Pesquisa revela que 30% dos moradores do RS consideram mudar de casa por causa de eventos climáticos
Sabrina Oliveira Publicado em 24/06/2024, às 12h37
A recorrente ameaça de enchentes, inundações e secas no Rio Grande do Sul está forçando os moradores a reconsiderar suas escolhas de moradia. Um estudo realizado pela startup Loft, em parceria com a Offerwise, revelou que 30% dos gaúchos estão pensando em mudar de casa devido a esses eventos climáticos. Segundo a pesquisa, 80% dos entrevistados tiveram suas residências diretamente afetadas por enchentes e inundações.
O levantamento, que entrevistou mil adultos entre os dias 4 e 7 de junho, destacou o impacto devastador das recentes cheias e temporais, que já causaram 177 mortes em todo o estado. Para 41% dos participantes, as tragédias influenciaram significativamente o desejo de mudar de local.
"Em todos os recortes que fizemos, incluindo classe social, mais da metade dos brasileiros afirmou já ter sentido o efeito de algum evento climático extremo", explica Fábio Takahashi, gerente de Dados da Loft. Ele ressalta que o número de moradores do RS que não consideram mudar-se é maior do que em estados que não foram atingidos recentemente por enchentes, indicando uma resiliência ou um senso de comunidade mais forte entre os gaúchos.
A empresária Camila Portela, moradora de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, é um exemplo de quem decidiu agir rapidamente. "A gente não pensou nem duas vezes, a gente se olhou e disse, 'não vamos mais voltar, não vamos mais voltar'", conta. Camila se mudou do bairro União, severamente afetado pela enchente, para o centro da cidade após a água invadir sua residência, atingindo 1,70 metro. Ela lembra que uma situação semelhante ocorreu em 2014, quando a inundação chegou a 40 centímetros.
Em Porto Alegre, no bairro Sarandi, a aposentada Eloir Loreto, de 79 anos, também optou por abandonar sua casa.
Era como uma cachoeira entrando. Batia na metade da janela. Eu achava que não ia encher de água. Tu pode imaginar uma casa grande com três quartos, sala de visita, cozinha, sala de jantar, lavanderia. Nada deu para guardar, para tirar", relata.
A água atingiu 1,77 metro, deixando marcas e um cheiro persistente que fez a família decidir por retirar todos os móveis e considerar a venda da propriedade.
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