por Cristiano Medina da Rocha
Publicado em 06/08/2024, às 06h00
O Tribunal de Justiça de São Paulo anunciou recentemente a transição do sistema de processo eletrônico E-SAJ para o E-Proc, uma decisão que tem gerado debates acalorados no meio jurídico. A mudança, aprovada por unanimidade pelo Órgão Especial do TJ-SP, foi fundamentada na necessidade de modernizar o sistema informatizado de processos, visando oferecer uma plataforma de trabalho mais ágil, eficiente, automatizada e moderna. Segundo o presidente do TJ-SP, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, o sistema E-SAJ tornou-se obsoleto, com frequentes situações de indisponibilidade e impossibilidade de atualizações devido a impedimentos normativos.
O sistema E-SAJ, amplamente utilizado, é conhecido por sua interface intuitiva e facilidade de uso, tendo se estabelecido como um padrão confiável em muitos tribunais brasileiros. No entanto, sua obsolescência tecnológica e a falta de atualizações regulares têm sido problemas recorrentes. Além disso, a dependência de versões antigas de softwares, como o Java, para compatibilidade, tornou o sistema menos eficiente e seguro. Por outro lado, o E-Proc, desenvolvido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, é elogiado por sua manutenção pública gratuita. Ele oferece vantagens como controle de prazos, integração com outros órgãos, automatização de tarefas repetitivas e acesso via dispositivos móveis.
Contudo, o E-Proc também enfrenta críticas significativas. Alguns usuários consideram a interface do E-Proc complicada e pouco intuitiva, dificultando a navegação e o uso eficiente do sistema. Há relatos de instabilidade, com quedas frequentes e lentidão, que atrapalham o andamento dos processos e causam frustração entre os usuários. O processo de peticionamento no E-Proc é considerado mais complexo e burocrático em comparação com outros sistemas, como o E-SAJ, o que pode aumentar o tempo necessário para a realização de tarefas simples. A falta de integração eficiente com outros sistemas judiciais e administrativos é uma crítica recorrente, dificultando a comunicação e o compartilhamento de informações entre diferentes plataformas.
Adicionalmente, a curva de aprendizado elevada do E-Proc exige treinamento extensivo para o uso eficaz, o que pode ser um obstáculo para novos usuários. Usuários também mencionam que o E-Proc carece de algumas funcionalidades avançadas presentes em outros sistemas, limitando a eficiência e a capacidade de gerenciamento de processos. As atualizações do sistema são frequentemente criticadas por causar instabilidade e exigir ajustes significativos, interrompendo o trabalho diário dos usuários. Em locais onde o E-Proc foi implementado para substituir sistemas mais antigos, houve resistência significativa por parte dos usuários acostumados com os sistemas anteriores, resultando em uma transição mais difícil e lenta.
A decisão do TJ-SP de adotar o E-Proc foi tomada sem uma consulta prévia à advocacia, o que gerou severas críticas da classe. A ausência de diálogo com a Ordem dos Advogados do Brasil e a falta de participação ativa dos advogados no processo de transição foram vistas como um desrespeito àqueles que diariamente utilizam o sistema. A OAB, por sua vez, manteve-se omissa, aceitando a mudança sem promover qualquer estudo aprofundado ou medida para garantir que a substituição do sistema fosse a melhor opção para a advocacia paulista.
Essa situação evidencia a necessidade de um debate mais inclusivo e transparente. O TJ-SP deveria ter apresentado dados técnicos e fáticos que justificassem a mudança, demonstrando claramente as vantagens do E-Proc sobre o E-SAJ. Paralelamente, a OAB deveria ter promovido um estudo detalhado sobre qual sistema melhor atenderia às necessidades da advocacia no estado de São Paulo, garantindo que a escolha fosse baseada em critérios objetivos e não apenas em decisões administrativas unilaterais.
A mudança de sistema processual no TJ-SP não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão de respeito e valorização da advocacia. A inclusão dos advogados no processo de decisão é essencial para garantir que o sistema adotado seja eficiente, intuitivo e atenda às reais necessidades de todos os operadores do Direito. A falta de consulta e de um estudo aprofundado por parte da OAB revela uma falha significativa na representação dos interesses da classe, que merece ser corrigida para assegurar uma Justiça mais ágil e eficiente para todos.
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