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Caso marajó: da indiferença em 2019 com Damares à comoção virtual em 2024 com Aymeê

Caso marajó: da indiferença em 2019 com Damares à comoção virtual em 2024 com Aymeê - Imagem: Reprodução | YouTube
Caso marajó: da indiferença em 2019 com Damares à comoção virtual em 2024 com Aymeê - Imagem: Reprodução | YouTube
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 24/02/2024, às 05h37


Justiça social genuína ou evangelho por pura conveniência?

No último sábado 17/02, um vídeo do programa “Dom Reality”, protagonizado pela jovem cantora Aymeê Rocha, viralizou nas redes sociais. Na canção intitulada "Evangelho de Fariseus", a artista expõe uma importante e válida denúncia sobre o tráfico e a exploração infantil na Ilha de Marajó e, ao mesmo tempo, faz uma insensata e generalizada crítica às igrejas cristãs, como se todas fossem iguais, com os mesmos erros e defeitos.Uma narrativa típica da teologia progressista, que relativiza os fundamentos da fé cristã em prol de uma mensagem mais palatável aos ouvidos modernos, generalizando e apontando o dedo para as igrejas como sendo todas negligentes e repletas de gente egoísta, egocêntrica e indiferente.

A verdade é que, assim como existem igrejas que não tem compromisso algum com o verdadeiro Evangelho e com obras sociais, também existem inúmeras igrejas, grandes e pequenas, de diversas denominações, que não medem esforços para auxiliar os mais necessitados. Porém a igreja não atua sozinha, ela também precisa do apoio da sociedade civil e do governo, obviamente. É um trabalho em conjunto!

Mas, infelizmente, essa tendência de distorcer as coisas para respaldar revolta, indignação, falta de compromisso com o Evangelho que confronta o pecado e que impõe regras de conduta e de fé, está muito presente no meio artístico, taxando as igrejas de vilãs e únicas culpadas de um problema social brasileiro tão complexo e que requer de uma infinidade de recursos para ser combatido, tanto materiais, espirituais, emocionais, tecnológicos, educacionais, quanto jurídicos.

No entanto, muito tempo antes dessa canção ganhar destaque e viralizar, a então ministra do governo Bolsonaro, Damares Alves, já alertava sobre os problemas sociais e a exploração infantil na Ilha de Marajó, no Pará. Em 2019, ao assumir a pasta da Família e dos Direitos Humanos, ela lançou o programa "Abrace o Marajó", buscando implementar ações sociais para mitigar a fome e a miséria que levam à exploração sexual e o tráfico de menores na região. No entanto, suas denúncias foram recebidas com incredulidade e até mesmo hostilidade por parte de muitos setores, incluindo a mídia, artistas, políticos e ativistas. Damares foi humilhada, criticada, exposta e até processada pelo Ministério Público. Uma das celebridades que atacaram a ministra foi a apresentadora Xuxa Meneguel que “coincidentemente”, já esteve envolvida em supostos casos de pedofilia e abuso infantil.

Agora, com o surgimento dessa música que está ecoando pelos 4 cantos da Internet denunciando as mesmas preocupações de Damares, vemos uma mudança de postura por parte daqueles que antes a criticaram, humilharam e ridicularizaram. Agora, todos se tornaram “defensores virtuais” de Marajó, mas os únicos que realmente fizeram algo para ajudar foram Bolsonaro, Damares e os missionários das igrejas que Aymeê colocou no mesmo pacote das que não fazem nada. Isso é resultado da contaminação dos jovens por essa ideologia progressista nefasta através de artistas gospel, "desigrejados", “influencers” tanto cristãos como não-cristãos e das celebridades do mundo secular. Esses são os que passaram a aplaudir e apoiar a mensagem contida na música de Aymeê -que tem Djavan como seu maior inspirador para compor suas canções- só por causa da crítica explícita às igrejas. No entanto, é lamentável que só agora, quando uma narrativa se torna viral nas redes sociais, essas mesmas pessoas decidam prestar atenção a um problema que já era conhecido há anos e que foi amplamente discutido durante o mandato do ex-presidente Bolsonaro.

Enquanto isso, Damares Alves continua incansável em seu trabalho, sempre enfrentando críticas e dificuldades, mas não desiste de proteger as crianças vulneráveis da exploração e do tráfico humano. Seu compromisso com a defesa dos direitos humanos é louvável e deve servir de exemplo para todos nós.

Diante desse fogo cruzado, temos: 1) Oportunistas surfando na “justiça social virtual” que nunca se manifestaram quando Damares levantou essa questão 5 anos atrás. 2) Cristãos que detectam narrativas progressistas e que não só reconhecem a importância e seriedade do que acontece em Marajó, comoacreditaram e apoiaram as ações da ministra em prol do lugar. 3) cristãos que, só agora que a jovem Aymeê emocionou o Brasil com sua linda voz numa composição musical nada gospel, mas sim progressista e “anti-igreja”, se declararam os mais novos “defensores” dos direitos do povo marajoense, pois ainda está em “trading topic”. Semana que vem eles esquecem.

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