Durante os piores meses da pandemia até agora no estado de São Paulo, as regiões com maior concentração de pessoas de baixa renda e dependentes dos serviços
Redação Publicado em 03/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h51
Durante os piores meses da pandemia até agora no estado de São Paulo, as regiões com maior concentração de pessoas de baixa renda e dependentes dos serviços de saúde pública do Sistema Único de Saúde (SUS) também foram as que tiveram os menores esforços de testagem do tipo RT-PCR, que detecta se o vírus está ativo nas pessoas com ou sem sintomas da Covid-19.
Os dados são de um estudo inédito elaborado pela Rede de Pesquisa Solidária, uma iniciativa de pesquisadores e pesquisadoras de universidades de dentro e fora do Brasil para contribuir com a produção de conhecimento sobre a nova doença.
Para as pesquisadoras Tatiane Moraes, da Fiocruz no Rio de Janeiro, e Lorena Barberia, da Universidade de São Paulo (USP), que fazem parte da coordenação da rede, a análise dos dados indica que a desigualdade regional pré-existente no estado tem prejudicado mais os
As regiões que têm essa estrutura local… elas têm um maior acesso à testagem. Então, esse é um primeiro ponto. E um segundo ponto que merece destaque é que as regiões de saúde onde tem uma maior vulnerabilidade social e uma população mais dependente do SUS e do sistema público de saúde, a testagem é menor.
“As regiões que têm essa estrutura local têm um maior acesso à testagem”, explicou Tatiane Moraes. “Então, esse é um primeiro ponto. E um segundo ponto que merece destaque é que as regiões de saúde onde tem uma maior vulnerabilidade social e uma população mais dependente do SUS e do sistema público de saúde, a testagem é menor.”
Um dos laboratórios públicos usados no processamento de testes PCR para Covid-19 é o da Faculdade de Odontologia do campus da USP em Bauru, que conta com um equipamento que automatiza uma das fases do processamento para permitir o aumento da quantidade de amostras testadas por dia — Foto: Divulgação/FOB-USP
Além da evidência de que a desigualdade regional no estado prejudicou mais a população que mais depende da rede pública de saúde, o estudo mostra que, conforme se passaram as semanas no período entre março e agosto, todas as regiões demonstraram piora nos quesitos que indicam a qualidade do monitoramento do contágio.
O indicador de esforço de testagem atribui pontuações para sete critérios diferentes, baseadas, nas orientações oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Centro de Controle de Doenças do governo dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), do Instituto de Saúde Global da Universidade Harvard e do Covid-19 Tracking Project, um projeto voluntário para reunir informações sobre testagem nos EUA.
Com base nos dados oficiais divulgados pelo Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi) do governo paulista, a pesquisa analisou as amostras coletadas diariamente em cada município do estado, além da estrutura de laboratórios da plataforma coordenada pelo Instituto Butantan, para verificar a pontuação de cada região e em cada semana.
Na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), o laboratório que realiza testes PCR para detectar o Sars-Cov-2 também conta com um equipamento de extração do RNA do vírus automatizado — Foto: Crédito: Divulgação/Famerp
A pontuação dos sete critérios foi transformada em uma escala de 0 a 100, onde 100 indica o maior esforço de testagem possível.
Segundo as pesquisadoras, a pontuação mais alta que o estado de São Paulo chegou foi de 50, e durante as semanas epidemiológicas 10 a 13, ou seja, entre 1º e 28 de março.
Depois disso, apesar de o governo ter registrado um aumento nominal da testagem no estado, esse aumento não foi suficiente em termos relativos à disseminação do novo coronavírus na população.
Entre as semanas 23 e 35, que representam os meses de junho, julho e agosto, a pontuação nas regiões variou entre 11 e 22, dentro da escala de 0 a 100.
Os números mostram que as regiões com o pior indicador são Barretos, Franca, Registro, São João da Boa Vista e Taubaté (veja na tabela abaixo):
“Houve uma melhoria no início da pandemia, mas, ao longo da pandemia, em todo o estado e em todas as DRS, caiu o esforço para testagem”, explicou Lorena Barberia, professora e pesquisadora da USP.
“Quer dizer que a gente está deixando de tratar pessoas que estão com o vírus ativo, deixando de rastrear contatos e isolar essas pessoas, então continuamos transmitindo o vírus pra mais pessoas e tendo mais casos e mais óbitos.”
Cada quesito foi elaborado com base nas indicações oficiais do que especialistas em saúde consideram um esforço adequado das autoridades.
De acordo com Barberia, a ideia por trás do indicador era ir além do total de testes por habitantes e da taxa de positividade. “Não basta só dizer se está a taxa alta, a gente precisa identificar as falhas e quais são os tipos de iniciativa que faltam ser tomados em conta”, afirmou.
Já Moraes ressalta que São Paulo tem uma posição privilegiada em relação ao restante do país em relação à existência de laboratórios públicos para a realização de testes, mas que isso não tem sido aproveitado para de fato rastrear a doença, como ocorre em outros países.
“A capilaridade do Instituto Adolfo Lutz e as universidades, só o estado de São Paulo tem. Então ele tem um estágio prévio que se assemelha a países desenvolvidos, ma um resultado final que não, que fica aquém”, explicou ela.
Segundo Ralcyon Teixeira, médico infectologista e membro do Comitê de Contingência do Coronavírus, do governo estadual, a indicação oficial é ainda testar apenas os casos sintomáticos. “É indicado a testagem pra todo caso sintomático. Todo indivíduo com sintoma da Covid-1, hoje será testado com o teste RT-PCR, se ele estiver na fase aguda. Existem testes sorológicos que são feitos, os inquéritos sorológicos, com teste rápido, mas aí é um outro raciocínio, para investigação epidemiológica. Mas, para casos agudos, existe um programa de testagem dos casos sintomáticos e uma avaliação dos contactantes. Eles ficam em vigilância e, se tiverem sintomas, também o exame deve ser realizado”, explicou Teixeira.
O governo admitiu, porém, que o tempo médio de espera até o resultado do teste aumentou para entre cinco a seis dias, o que está acima do ideal.
Além disso, os dados preliminares indicam que o estado de São Paulo terá queda na testagem PCR na rede pública para outubro. Será o segundo mês consecutivo de queda. Em setembro, os dados divulgados até esta segunda (02) apontam para queda de 16% em relação a agosto, e com valores mais baixos inclusive que em julho.
Para Tatiane Moraes, da Fiocruz, a testagem por RT-PCR tem que ser uma prioridade.
“Eu acho que isso ainda a gente não viu. A gente não viu testagem e controle da pandemia como prioridade. Principalmente usando melhor a rede básica, disponibilizando para os mais vulneráveis a testagem, reestruturando um pouco esse acesso dentro dos hospitais.”
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G1
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