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Febre maculosa: saiba mais sobre a doença, seus sintomas e como tratar a infecção que pode levar à morte

A morte rápida de uma adolescente de 15 anos com sintomas de febre maculosa, em Salto (SP), no fim de semana, fez ressurgir a preocupação sobre a doença

Febre maculosa: saiba mais sobre a doença, seus sintomas e como tratar a infecção que pode levar à morte
Febre maculosa: saiba mais sobre a doença, seus sintomas e como tratar a infecção que pode levar à morte

Redação Publicado em 01/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h23


Estudante de 15 anos, de Salto (SP), morreu infectada pela doença nove dias após sentir os primeiros sintomas. Apesar do caso chamar a atenção, números indicam menos registros de febre maculosa em 2018. Médico infectologista explica como é feito o tratamento.

A morte rápida de uma adolescente de 15 anos com sintomas de febre maculosa, em Salto (SP), no fim de semana, fez ressurgir a preocupação sobre a doença transmitida pelo carrapato-estrela. O laudo laboratorial comprovando a causa da morte ainda não foi emitido.

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Laura Bertajoni Vicente, de 15 anos, morreu por febre maculosa em Salto (SP) (Foto: Reprodução/Facebook)

Apesar da comoção, dados do Ministério da Saúde mostram que o número de casos em 2018 ainda está abaixo da média registrada em 2017.

Em 2018, 62 pessoas foram infectadas pelo vírus em todo o Brasil e 16 morreram. A maior parte dos casos estão concentrados na região sudeste do país, sobretudo nos estados de Minas Gerais e São Paulo – onde morreram 14 das 16 vítimas da doença. Em 2017, foram 188 casos em todo o ano, com 65 mortes.

Transmissão

A febre maculosa é uma doença infecciosa que pode atingir pessoas de todas as idades, independente das condições de higiene e saneamento básico, por exemplo, já que o carrapato se hospeda até em animais domésticos.

De acordo com o médico infectologista Carlos Lazar, professor da PUC-Sorocaba, a transmissão ocorre depois que o carrapato pica um animal infectado pela Rickettsia rickettsii. Quando o carrapato que carrega a bactéria pica o ser humano, a doença é transmitida. Não há contágio pelo ar.

O especialista explica que o vírus da febre maculosa pode ser transmitido por três espécies de carrapatos, mas o principal é o carrapato-estrela.

“A bactéria aparece mais comumente nos carrapatos presentes em capivaras, mas o aracnídeo pode estar em cavalos ou até em cachorros domésticos que tenham contato com animais silvestres”, afirma.

O ser humano pode ser picado pela larva do carrapato ou pela ninfa, que é a fase intermediária. Mas a dor no local só é percebida se a picada por de um carrapato adulto.

Capivara é o animal transmissor mais comum, mas não é o único (Foto: Alcides Rocha/VC no TG)

Capivara é o animal transmissor mais comum, mas não é o único (Foto: Alcides Rocha/VC no TG)

Capivaras

O biólogo Nelson Rodrigues explica que carrapatos infectados disseminam a bactéria principalmente ao se alimentarem de sangue de mamíferos, como a capivara, e carrapatos não infectados podem contrair a bactéria ao se alimentarem de sangue de um mamífero infectado.

Nelson esclarece que o carrapato macho também pode transmitir a bactéria para as fêmeas através da reprodução. O biólogo também explica que a capivara não fica doente ao carregar a bactéria.

“Apenas cães e humanos exibem doenças clinicamente reconhecíveis e, portanto, a capivara não tem a doença, é apenas o animal hospedeiro da bactéria”, diz. De acordo com o biólogo, é difícil determinar a origem da bactéria, mas ela deve existir há milhares de anos e deve estar associada aos mamíferos há muito tempo.

Marcelo Kenjy Motozon, tio da adolescente, suspeita que a contaminação possa ter ocorrido por meio de capivaras que vivem em um lago próximo da casa onda ela morava, e onde costumava andar de bicicleta.

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas da doença podem aparecer de dois a sete dias após a picada. Os principais sinais são:

  • Febre;
  • Dor muscular;
  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Dores de cabeça;
  • Manchas vermelhas nas extremidades do corpo.

O médico Carlos Lazar explica que nem sempre as manchas avermelhadas aparecem no paciente, o que pode dificultar o diagnóstico. Por isso, a principal forma de descobrir a doença é averiguar se a pessoa que apresenta os sintomas esteve em uma área de mata ou próxima de animais transmissores.

O paciente, tendo a certeza que foi picado pelo carrapato, ou apresentando sintomas característicos de febre maculosa, deve procurar um médico e iniciar o tratamento. Lazar afirma que a medicação é indicada mesmo antes de sair o laudo do exame de sangue.

No caso da estudante de Salto, o primeiro sintoma foi a dor de cabeça. “Achamos que ela pudesse ter comido algo e feito mal, mas depois também surgiram as convulsões. Foi muito rápido”, explica o tio.

Tratamento

O tratamento mais efetivo no combate à febre maculosa é realizado com antibióticos. Segundo o médico infectologista, a medida só será eficaz uma semana depois do início da medicação.

O médico enfatiza que, quanto mais rápida a descoberta da febre maculosa, maior a chance de um tratamento eficaz. A demora no diagnóstico e início da medicação pode acarretar em falências renais e hepáticas e, posteriormente, levar a morte.

Lazar afirma que, em caso de cura do paciente, em uma semana a pessoa já apresenta melhora e pode receber alta médica.

Prevenção

Não exite vacina contra a febre maculosa. A forma mais eficaz de se proteger, segundo o médico, é retirar o carrapato do corpo em até seis horas após a picada.

“A pessoa picada não deve espremer ou queimar o animal, já que isso facilitaria a liberação de bactéria e infeccção por meio do carrapato”, alerta o doutor Carlos Lazar.

A orientação é retirar o aracnídeo com a ajuda de uma pinça ou procurar o posto de saúde mais próximo para fazer a remoção correta. Outra forma de proteção é usar roupas de mangas comprimidas e botas quando entrar em área de mata, deixando menos partes possíveis do corpo expostas.

Também é indicado usar roupas claras, já que isso facilita enxergar o carrapato. Repelentes contra insetos ajudam a evitar a aproximação do carrapato.

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