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Confira a data de lançamento da primeira moeda digital brasileira

Especialistas avaliam que o DREX deverá baratear as transações

DREX. - Imagem: Divulgação / Banco Central
DREX. - Imagem: Divulgação / Banco Central

Marina Roveda Publicado em 10/08/2023, às 08h28


O Banco Central (BC) estima que a primeira moeda digital brasileira, o Drex, será disponibilizada ao público até o final de 2024. O Drex, abreviação para Digital Real X, será emitido pelo BC em conjunto com as moedas físicas atuais. No entanto, instituições financeiras não poderão emprestar valores em Drex a terceiros. Os primeiros testes já estão sendo realizados pela autoridade monetária.

Em uma entrevista à Jovem Pan News, Orli Machado, CEO da C&M Software, uma empresa especializada em liquidação interbancária que colabora com o BC no desenvolvimento do real digital, explicou a diferença entre essa inovação e o PIX. "O real digital é dinheiro, o PIX é um meio de pagamento. Quando eu utilizo o PIX, eu retiro dinheiro da minha conta. Por exemplo, você é cliente do banco 'X', possui R$ 100 na conta e gasta R$ 50 em uma padaria. Instantaneamente, o saldo da sua conta cai para R$ 50. Com o real digital, você terá uma carteira digital em seu smartphone."

"É semelhante a ir a um caixa eletrônico e sacar os R$ 100. Você terá mobilidade offline, não precisa estar conectado ao seu banco. Mas, se o seu celular for roubado, os R$ 100 também desaparecerão. Se roubarem seu celular e não conseguirem acessar sua conta, no modelo anterior, seus R$ 100 ainda estarão seguros no banco. Precisamos diferenciar entre o meio de pagamento e o dinheiro", esclareceu Orli.

De acordo com o especialista, no futuro, os brasileiros poderão usar o PIXpara transações com o Drex, mas tudo indica que a moeda digital será mais utilizada em movimentações de grande valor.

"Quando você transferir seu saldo bancário para a carteira digital, estará movendo o dinheiro para fora da possibilidade do seu banco. Seu saldo bancário estará zerado. No caso do PIX, o dinheiro permanece sob controle do banco (...) Vejo o Drex sendo usado principalmente para transações de alto valor. Não é proibido fazer transações de pequenos valores com ele, de forma alguma. No entanto, para transações de valor mais baixo ou médio, o meio de pagamento é mais crucial que o valor em si. Para transações de alto valor, naturalmente você vai querer ter uma garantia, evitando riscos de liquidação, inadimplência e problemas. Assim, teoricamente, você optaria por realizar a transação usando o Drex."

O Drex será mais uma ferramenta que permitirá transações sem custo, como explicou o economista André Galhardo. "Até o Plano Real, os bancos dependiam da inflação. A partir da implementação do Plano Real, tiveram que se reinventar, e muitos deles enfrentaram dificuldades financeiras desde então. Não estou afirmando que os bancos, que agora estão muito mais consolidados do que nos anos 1990, enfrentarão dificuldades financeiras, de forma alguma. Apenas acredito que, de fato, assim como DOC e TED constituem hoje uma importante fonte de receita para os bancos, eles terão que se reinventar e criar novos mecanismos."

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