Felipe Lion prova, com seu 'Last Aliens in Rio', que a Bossa Nova pode ser de novo... Nova

A Bossa Nova, um dos estilos musicais mais icônicos do Brasil, provavelmente o mais conhecido internacionalmente, permanece viva e vibrante nas mãos do cantor e compositor carioca, radicado em São Paulo, Felipe Lion e seu projeto inovador: o Last Aliens in Rio - que em português seria algo como “Os Últimos Alienígenas no Rio”.

O gênero teve seu início no final dos anos 1950 e o seu auge na década de 1960. Uma explosão que começou no Beco das Garrafas, na antiga Guanabara (hoje cidade do Rio de Janeiro), se espalhando rapidamente pelo mundo, chegando até ao prestigiado palco do Carnegie Hall em Nova York; no icônico show de 1962, que reuniu uma seleção de 18 artistas, com line up encabeçado por João Gilberto.

Como todo o gênero musical tem seus ícones, com a Bossa Nova não poderia ser diferente. A lista seria grande, mas os nomes que logo vêm à mente são quase sempre os mesmos: João, Tom Jobim, Vinícios de Morais, Nara Leão, Baden Powell, Carlos Lyra (falecido semana passada), Roberto Menescal…

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O problema é que depois de seu ocaso, já nos anos 1970, a Bossa Nova foi deixada de lado pela indústria musical. De fato, foi substituída no gosto do público brasileiro, sucessivamente, pela MPB (anos 1970); pelo rock “brazuca” (anos 80); pelo sertanejo e Funk carioca (1990) e pela música brasileira deste século, que é uma mescla de tudo isso.

A Bossa Nova aparece sim, mas apenas em revisitações históricas e em versões “fofas” de sucessos internacionais. Acredite, há artistas que se especializaram nisso, e alguns fazem grande sucesso nas plataformas streaming (Spotify, Apple Music etc.), mas eles pouco agregam e nada inovam.

Tentando provar que a essência melódica e poética desse gênero pode perdurar no cenário musical contemporâneo, Felipe Lion, não apenas abraça as raízes da Bossa Nova, mas também as reinventa, através do Last Aliens in Rio. Sua abordagem, elegante e sofisticada, desafia as fronteiras do que estamos habituados, introduzindo elementos modernos, às vezes eletrônicos, que coexistem harmoniosamente com a essência clássica da Bossa Nova.

Essa fusão de tradição e inovação posiciona Lion como um verdadeiro pioneiro, que luta para revitalizar o estilo e atrair novos públicos para a riqueza musical do gênero. Assim, podemos dizer que o Last Aliens in Rio (nome que virou uma espécie de pseudônimo para Felipe Lion) não é apenas uma celebração nostálgica do passado; é uma afirmação ousada de que a Bossa Nova é atemporal e adaptável.

O Last Aliens in Rio debutou em 2015, com o lançamento do álbum “Teu Doce Jeito de Dizer Adeus”, pelo selo sueco Mareld. Seguiram os álbuns “Bossa Nova Hotel” (2016) e “Índia” (2019); estes, pelo selo RNC Music, de Milão (Itália), atual gravadora do artista.

Nos últimos anos foram lançados vários singles, inclusive “Only Love Can Lead Us” (2021), uma collab com o artista italiano Max Gabin, famoso por fazer parte da dupla Gabin (com Filippo Clary) cuja música, além do sucesso na Europa, alcançou Hollywood e a indústria cinematográfica americana, fazendo parte da trilha sonora do filme “Sex Driver” e das populares séries “Sex in The City” e “Six Feet Under”.

Com seu novo single, “This Silence”, música composta por Lion e Douglas Capellato, o artista se mostra cada vez mais comprometido com sua visão de Bossa Nova: a suavidade, sem afetação, da voz (quase um silêncio); o arranjo, que muito deve à fantástica performance de Adriano Magoo (piano e acordeão); a qualidade da letra… tudo leva o ouvinte a um estado um pouco mais elevado do que a música atual, no geral, consegue proporcionar.

Se a letra de “This Silence” fala daquele momento íntimo e relaxado de um casal logo depois de fazer amor, a música acolhe esse sentimento e reforça-o, tornado essa combinação um prazer, não só para os ouvidos, mas para todos os sentidos.

O novo single do Last Aliens in Rio já está disponível em todas as plataformas streaming.