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Empresário diz que aporte para Emurb “é uma farsa”; Edinho sabia, acusa

Jair Viana

Empresário diz que aporte para Emurb “é uma farsa”; Edinho sabia, acusa
Empresário diz que aporte para Emurb “é uma farsa”; Edinho sabia, acusa

Redação Publicado em 13/06/2018, às 00h00 - Atualizado em 14/06/2018, às 14h38


Segundo o empresário Wagner Costa, a empresa não precisava dos R$ 350 mil; o custo mensal da digitalização seria de R$ 21 mil; prefeito minimiza crise e atribui a “uma grande fantasia”.

Jair Viana

“O prefeito Edinho Araújo sabia que o aporte de R$ 350 mil era para cobrir o rombo no caixa da Emurb, não para a digitalização da área azul”. Com esta afirmação, o empresário Wagner Costa, que detonou o “escândalo” que virou caso de polícia, investigado pelo Ministério Público e por uma Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara de Rio Preto.

Com esta declaração de Costa, pela primeira vez o prefeito Edinho cai no núcleo da investigação. O empresário afirma que o projeto de digitalização da zona azul “é uma fraude, uma farsa”. Ele mostra documentos que comprovam tudo o que diz sobre o uso do aporte. O BOM DIA teve acesso, com exclusividade, ao balancete da Emurb, de dezembro de 2017, que aponta o rombo.

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A audiência da CPI da Emurb marcada para a próxima segunda-feira (18) promete abalar os alicerces do governo e jogar mais gente nas garras da CPI. Wagner, que no início foi visto como vilão da digitalização, com suas provas e declarações está prestes a virar o mocinho. Ele garante que vai dizer quem está envolvido no caso. Ao BOM DIA, revelou que esteve reunido pelos menos duas vezes com Edinho Araújo, Vânia Pelegrini, Zeca Moreira (chefe de gabinete) e Gibran Belasques. “O prefeito sabia de tudo. Ele sabia do rombo no caixa da Emurb”.

Como testemunha-chave do escândalo, Wagner Costa, juntou balancete de dezembro de 2017 e janeiro de 2018, que apontam um rombo de R$ 387 mil no caixa da Emurb. Segundo ele, quando foi apresentado o projeto aos vereadores “os fiscais já estavam em treinamento para atuar com a digitalização. Estava tudo pronto. Isto prova que não havia necessidade do aporte”, O dinheiro, segundo Costa “era só para cobrir o rombo”, afirmou.

O empresário reforça várias vezes que a Emurb “não precisava do aporte, pois com a sua própria arrecadação cobriria os custos da digitalização da zona azul”, disse. Ele explicou que o custo total seria de R$ 21 mil, distribuídos da seguinte forma: R$ 9.9 para a empresa Compex Tecnologia, que vendeu a impressora por R$ 99 mil, divididos em dez prestações. Sua empresa, a Innovare Informática receberia R$ 6,4 mil por mês e a Vivo R$ 6 mil.

NEGOCIOU – Costa revela que negociou com a Vivo os aparelhos das 120 linhas compradas para operar o sistema. Todos os aparelhos celulares, segundo ele, a Vivo cedeu em regime de comodato para a Emurb. “Sendo assim não houve gasto com os aparelhos celulares”, afirma.

O primeiro pagamento no valor de R$ 9.9 para empresa Compex, foi em Janeiro de 2018. O pagamento de R$ 6 mil para Vivo, também aconteceu em Janeiro deste ano.

Em dezembro do ano passado, Vânia Pelegrini, à época presidente da empresa, o diretor financeiro, Gibran e o empresário Wagner Costa, apresentaram o projeto de digitalização da zona azul aos vereadores, insistindo para que aprovassem em razão da necessidade de implantar o projeto. “Naquele dia, os fiscais já estavam sendo treinados para trabalhar com a digitalização. Estava tudo pronto; equipamentos comprados. Foi uma farsa”, diz Costa, arrependido de ter participado.

O empresário aponta ainda que o aporte pedido pela ex-presidente Vânia Pelegrini, era de R$ 500 mil, negado pelo chefe de gabinete do prefeito. O valor acertado ficou em R$ 350 mil. Wgner Costa insiste em afirmar que não era necessário o aporte. “Em dezembro, a Emurb fechou o caixa com um prejuízo de R$ 37,2 mil”, afirmou.  Ele disse que o custo com a digitalização ficaria menor que com o uso dos talões.

SIGILO – Wagner Costa, na segunda-feira, pretende colocar á disposição da CPI a quebra de seu sigilo telefônico. Ele disse que no dia 5 de janeiro deste ano, em conversa telefônica com a ex-presidente da empresa, Vânia, ela teria confessado o pedido de R$ 500 mil. “Eles (Vânia e Gibran) queriam tapar o rombo e usar o restante na digitalização”, conta o empresário.

Para Wagner, a presença do diretor financeiro da Emurb, Gibran Belasques, na audiência de segunda-feira será importante. “Quero provar que ele sabia de tudo sobre o uso do aporte”, disse. “Quero provar que foi montada uma farsa para enganar os vereadores, fazendo com que eles aprovassem o aporte financeiro”. Um dia antes da votação, em dezembro do ao passado, Wagner, Gibran e Vânia estiveram na Câmara para apresentar o projeto de digitalização “foi tudo uma farsa, uma fraude”, disse Costa.

OUTRO LADO – O prefeito Edinho Araújo não quis entrar em detalhe sobre as acusações, afirmando, pela assessoria, que não iria comentar, desacreditando as declarações de Wagner

Costa: “Isso e uma grande fantasia”, diz a pequena nota da Secretaria de Comunicação. Vânia Pelegrini foi procurada, porém, até o fechamento desta edição não havia se manifestado.

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