O ex-conselheiro do Santos Márcio Antonio dos Santos Rosas foi absolvido na última sexta-feira. Ele era acusado de injúria racial contra uma ex-funcionária do clube em denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo, mas foi considerado inocente pela juíza Luciana Castello Chafick Miguel, da 4ª Vara Criminal de Santos.

O processo corria desde 2019, quando Márcio Rosas enviou um áudio para um grupo de WhatsApp. Na mensagem, o ex-conselheiro usa palavreado chulo e o termo “neguinha” para se referir à mulher. A promotora Maria Pia Woezl Prandini, do MP, pontuou na denúncia que Rosas injuriou a funcionária “ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, utilizando-se de entonação e palavras depreciativas referentes à sua raça e ao gênero feminino”.

Em sua decisão, a qual o ge teve acesso, a juíza Luciana Castello admite que o áudio “demonstra comportamento inadequado com relação ao sexo feminino, é extremamente ofensivo e constrangedor”, mas entende que não há como provar que era direcionado à funcionária ouvida no processo.

A decisão ainda diz que não há no áudio injúria racial, “hipótese normativa destinada a ofender determinado grupo racial ou étnico, ou seja, o emprego de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima.”

A juíza cita o fato de o áudio ter sido enviado a um grupo de WhatsApp e ter sido compartilhado “a exaustão” noticiando que Márcio Rosas falava sobre a funcionária, mas sem a possibilidade de provar que a funcionária em questão era realmente o alvo das palavras do ex-conselheiro.

No processo, a funcionária ouvida alega que era a única “neguinha” do departamento em que trabalhava e cita uma conversa presenciada por Márcio Rosas dias antes de o áudio ser enviado em que falava-se sobre as persianas de janelas de sua sala, na Vila Belmiro. No áudio, o ex-conselheiro usa a palavra “persiana”.

Matheus Rodrigues e Pedro Doria, membros do Comitê de Gestão do Santos na gestão do presidente José Carlos Peres, testemunharam a favor da funcionária. Alexandre de Almeida Librandi, ex-funcionário, e Mario Badures, vice-presidente do Peixe na gestão de Orlando Rollo, testemunharam a favor de Márcio Rosas.

Badures disse, no processo, que o conselheiro exerceu “papel fundamental” em todas as passagens pelo clube. Disse, também, que acreditava haver uma questão política por trás da acusação. Por outro lado, o ex-vice-presidente fez diversos elogios à ex-funcionária, “sempre elogiada por todos (…) e inexiste qualquer fato que desabonasse sua conduta enquanto profissional ou pessoal.”

Márcio Rosas, em sua defesa, admite ser o autor do áudio, mas nega que tenha sido direcionado à ex-funcionária. Admitiu, também, o uso do termo “neguinha” e disse que é assim que chama sua esposa, com quem é casado há 28 anos.

Diante do depoimento de todas as testemunhas, a juíza Luciana Castello julgou as acusações improcedentes e encerrou o caso. A agora ex-funcionária foi demitida do Santos no fim de 2020.

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Fonte: GE – Globo Esporte.