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Irã considera 13 ‘cenários de vingança’ contra EUA após morte de general

O Irã considera 13 "cenários de vingança" em retaliação ao ataque aéreo americano que assassinou o general Qassem Soleimani, comandante das Forças Quds,

Irã considera 13 ‘cenários de vingança’ contra EUA após morte de general
Irã considera 13 ‘cenários de vingança’ contra EUA após morte de general

Redação Publicado em 07/01/2020, às 00h00 - Atualizado às 11h19


Segundo informações do jornal New York Times, aiatolá Ali Khamenei teria ordenado que resposta seja proporcional e direta contra norte-americanos

O Irã considera 13 “cenários de vingança” em retaliação ao ataque aéreo americano que assassinou o general Qassem Soleimani, comandante das Forças Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária. Em paralelo, o Parlamento do país aprovou uma lei que designa como “terroristas” o Departamento de Defesa e todas as Forças Armadas dos Estados Unidos.

Segundo a mídia estatal, o presidente do Conselho Supremo de Segurança Nacional Ali Shamkhani, disse que as 13 opções estão sendo discutidas pelo grupo “e que mesmo um consenso sobre o cenário mais fraco pode ser um pesadelo histórico para os americanos”.

“Eu posso apenas prometer à nação iraniana que a vingança não deverá acontecer em apenas uma operação”, disse Shamkhani, afirmando ainda que o Irã está acompanhando de perto “todos os pequenos passos” das tropas americanas “em suas 19 bases, incluindo as 11 que estão mais perto das fronteiras leste e oeste, e oito bases no norte e no sul do Irã que estão em alerta máximo.

Em paralelo, o Paralemento do país votou uma lei que designa como “terroristas” todas as Forças Armadas dos Estados Unidos A medida é uma emenda a um projeto recente que dava a classificação às tropas americanas localizadas desde o Chifre da África até a Ásia Central, passando pelo Oriente Médio.

“Qualquer ajuda a estas Forças, incluindo as militares, de Inteligência, financeiras, técnicas, de serviço ou logísticas será considerada como cooperação a um ato terrorista”, diz a emenda.

Segundo três fontes ouvidas pelo New York Times, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, fez uma rara aparição no Conselho Supremo de Segurança Nacional horas após o ataque que matou Soleimani na sexta-feira. Durante a reunião, Khamenei teria determinado os parâmetros para uma retaliação: um ataque proporcional e direto contra os interesses americanos.

O tom é similar ao adotado pelo chanceler Mohammad Javad Zarif, em uma entrevista concedida à CNN nesta terça-feira. Segundo o ministro, o assassinato de Soleimani é um ato de “terrorismo estatal” e que o Irã irá responder “proporcionalmente, e não desproporcionalmente”. Ele disse ainda que seu país “não é sem lei, como o presidente Trump”.

Mudança de práticas

O chanceler também criticou a ameaça de Trump de atacar 52 locais no Irã, incluindo pontos importantes para a cultura iraniana, caso a República Islâmica faça ataques contra americanos ou seus interesses. Pela lei internacional, destruir deliberadamente centros e locais culturais de um país é considerado crime de guerra.

Para Zarif, Trump mostrou ao mundo que “está preparado para cometer crimes de guerra, porque atacar pontos culturais é um crime de guerra. Resposta desproporcional é um crime de guerra”.

Isto, na prática, se afasta bastante da atuação de praxe do regime. Desde a Revolução Iraniana de 1979, Teerã geralmente esconde sua operação por trás de ataques realizados pelos grupos paramilitares que cultiva na região. O ataque direto contra um representante do Estado iraniano — prática incomum em tempos de paz — e amigo pessoal do aiatolá, no entanto, faz com que o Irã possa deixar de lado suas táticas tradicionais.

Até o momento, o governo americano baseava-se no cálculo de que Trump não queria uma guerra do Oriente Médio, mas as ameaças que seguiram o assassinato de Soleimani, segundo analistas iranianos ouvidos pelo Financial Times, exige que o governo atue com mais cautela. A resposta imediata, segundo fontes do jornal britânico, deverá englobar esforços para reduzir a influência americana no Oriente Médio.

iG
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