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Lara Rouillard se torna 1ª cheerleader brasileira dos Patriots

O Brasil ganhou mais uma representante na NFL. Trata-se de Lara Rouillard, que no mês passado foi anunciada como parte do grupo de cheerleaders do New England

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Redação Publicado em 08/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h55


Mineira de Sabinópolis, Lara trabalha pelo reconhecimento do esporte e pelo seu crescimento no Brasil

O Brasil ganhou mais uma representante na NFL. Trata-se de Lara Rouillard, que no mês passado foi anunciada como parte do grupo de cheerleaders do New England Patriots para a próxima temporada da melhor liga de futebol americano no planeta.

Com mais de uma década de experiência como líder de torcida, período no qual trabalhou para o desenvolvimento desse esporte no Brasil, Lara fez testes em 2019 e 2020 para a equipe, mas acabou não sendo aprovada. Foi só na terceira oportunidade, esse ano, que a brasileira enfim foi convidada a participar do time de cheerleaders dos Patriots.

– Quando eu vi o meu nome no site, no anúncio do time, eu não conseguia parar de chorar de tanta emoção. Foi a realização de um sonho de criança e realmente foi muito especial – disse Lara ao ge.

Cheerleading é só balançar pompons? Engano!

Antes de entrar em detalhes sobre como foi a chegada ao New England Patriots, time da NFL de maior torcida no Brasil, a conversa de Lara Rouillard com o ge foi sobre o esporte cheerleading. Sim, não se trata apenas de uma apresentação artística na lateral dos jogos de futebol americano.

– O que que é um cheerleader? É um membro de um time que ou compete, no caso do cheerleading competitivo, pelo seu ginásio, país ou estado, a gente tem equipes estaduais também. Por outro lado também o que torce de forma organizada para um time esportivo, uma outra modalidade. O sideline está mais dentro dessa categoria, a gente tem o cheearleading competitivo que são níveis diferentes, tem o cheerleading escolar, que é uma formação, uma iniciação que tem um pouquinho do sideline e do competitivo – explicou Lara.

Lara Rouillard conquistou a vaga no time de cheerleaders dos Patriots na terceira tentativa — Foto: Divulgação

Basicamente existem dois tipos: o de sideline, tradicional que estamos acostumados a ver pela televisão em jogos da NFL, e o competitivo, que como o nome sugere é a modalidade mais séria com competições e que atualmente luta para se tornar esporte olímpico.

As competições de cheerleading são divididas em níveis e dentro deles jurados dão nota dependendo dos elementos executados, um pouco parecido com a ginástica artística. Em 2019 o Brasil participou do campeonato mundial da modalidade e terminou na 4ª colocação entre 13 países que disputaram no mesmo nível da seleção brasileira

– O cheerleading é uma modalidade para todos, você tem posições diferentes dentro de um time de cheerleading que você pode ter o magro, o gordo, o baixo, o alto, independente do seu biotipo. Isso é muito legal mesmo. E também da gente conseguir conciliar meninos e meninas dentro da mesma equipe, acho que isso é um diferencial muito grande pra gente estar nas Olimpíadas. A ICU (International Cheer Union) tem feito um trabalho muito bacana voltado para isso, campeonatos mundiais e tudo – explicou.

Assim como o futebol americano, o cheerleading chegou aqui no Brasil nos últimos 20 anos e vem se desenvolvendo. Lara ajudou a fundar a CBCD (Confederação Brasileira de Cheerleading e Dança) e esse ano participou de reunião com o COB para alinhar todos os pontos que seriam necessários para a participação brasileira nas Olimpíadas no caso do esporte entrar para o programa olímpico.

Em 2016 o COI concedeu status provisório de esporte olímpico ao cheerleading, o que significa a possibilidade de integrar as Olimpíadas de Paris em 2024 ou de Los Angeles em 2028.

Conexão Sabinópolis -> Estados Unidos

Lara é de Sabinópolis, cidade de 15 mil habitantes localizada no interior de Minas Gerais. Ela deixou o Brasil aos 14 anos para morar com os pais e o irmão em Cape Cod, nos Estados Unidos. Sem falar inglês, foi o esporte que a ajudou na adaptação ao novo país.

A primeira parada não foi como cheerleader. Rouillard entrou para o time de vôlei no high school em que estudava e lá chamou a atenção da técnica de cheerleading do colégio, Jenn Parks. Inicialmente ela resistiu, mas a treinadora a convenceu.

– Comecei a aprender o cheerleading, quando comecei não sabia nada, nada mesmo. Ela foi me ensinando, uma pessoa que marcou muito a minha vida. Uma pessoa que foi comigo para a final quando não passei na primeira vez pelos Patriots. Nós temos contato até hoje, tenho muito a agradecer a ela – disse Lara.

Depois desse início, Lara Rouillard nunca mais deixou o cheerleading. O esporte se tornou parte da vida dela, mas o caminho até a NFL ainda seria longo. Primeiro, a volta ao seu país de origem.

Retorno ao Brasil

Em 2011 Lara retornou ao Brasil, trazendo junto na bagagem o cheerleading. De volta a Sabinópolis, ela começou a ensinar esse esporte no projeto organizado pelo seu tio na cidade.

Três anos depois ela se mudou para Belo Horizonte e começou a trabalhar com o Get Eagles (que já foi Sada Cruzeiro e atualmente é o Galo FA), time de futebol americano da capital mineira. Eventualmente Lara se tornou cheerleader do Cruzeiro, do futebol, ao mesmo tempo em que trabalhava como professora de inglês. E foi essa insistência no esporte que rendeu frutos.

Chegada nos Patriots

Casada com um americano, Lara retornou em definitivo para os Estados Unidos em 2019 e recebeu convite para participar dos testes para a disputa de uma vaga no time de cheerleaders do New England Patriots.

Fosse uma história de filme, a brasileira teria sido selecionada logo de cara, mas na vida real tudo é mais difícil. Lara foi reprovada em 2019 e em 2020, mas mostrou resiliência, voltou à disputa esse ano e em junho foi anunciada como uma das cheerleaders dos Patriots.

– O dia que entrei para o bootcamp (período de treinamentos), passei da final e entrei no Empower Field House (que faz parte do complexo esportivo do estádio dos Patriots) pensei “aqui é o meu lugar”. Eu não conseguia pensar em outra coisa, estar naquela atmosfera, os outros cheerleaders são pessoas maravilhosas, a organização, o cuidado que os Patriots tem com a gente, o carinho. Eram coisas que eu olhava e meu olho brilhava, ficava “meu Deus quero participar disso”, mesmo já tendo 30 anos, tenho uma filha. São coisas as vezes podiam “me atrapalhar”, mas me ajudaram porque toda vez que eu lembrava disso, pensava na minha filha falando “nossa mãe você conseguiu” – contou.

Antes da vaga nos Patriots, Lara foi convidada para voltar ao colégio onde estudou, Nauset Regional High School, como treinadora da equipe de cheerleaders. A brasileira vai conciliar as duas funções, com o objetivo de inspirar jovens como a sua treinadora fez com ela um dia

– Vai dar para conciliar com os Patriots e é uma coisa que quero muito fazer, porque assim como a Jenn foi lá e mudou a minha vida, gostaria de ter essa oportunidade para mudar a vida de outras pessoas. Hoje tendo essa bagagem, tudo que passei, tudo que vivi, experiências internacionais, realmente consigo trazer isso para a escola e mudar a vida de várias pessoas que estão ao redor. Isso é muito importante para mim, devolver a minha comunidade o que me foi dada – disse.

Sonho realizado. Lara Rouillard será a primeira cheerleader do Brasil na história do New England Patriots, a quarta em toda a NFL (o Miami Dolphins contou três líderes de torcida brasileiras em 2016). Pouco a pouco nosso país vai aumentando a presença na melhor liga de futebol americano do planeta, seja em campo com Cairo Santos, Rodrigo Blankenship (que tem mãe brasileira) e Durval Queiroz, ou fora dele com caras como Caio Brighenti, no departamento de analytics do Detroit Lions.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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