Segundo informações da Polícia Civil, o advogado de defesa de Kelly Regiane Queiroz alegou que a cliente tem residência fixa e que os crimes praticados não foram violentos, por isso ela estaria apta a responder em liberdade.
Em nota, a Santa Casa de Ibirá, onde a mulher trabalhou por três meses, e atendeu centenas de pessoas, disse que foi induzida ao erro pela criminosa, que apresentou os documentos necessários para contratação.
As investigações avançaram e a polícia descobriu que a suspeita também atendia pacientes em Ibirá – onde foi flagrada – em Paulo de Faria (SP), Poloni (SP), Pindorama (SP), Orindiuva (SP) e, em São José do Rio Preto (SP), em uma clínica particular.
Ainda de acordo com a polícia, Kelly Queiroz também atendia pacientes a domicílio como nutróloga e até a supervisionava estágios de estudantes de medicina de uma faculdade de Rio Preto.
Pacientes que foram atendidos pela falsa médica começaram a procurar a polícia para relatar como a estelionatária agia.
Em um dos casos, de um paciente em Tabapuã (SP), a vítima disse que a suspeita chegou a pesquisar na internet o diagnóstico sobre o que fazer em caso de nariz quebrado pelo celular.
“Eu cheguei para a consulta e ela pegou o celular. Expliquei que levei uma pancada no nariz e ela começou a pesquisar no Google. Disse para eu ficar de repouso por uma hora no hospital. Se eu tivesse ânsia de vômito seria mais sério”, afirma o operador de lojas Luan Henrique dos Santos.
Investigação
O delegado que investiga o caso, Roberval Costa Macedo, disse que emitiu um aviso para outras delegacias e que vai solicitar que outras vítimas sejam ouvidas sobre o caso.
“O caso deixou de ser pontual e tomou dimensão maior, até mais do que imaginávamos. Foi emitida mensagem para todas as delegacias, com foto da falsa médica, para casos semelhantes”, afirma o delegado.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) disse também que abriu sindicância para investigar como a falsa médica conseguiu atender tantos pacientes na região noroeste paulista.
Entenda o caso
A mulher, que atendia usando o nome de uma dermatologista da capital paulista, tinha por coincidência o mesmo nome da vítima: Kelly Queiroz. Ela havia memorizado os dados pessoais da verdadeira médica.
Kelly usava o nome de uma médica da capital, que teve documentos, o jaleco e o carimbo roubados em São Paulo no ano passado. A mulher foi presa por exercício irregular da medicina, identidade falsa e comprar de documentos roubados.
“Em fevereiro de 2016, quando sofri um assalto em São Paulo, cidade onde moro, fui roubada no farol. Ele [o criminoso] quebrou a janela do meu carro, levou minha bolsa com todos meus pertences profissionais e agora uma pessoa estava se passando por mim e fazendo consultas como clínica normalmente”, lembra a verdadeira médica Kelly Queiroz Cardoso.
Além dos transtornos por causa da falsificação do registro profissional, a verdadeira médica diz que teve um prejuízo de quase R$ 100 mil, porque a estelionatária teria aberto até conta no banco, com os documentos dela.
A mulher foi presa na cadeia de Santa Adélia, mas foi transferida para o presídio de Pirajuí (SP).