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Hospitalizações por sintomas respiratórios na cidade de SP podem dobrar a cada 5 dias, apontam pesquisadores

O número de hospitalizações por sintomas respiratórios na cidade de São Paulo pode dobrar a cada 3 ou 5 dias por causa de um novo agente infeccioso, segundo o

Hospitalizações por sintomas respiratórios na cidade de SP podem dobrar a cada 5 dias, apontam pesquisadores
Hospitalizações por sintomas respiratórios na cidade de SP podem dobrar a cada 5 dias, apontam pesquisadores

Redação Publicado em 22/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h39


O número de hospitalizações por sintomas respiratórios na cidade de São Paulo pode dobrar a cada 3 ou 5 dias por causa de um novo agente infeccioso, segundo o Observatório Covid-19 BR, formado por um grupo de pesquisadores de diversas universidades que analisa os números da pandemia no país.

A projeção do grupo leva em consideração o aumento brusco de internações por suspeita de Covid-19 na capital paulista. Ainda não está claro, no entanto, se o responsável por este aumento é a variante ômicron do coronavírus ou o vírus da gripe influenza H3N2 – ou ambos.

Considerando os últimos dados disponíveis pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), publicados na última segunda-feira (20), foram registradas 1.218 internações por suspeita de Covid nos últimos sete dias. Isso representa um crescimento de 48,7% em relação aos sete dias anteriores, quando 819 novos pacientes foram admitidos no sistema de saúde com esse tipo de sintoma.

Os pesquisadores emitiram um alerta sobre esse crescimento no município e destacaram que a tendência de queda que vinha sendo observada nos últimos meses passou por uma inversão no começo de dezembro.

Roberto Kraenkel, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e membro do Observatório, disse ao g1 que a tendência projetada é similar à que tem ocorrido em outros países em que a variante ômicron circula há mais tempo, como no Reino Unido, onde o número de internações tem dobrado de 2 a 4 dias, mas que pode haver outras variáveis exercendo um papel.

“A gente vê esse padrão: uma reversão das tendências de queda por uma tendência de subida forte. Há uma dificuldade, que é a gripe que tem ocorrido em São Paulo”, disse.

“A gente não pode afirmar que todos esses casos são efetivamente Covid, porque muitas vezes os sintomas da gripe são semelhantes. Mesmo não sendo Covid, são pessoas com sintomas respiratórios e isso é um peso no sistema de saúde”, completou.

O professor disse que é possível que esse aumento de hospitalizações esteja sendo causado tanto pela variante ômicron quanto pelo vírus influenza H3N2.

Para Kraenkel, independentemente da causa, são necessárias medidas imediatas para conter um cenário de piora da pandemia, incluindo a instrução do uso de máscaras mais efetivas, como os modelos PFF2 e N95, além da aplicação da dose de reforço da vacina.

“Não temos ideia do que pode acontecer daqui a um mês. Já sabemos que existe transmissão comunitária da ômicron. A chegada de uma variante de grande preocupação deveria estar permeando as polícias de saúde no momento. É hora de ligar um alerta. Se ele já existe, ainda não foi divulgado com clareza para a população e as pessoas que estudam a pandemia”, disse.

Apagão de dados

Os pesquisadores do Observatório Covid-19 BR apontaram que ainda não é possível comparar a situação epidemiológica de São Paulo com outras cidades brasileiras, já que os sistemas de informações em saúde do governo federal estão com problemas desde o ataque cibernético sofrido em 10 de dezembro.

Kraenkel apontou ainda que o monitoramento das variantes poderia dar mais respostas sobre os motivos da subida em hospitalizações, mas que esse trabalho não ocorre em um ritmo rápido o suficiente.

“A gente faz poucos testes e tem um escuro de um sistema que sempre foi um pouco lento”, afirmou.

Segundo o grupo de pesquisadores, este cenário impede uma tomada de decisão mais rápida e assertiva, o que é preocupante em um período de viagens e encontros que ocorre no final do ano.

O que diz a prefeitura

A prefeitura informou, em nota, que tem registrado um aumento significativo na demanda de atendimento das unidades de saúde a pessoas com sintomas gripais e que intensificou as ações de monitoramento com a realização de testes rápidos em suas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), Prontos Atendimentos (PAs) e prontos-socorros, no setor de triagem, para identificar os casos positivos de Covid-19.

Veja a nota na íntegra:

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), informa que a rede tem registrado um aumento significativo na demanda de atendimento das unidades de saúde a pessoas com sintomas gripais. Em novembro de 2021, a SMS registrou um total de 111.949 atendimentos de pessoas com sintomas gripais, sendo 56.220 suspeitos de Covid-19. Neste mês, até segunda-feira (20), a SMS registra um total de 156.629 atendimentos com quadro respiratório, sendo 73.718 suspeitos de Covid-19.

A SMS destinou parte dos leitos do Hospital Municipal da Brasilândia para o acolhimento e tratamento dos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (Srags) na cidade. A estratégia da gestão municipal é concentrar os pacientes em uma unidade para o devido acompanhamento e realizar o painel viral das pessoas internadas, contribuindo para a identificação da cepa viral de influenza, entre outros vírus, que circulam na capital. Desde sábado (18), os pacientes diagnosticados com as síndromes respiratórias e que necessitam de internação já estão sendo transferidos para essa unidade hospitalar. Além disso, a rede municipal está contratando 280 médicos e instalando tendas em UPAs e AMAs para agilizar a triagem e atendimento da população.

Devido ao aumento dos vírus respiratórios, dentre eles, a influenza, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da capital enviou, no dia 17 de dezembro, ofício ao Ministério da Saúde (MS) e Secretaria de Estado da Saúde (SES) solicitando mais doses da vacina contra influenza à cidade de São Paulo. Por se tratar de uma campanha com período delimitado, não há previsão para reposição dos estoques.

A SMS tem intensificado as ações de monitoramento e iniciou na quinta-feira (16), a realização de testes rápidos em suas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), Prontos Atendimentos (PAs) e prontos-socorros, no setor de triagem, para identificar os casos positivos de Covid-19.”

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G1
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