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Decisão do Copom sobre juros pode surpreender mercado, dizem especialistas

Alta do dólar e preocupações com a inflação afetam a decisão do Banco Central

Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik
Imagem ilustrativa - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 18/09/2024, às 09h59


Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve tomar uma decisão que pode mudar o curso da economia brasileira: a elevação ou manutenção da taxa básica de juros, a Selic. Com a inflação e o câmbio pressionando o mercado, a expectativa é de que o Copom opte por um aumento da taxa, que atualmente está em 10,5% ao ano. As apostas giram em torno de uma alta de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, em resposta à recente valorização do dólar e ao impacto da seca prolongada sobre os preços de alimentos e energia.

O cenário que envolve essa decisão é complexo e reflete as incertezas tanto no mercado interno quanto no externo. Desde a última reunião do Copom, realizada em julho, os dados econômicos indicam um quadro de maior cautela. A alta dos preços, em especial no setor de alimentos, tem sido impulsionada por fatores como a seca, que afeta a produção agrícola, e o aumento da tarifa de energia elétrica com a adoção da bandeira vermelha, que encarece o custo para os consumidores.

A última vez que o Copom elevou a taxaSelic foi em agosto de 2022, quando subiu de 13,25% para 13,75%. Desde então, a taxa passou por uma série de reduções, chegando aos atuais 10,5%. No entanto, a recente pressão inflacionária e o aumento nos gastos públicos, conforme indicado no boletim Focus, geram incertezas sobre a capacidade do Banco Central de manter os juros baixos por muito mais tempo. O boletim, que reflete a opinião de analistas de mercado, aponta que a Selic deve encerrar 2024 em 11,25% ao ano, sugerindo uma nova trajetória de alta para os próximos meses.

A reunião do Copom acontece em meio a incertezas sobre o rumo da inflação, que, segundo estimativas, pode fechar o ano em 4,35%, cada vez mais próxima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Essa meta, de 3% para 2024, tem um intervalo de tolerância de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que significa que a inflação pode chegar a 4,5% antes de ultrapassar o limite. A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve uma deflação de 0,02% em agosto, mas o alívio foi temporário, com a previsão de aumento nos próximos meses.

Durante a reunião desta semana, o Copom deve avaliar não apenas o cenário interno, mas também as condições globais. A alta do dólar, que tem pressionado os preços de importados e contribuído para a elevação dos custos de produtos no Brasil, é um fator determinante na decisão sobre a Selic. Além disso, o impacto da seca prolongada, que tem reduzido a oferta de alimentos e elevado os preços no mercado interno, torna o quadro econômico ainda mais instável.

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