Diário de São Paulo
Siga-nos

Coletivo ensina corte e costura a mulheres cis e trans e com dependência química em São Paulo

O lucro é revertido em doações para outras organizações sociais e para reverter os custos de produção para o funcionamento do coletivo.

COLETIVO
COLETIVO

Redação Publicado em 07/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h19


A organização social “Tem Sentimento” oferece trabalho e educação a mulheres com dependência química que moram no Centro de São Paulo, muitas delas na região da Cracolândia, região de comércio de drogas nas ruas da capital. Dentre as integrantes do projeto estão mulheres Cis e Trans que recebem aulas gratuitas de costura e apoio em moradia e alimentação.

A assistente social Carmen Lopes, coordenadora do projeto, explica que as ações envolvem desde o autocuidado até apoio à obtenção de renda.

“Ela (as mulheres integrantes do projeto) já vem de uma violência da rua, né. A maioria aqui são dependentes químicas e a gente tem esse olhar de como cuidar delas. Aqui não é permitido usar nenhum tipo de droga”, afirma Carmem.

A ONG atende atualmente 14 mulheres, que se dividem entre as funções de corte e costura e todas etapas de confecção de moletons e casulos (peças costuradas para combater o frio e doadas para moradores de rua, bolsas e carteiras.

O lucro é revertido em doações para outras organizações sociais e para reverter os custos de produção para o funcionamento do coletivo.

O projeto também atende moradores de rua da região da Cracolândia, fazendo a entrega de 500 marmitas doadas pela Secretaria de Direitos Humanos do Estado de São Paulo. As próprias mulheres atendidas pelo projeto fazem a distribuição.

Mulher trans, Viviane Alcântara conta que chegou ao projeto depois da pandemia sem saber nada de costura: “Como veio a pandemia, aí comecei a pedir marmita aqui, vinha pegar marmita. Conheci o coletivo aí fui me interessando esperando uma oportunidade, né. E como eu também era usuária de drogas, aí eu comecei aprendendo. Mas eu não sabia nada. Tinha muito medo de pegar numa máquina”, diz a participante.

Segundo a direção do coletivo, a primeira coisa que as participantes aprendem são as diversas funções que envolvem todo o processo, desde o corte inicial até a finalização das peças.

Edina Muniz, que também participa da ONG, conta que acabou indo parar na rua depois que ficou sem emprego e sem comida em casa para alimentar seus três filhos e o neto que ajudava a criar.

“Eu cheguei a ficar desempregada e as contas chegou a vir, o meu armário vazio, e eu não conseguia mais nada. Não conseguia mais emprego. E eu sempre trabalhei. Aí foi onde eu comecei a me aprofundar na cachaça e na droga”, relembra.

Dani Amorim também é uma das mulhere trans atendidas pelo coletivo. Ela conta que chegou até o projeto em um momento em que estava sem emprego e renda.

“Eu fazia bicos de panfletagem e não tinha uma renda fixa, não tinha muita perspectiva do que eu ia fazer também naquela hora. Ela conta que seu maior desejo é a profissionalização na área do circo, e que veio para São Paulo para tentar realizar seu sonho”, relembra.

“Fiz alguns trabalhos de circo pra procurar me profissionalizar. E aí eu vim pra São Paulo pra tentar tirar meu Drt (registro profissional) em 2019, só que não deu certo. Aí logo depois veio a pandemia. Eu fazia bicos de panfletagem e não tinha uma renda fixa, não tinha muita perspectiva do que eu ia fazer também naquela hora”, conta ela.

.

.

.

Fontes: G1 – Globo.

Compartilhe  

últimas notícias