Em gestões anteriores, os presidentes sempre procuraram nomear pessoas próximas ao governo
Jessica Anjos Publicado em 25/03/2023, às 11h08
Caso Lula (PT) realmente indique o advogado Cristiano Zanin para o Supremo Tribunal Federal (STF) significaria uma busca para tentar alinhar as decisões da corte com o governo que é muito difícil de ocorrer, mesmo entre membros que já tiveram vínculos formais com o Executivo.
Segundo a Folha de S. Paulo, Zanin defendeu o presidente Lula durante os processos da Operação Lava Jato, até mesmo quando o petista foi preso e ficou detido por 580 dias em Curitiba. Depois, as condenações foram anuladas.
No começo de março, Lula foi questionado sobre a possibilidade de nomear Zanin ao STF e o presidente respondeu que "todo mundo compreenderia" se isso acontecesse e classificou o advogado como seu "amigo e companheiro".
Em outros governos, a escolha de um nome que é próximo ao presidente sempre foi comum, porém normalmente a nomeação é de alguém vinculado ao governo e não diretamente ao presidente, como é o caso de Zanin.
De acordo com uma pesquisa feita pela Folha, estudando os currículos dos ministros indicados desde 1985, é possível compreender que dos 28 escolhidos neste período, 9 exerciam alguma função no Executivo federal quando foram nomeados. Isso representa 1 em cada 3 indicados.
André Mendonça, por exemplo, foi indicação de Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes, de Michel Temer, e Dias Toffoli, por Lula, são exemplos de ministros que eram parte dos governos dos presidentes que os nomearam.
Toffoli era da AGU (Advocacia-Geral da União), Moraes, ministro da Justiça, e Mendonça teve dois cargos no governo do ex-presidente Bolsonaro.
Quando Bolsonaro teve que escolher um nome para o STF, o ex-presidente disse que procurava por alguém que tomava "cerveja com ele no fim de semana" e também uma pessoa "terrivelmente evangélica", o que se confirmou com a nomeação de Mendonça, que é pastor presbiteriano.
Toffoli, segundo a Folha, foi a primeira indicação pessoal do presidente Lula. O advogado tinha sido assessor jurídico do PT e defendeu o partido em diversas campanhas para eleição.
Além de Lula, Temer e Bolsonaro, na gestão de Fernando Henrique Cardoso a proximidade também marcos 2 das 3 indicações feitas pelo ex-presidente: Nelson Jobim foi ministro da Justiça, e Gilmar Mendes, de AGU.
Especialistas defendem que há uma grande pressão sob os presidentes de diferentes grupos e o elemento regional são fatores que influenciam diretamente na escolha, porém o principal motivo é a busca por alguém que esteja alinhado com o pensamento do presidente.