esse mês, no mês que vem chega mais e no outro mês chega mais. É uma medida que ajuda, acaba tirando um pouco do produto do mercado, mas ela de fato não resolve. Existem possibilidades analisadas, como tentar colocar o leite em uma lista de exceção, tentar estabelecer alguma salvaguarda”.
O pesquisador da Embrapa enfatiza que os pequenos produtores são os mais afetados por essa situação, pois muitas vezes não têm recursos para lidar com a crise.
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