Nesta quarta-feira (31), o Copom manteve a Selic sem alterações, contrariando expectativas de cortes
Sabrina Oliveira Publicado em 01/08/2024, às 08h21
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (31), manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. Essa decisão foi unânime entre todos os diretores do Copom, incluindo aqueles indicados pelo presidente Lula, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Nas últimas semanas, havia uma expectativa crescente de que o Copom poderia iniciar um novo ciclo de cortes na taxa de juros, principalmente devido aos apelos do presidente Lula para que os juros fossem reduzidos. No entanto, o Banco Central optou por manter a Selic estável, citando preocupações com as contas públicas e o impacto potencial na inflação.
O cenário econômico atual foi decisivo para essa escolha. A Selic estava em 13,75% ao ano em julho do ano passado, e desde então passou por uma série de cortes até atingir os atuais 10,50% ao ano. No entanto, a interrupção nos cortes ocorreu na última reunião do Copom, em junho, quando a taxa foi mantida inalterada.
A decisão do Copom reflete a cautela em relação ao atual cenário fiscal do país. O governo tem a meta de alcançar um déficit zero este ano e em 2025, mas há dúvidas no mercado sobre a viabilidade desse objetivo. O comunicado do Banco Central destacou que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida é crucial para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros.
Além das questões fiscais, o Copom mencionou incertezas externas e o aquecimento do mercado de trabalho no país como fatores que influenciaram a decisão. O Comitê reafirmou a necessidade de manter a política monetária contracionista por tempo suficiente para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação.
O Banco Central também enfatizou que permanecerá vigilante e que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão determinados pelo compromisso firme de convergência da inflação à meta. Essa abordagem cautelosa visa garantir a estabilidade econômica e a confiança no mercado financeiro.
Para o fechamento de 2024, a estimativa do mercado para o juro básico da economia continua em 10,50% ao ano, conforme o relatório "Focus" divulgado pelo Banco Central. Isso indica que o mercado não espera mais reduções na taxa Selic no restante deste ano.
O Copom, composto pelo presidente do Banco Central e oito diretores, se reúne a cada 45 dias para definir a taxa Selic. As próximas reuniões estão agendadas para setembro, novembro e dezembro deste ano, momentos em que novas decisões poderão ser tomadas com base na evolução do cenário econômico.
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