Mortes de jovens entre 20 e 29 anos por Covid-19 crescem quase 4 vezes no estado de SP entre fevereiro e março

As mortes de jovens por Covid-19 no mês de março em São Paulo ultrapassaram a soma dos últimos cinco meses. De outubro de 2020 a fevereiro de 2021, o sistema

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Redação Publicado em 17/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h27

Segundo dados do sistema SIVEP-Gripe, o estado teve 52 óbitos pela doença nessa faixa etária em fevereiro, contra 202 em março. Os óbitos de março entre jovens superaram a marca registra nos últimos cinco meses. Especialistas apontam as aglomerações como principal fator de alta nos números.

O número de mortos por coronavírus entre jovens de 20 e 29 anos aumentou 288%, ou seja, cresceu quase quatro vezes na comparação entre fevereiro e março de 2021, segundo as dados do sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe do Ministério da Saúde (SIVEP-Gripe).

De acordo com os números, em fevereiro, os óbitos dessa faixa etária somaram 52 mortes, enquanto no mês de março, o total subiu para 202 mortos.

As mortes de jovens por Covid-19 no mês de março em São Paulo ultrapassaram a soma dos últimos cinco meses. De outubro de 2020 a fevereiro de 2021, o sistema do Ministério da Saúde computou o total de 186 óbitos nessa faixa etária. Só no mês de março foram 202 mortes.

Além dos óbitos, as internações por Covid-19 desse grupo etário também dispararam, com aumento de 173% entre janeiro e fevereiro deste ano. No primeiro mês do ano, o estado de São Paulo teve 693 internações desse grupo etário. Já em março, o número saltou para 1.639 internações.

As aglomerações são apontadas por especialistas como o principal fator de contágio dos jovens durante a quarentena.

“O que está acontecendo é que se passou uma mensagem que foi errada. A de que o problema do jovem seria somente de ele estar contaminando e contaminaria o avô, a avó, como se ele fosse simplesmente um transmissor da doença. Isso nunca foi verdade. Com essa propaganda equivocada, isso levou os jovens a achar que se eles não tivessem contato com nenhum idoso, estariam todos protegidos. O que não é fato. E os números estão dizendo”, afirma o epidemiologista e professor titular da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Lotufo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), o número de denúncias sobre o desrespeito às regras de distanciamento da quarentena explodiu no estado no mês de março, por meio do canal 0800, passando de 4.332 em fevereiro para 55.416 denúncias em março.

“O jovem em geral tem uma tendência de se sentir invulnerável. Ele pensa ‘bom, se eu for na festa, a recompensa é toda minha, porque eu vou fazer o que eu quero, e o preço que se paga por isso também é dividido na comunidade’, isso leva as pessoas a irem pras festas. o racional do comportamento é ir. Já que eu tenho todo o beneficio e o preço vai ser diluído na comunidade. O que a gente precisa fazer? Precisa ser mais custoso, mais arriscado pro jovem ir a festa. Ou seja, a festa vai ser fechada, vai ter polícia, vai ser multado, para que no seu cálculo interno não valha a pena ir”, afirma o psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Daniel Martins de Barros.

A supervisora comercial Bruna Picazzio, de 27 anos, nunca foi da turma da balada ou barzinho. Pegou a Covid-19 trabalhando e confessa que não imaginava que passaria por maus momentos quando contraiu um vírus cujas vítimas, em 99% dos casos, têm mais de 30 anos.

“Eu me apegava à minha idade. Porque falavam na mídia que a população jovem se recuperava de uma forma mais rápida e branda, só que eu não contava que eu ia ficar 20 dias internada e nem todo procedimento que passei. Quando eu ouvi a medica falando que se minha saturação não melhorasse ela iria pedir pro convênio a intubação, ai eu me apeguei mais às orações, porque ai vem a fé. Só tem você e deus ali”, conta.

Na última segunda-feira (12), o Renan completaria 23 anos. O jovem morreu no dia 13 de março. Foi a primeira vítima na fila de leitos de UTI da capital paulista. O Paulo Marques Lobato, primo dele, diz que o jovem também se cuidava. Só saía de casa pro essencial, e ainda assim foi infectado pelo vírus.

“É muito doloroso. a gente tenta dar todo o consolo possível, mas não tem como é só o tempo mesmo pra amenizar essa dor”, afirma Paulo Henrique Marques Lobato.

O Paulo tem 28 anos, só alguns a mais que o primo. Para ele, se resguardar num momento como esse tem um propósito simples.

“Preservar a minha vida e a do próximo, então, eu, particularmente, e toda minha família, prezamos muito pela vida”, comenta ele.

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Fonte: G1 – Globo.

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