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COLUNA

Vergonha: Brasil decide pela abstenção e torna-se decisivo para a não aprovação de resolução sobre as eleições na Venezuela

Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva. - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva. - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 02/08/2024, às 06h00


Durante a votação da resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre as eleições na Venezuela, o Brasil optou por se abster, contribuindo para a não aprovação da resolução. Com 17 votos a favor, 11 abstenções e cinco ausências, a resolução não alcançou a maioria necessária para ser aprovada. Este evento destaca uma série de questões complexas e significativas tanto para a política interna quanto externa do Brasil, assim como para o futuro da Venezuela e da região como um todo.

A posição do Brasil

A decisão do Brasil de se abster na votação reflete o apoio cego do governo brasileiro a ditadores com os quais mantém relações de longa data. Sob o argumento de querer verificar as atas, sob a liderança de Lula, o Brasil deixou de posicionar-se, recusando-se a reconhecer que houve, no mínimo, irregularidades no processo eleitoral e na contagem de votos, que, pelas imagens que têm circulado amplamente nas redes sociais, sinalizavam vitória acachapante da oposição a Maduro. A abstenção tem sido vista como uma tentativa de manter uma postura de aliança com líderes totalitários sob desculpa de que o alinhamento com qualquer das partes poderia trazer repercussões diplomáticas indesejáveis.

Contexto regional

A situação na Venezuela tem sido um ponto de grande controvérsia na região, com vários países expressando preocupações sobre a legitimidade das eleições e a condução do governo de Nicolás Maduro. Países como Chile, Costa Rica e Equador votaram a favor da resolução, refletindo uma postura crítica e intervencionista em relação ao regime ditatorial venezuelano. Os Estados Unidos posicionaram hoje (01), concordando que a oposição obteve vitória incontestável. Por outro lado, nações como Colômbia, México e diversos países caribenhos juntaram-se ao Brasil em sua covardia, abstendo-se de reprovar e repudiar as atitudes do ditador Nicolas Maduro, configurando apoio a regimes de governos ditadores que chegam ao poder e se mantém nele por força, violência, mentiras e engano, e está longe de ser um indicador de uma busca por solução diplomática mais ponderada.

Críticas e desafios

Setores mais conservadores e alinhados com a direita criticam a postura como um sinal de fraqueza e falta de compromisso com os valores democráticos; uma omissão frente a um regime autoritário que desrespeita direitos humanos e princípios democráticos básicos. A crítica central é que, ao não se posicionar firmemente contra o governo de Maduro, o Brasil legitima as ações do tirano e enfraquece os esforços internacionais para pressionar por mudanças significativas na Venezuela.

O papel da OEA

A OEA, como uma organização regional, tem o papel de promover a democracia, os direitos humanos e a segurança na América Latina. A falta de consenso na votação sobre a resolução venezuelana expõe as divisões internas dentro da organização e as diferentes abordagens dos países-membros em relação à crise na Venezuela. E o Brasil foi exposto a esta vergonha diante do mundo: apoiar um tirano e as barbáries que ele tem ordenado contra seu próprio povo. A ausência de uma posição unificada dificulta a implementação de medidas efetivas para abordar a situação e reforça a necessidade de uma estratégia mais coesa e concertada.

Considerações finais

A abstenção do Brasil na votação da OEA sobre as eleições na Venezuela reflete o alinhamento do atual governo com ditadores e suas ações sem limites para manter-se no poder, ainda que pela força e à custa do bem-estar do povo a quem ele deveria proteger e defender. Essa postura traz desafios e críticas, especialmente de setores que defendem uma posição mais assertiva em defesa da democracia e dos direitos humanos na Venezuela. O desenrolar dos acontecimentos na região e as repercussões da covardia do Brasil só poderão ser avaliados plenamente com o tempo, à medida que novas dinâmicas políticas e diplomáticas se desenrolam.

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