Nutricionistas apontam riscos da introdução alimentar orientada por leigos

A introdução alimentar é considerada uma das principais fases dentro dos mil dias, pois a criança começa a se familiarizar com os gostos e será exposta aos

introdução alimentar -

Redação Publicado em 08/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 16h34

Os primeiros mil dias de vida de um bebê, que engloba os 270 dias da gestação mais os 365 dias do primeiro ano de vida e os 365 dias do segundo, são considerados cruciais para o seu desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico. E a nutrição desempenha um papel crucial nesta fase da vida, tendo um enorme impacto em sua estrutura emocional, com desfechos que poderão ser sentidos até a vida adulta.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as mães, a nível global, alimentem exclusivamente seus bebês durante os primeiros seis meses de vida com leite materno, que é considerado, segundo os nutricionistas, o ‘padrão ouro’ da alimentação infantil. A partir dos seis meses a criança passa a receber a alimentação complementar, e o aleitamento deve ser mantido até os dois anos de idade ou mais.

A introdução alimentar é considerada uma das principais fases dentro dos mil dias, pois a criança começa a se familiarizar com os gostos e será exposta aos primeiros alimentos e suas texturas, cores e sabores. Além disso, a forma como for conduzida será determinante na formação do paladar e na construção de hábitos alimentares saudáveis, portanto, é a fase que requer mais atenção.

Por isso, é importante que as orientações para a introdução alimentar sejam feitas e acompanhadas por um nutricionista, principalmente para evitar erros comuns nessa etapa essencial e tão importante para a vida do bebê e da mãe que, muitas vezes, se sente impotente por falta de conhecimento materno sobre alimentação.

Para a nutricionista Camila Alves, conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região, a desinformação é ainda um grande obstáculo para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis nos primeiros mil dias de vida, que, além de ser um momento de enorme vulnerabilidade para a criança, também é um momento de tremendo potencial para impactar a saúde dela a longo prazo.

“Crenças e tabus na alimentação infantil são frequentes e representam enormes obstáculos para uma introdução alimentar adequada, a qual têm o potencial de minimizar o risco futuro de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis”, explica.

Camila atribui a popularização das redes sociais e a influência das chamadas “mães influencers”, e até mesmo profissionais de outras áreas, como responsáveis pela disseminação de informações equivocadas sobre a nutrição infantil. Ela ainda pontua que é preciso diferenciar as falas dos leigos nesse contexto, que partem de uma perspectiva de uma experiência com seus filhos, das falas de nutricionistas materno-infantil, que têm um caráter técnico científico.

“E que se feitas por leigos, baseadas em experiências pessoais, por sua falta de acurácia, podem trazer o sério risco de negligência”, pontuaE reforça: “Também é importante alertar que apenas profissionais da área da saúde habilitados e treinados podem avaliar o desenvolvimento infantil e estão capacitados para considerar qualquer risco nutricional – e podem, através de orientações e prescrições, mitigar e contornar esses riscos”.

Na avaliação dela, é preciso mobilizar a sociedade para a importância do papel do nutricionista durante a introdução alimentar, porque durante esse período qualquer cuidado nutricional que uma criança recebe tem repercussões ao longo de toda sua vida.

“A introdução alimentar inadequada, feita em um momento não oportuno e de forma equivocada, com orientações erradas, tem repercussão irreversível na vida de uma criança. Então, alertamos as mães que essa é uma fase importantíssima na vida dos seus filhos e as orientações que elas recebem têm que vir de um nutricionista”, conclui.

DESTAQUE

Leia também