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O poder das histórias e do humor na boa comunicação

O poder das histórias e do humor na boa comunicação - Imagem: Reprodução | Freepik

Reinaldo Polito Publicado em 14/07/2024, às 06h00

Alguns palestrantes têm agendas lotadas e são muito bem-remunerados. Fazem apresentações envolventes e conseguem manter a atenção dos ouvintes por tempo prolongado. O mesmo acontece com certos profissionais que participam das reuniões corporativas de maneira leve e descontraída. Há nesses sedutores de plateias uma característica comum: são bons contadores de histórias e bem-humorados.

Se você deseja ser bem-sucedido em suas apresentações, torne-se um colecionador de histórias e desenvolva a presença de espírito. Muitos dizem não ter essa habilidade. Estão enganados, pois a experiência mostra que todos conseguem. Basta boa vontade e disciplina.

Histórias curtas

Comece contando histórias curtas para os familiares. Assim que se sentir mais à vontade, poderá repeti-las no ambiente de trabalho. Depois de passar por esse teste, estará pronto para usá-las em outros ambientes.

O lado bem-humorado também pode ser aprimorado pela observação. Note como se comportam as pessoas espirituosas. Aprenda como exploram as tiradas engraçadas. Embora possam contar uma ou outra piada, nem sempre lançam mão desse expediente. Apenas aproveitam informações do próprio ambiente para torná-las descontraídas.

Histórias contextualizadas

As histórias precisam ser contextualizadas, adequadas ao assunto e ao ambiente. Da mesma maneira, os fatos bem-humorados devem ser espontâneos, nascidos do momento. Dessa forma, por terem sido criados ali no instante da conversa ou da apresentação, não carregam a responsabilidade de serem necessariamente engraçados. Se ninguém reagir, vida que segue.

Dê preferência às histórias curtas, inéditas e instigantes. Habitue-se a anotar os casos interessantes. Escreva as passagens mais importantes para se lembrar mais tarde. Na primeira oportunidade que tiver, conte a história que aprendeu. Depois de contá-la duas ou três vezes, ela será sua. Passará a fazer parte do seu estoque. Se for disciplinado, em pouco tempo terá uma boa quantidade delas à disposição.

Como disse Machado de Assis: “Sentenças latinas, ditos históricos, versos célebres, brocados jurídicos, máximas, é de bom aviso trazê-los contigo para discursos de sobremesa, de felicitação, de agradecimento”.

Um pregador norte-americano

Um bom exemplo de história descontraída foi deixado pelo pregador norte-americano Joel Osteen. Diante de milhares de pessoas, iniciou sua pregação brincando com a plateia. Conseguiu com essa iniciativa conquistar o público logo no início da sua apresentação. Observe que a sua anedota estava bem dentro do contexto daquela circunstância:

Eu gostaria de começar com algo engraçado. Ouvi de quatro senhoras católicas que estavam se vangloriando de seus filhos. A primeira diz que o filho é sacerdote, e que sempre que ele entra na sala todos o chamam de Vossa Reverência. A segunda diz que o filho é bispo, e que quando entra todos o chamam de Vossa Excelência Reverendíssima. A terceira diz que o filho é cardeal, e que quando entra todos o chamam de Vossa Eminência Reverendíssima. A quarta diz que o filho tem 1,95 m de altura, ombros largos, é incrivelmente bonito, se veste impecavelmente, e que quando entra todos dizem: ai, meu Deus!”.

São atitudes como essa que tornam as apresentações interessantes e prendem a atenção dos ouvintes o tempo todo. Lembre-se de que as histórias devem guardar a interdependência da fala – precisam ter relação com todas as partes do discurso, desde o início até a conclusão.

José Vasconcelos

Recordo-me do dia em que recebi a visita de José Vasconcelos, um dos maiores humoristas da história brasileira. O auditório da minha escola de oratória estava lotado. No final da aula, perguntei se ele gostaria de deixar uma mensagem para os alunos. Sem hesitar, foi para o palco e iniciou com uma tirada espirituosa inesquecível.

Assim que chegou ao microfone disse: “Sei que se eu não viesse aqui na frente para contar uma piada seria uma frustração”. Mesmo sendo o grande humorista que era, o público encarou aquelas palavras como sendo meio pretensiosas. Depois de um instante de pausa, complementou: “Para mim”.  Dessa forma, arrancou gargalhadas prolongadas dos ouvintes.

Esses são apenas alguns exemplos de oradores que sabem como cativar as plateias. São lições que nos ajudam a compreender melhor a importância de saber contar histórias e desenvolver uma comunicação mais descontraída. Que tal aprimorar essa habilidade a partir de hoje?

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