Bruno Covas toma posse em SP e diz que prioridade é combater desigualdades e avanço da Covid-19 na cidade

O prefeito Bruno Covas (PSDB) e o vice Ricardo Nunes (MDB) tomaram posse na tarde desta sexta-feira (1º) para o novo mandato à frente da Prefeitura de São

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Redação Publicado em 02/01/2021, às 00h00 - Atualizado em 07/01/2021, às 13h20

Em evento fechado na Câmara Municipal, o prefeito empossado declarou que vai trabalhar no novo mandato para garantir o retorno seguro às aulas de todos os alunos da cidade, “sob pena de comprometer irremediavelmente o futuro de milhões de crianças e jovens”.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) e o vice Ricardo Nunes (MDB) tomaram posse na tarde desta sexta-feira (1º) para o novo mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. A cerimônia foi realizada na Câmara Municipal da cidade, no Centro, e presidida pelo parlamentar mais velho do legislativo paulistano, o vereador Eduardo Suplicy (PT), de 79 anos.

No primeiro discurso após ser empossado, Covas afirmou que a prioridade do novo mandato é o combate às desigualdades sociais e ao avanço do coronavírus na capital.

“A prioridade na nossa administração está colocada: contribuir para diminuir as desigualdades sociais no nosso município. Isso exige sensibilidade social e sentido de urgência. Nossa cidade é enorme e suas demandas maiores ainda. Tomo posse ciente dos desafios enormes que aguardam a mim e a minha equipe. (…) Vamos agora, gradativamente, colocar todos os hospitais que abrimos funcionando a pleno vapor. A prioridade urgente é ativar alas específicas para Covid”, afirmou o tucano.

Prefeito Bruno Covas, vice-prefeito e mais 55 vereadores tomam posse em cerimônia semipresencial

O prefeito empossado também destacou que vai trabalhar prioritariamente no retorno seguro às aulas presenciais na cidade de São Paulo para não “comprometer irremediavelmente o futuro de milhões de nossas crianças e jovens”.

“A segunda missão imediata é garantir a retomada segura das aulas presenciais, sob pena de comprometermos irremediavelmente o futuro de milhões de nossas crianças e jovens. Durante a pandemia, adotamos iniciativas de aprendizagem para que nenhum aluno ficasse para trás. Mas sabemos que isso não é, nem foi suficiente. Seja pela desigualdade de acesso aos meios digitais, seja pelas perdas que a falta do convívio social acarreta na formação dos indivíduo”, afirmou.

A gestão municipal prevê o retorno das aulas presenciais em fevereiro, com rodízio de estudantes.

Bruno Covas (PSDB) discursa na cerimônia de posse do novo mandato dele como prefeito de São Paulo. — Foto: Marina Pinhoni/G1 SP

Democracia e ‘negacionismo’

Covas abriu sua fala de cerca de meia hora citando o discurso da vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris: “A democracia não está garantida. Ela é tão forte quanto a nossa vontade de lutar por ela, de protegê-la e de nunca considerá-la como dada. E proteger a nossa democracia exige luta.”

O prefeito também disse que “política não é terreno para intolerantes e nem para lacradores de redes sociais” e que o “negacionismo está com os dias contados” na cidade.

“O negacionismo está com os dias contados. Prevalecerá o diálogo, a conversa, a construção coletiva, a compreensão de que há mais em comum entre nós do que as nossas visões distintas nos separam. No caso da pandemia o inimigo é um só: o vírus. E o momento exige união. O vírus do ódio e da intolerância também precisam ser banidos da sociedade. As crises sociais e econômicas provenientes da pandemia são profundas. Por isso é fundamental conversar de forma generosa e aceitar as diferenças. Ninguém pode ser dono da verdade”.

Bruno Covas também pediu que as pessoas redobrem os cuidados com a pandemia do coronavírus até a chegada da vacina em São Paulo.

“A maioria da nossa população vem tendo comportamento exemplar no enfrentamento da pandemia. Mas há uma minoria que insiste em colocar seus interesses e desejos em primeiro plano, ao invés de pensar no coletivo. Mas eu insisto mais uma vez: já há alguma luz no fim do horizonte. As vacina vão chegar. Nossa cidade está pronta para vacina em massa, mas ainda precisamos manter os cuidados”, disse.

Posse do vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB), e dos vereadores da cidade de São Paulo (SP) — Foto: Ronaldo Silva/ Futura Press/ Estadão Conteúdo

Representatividade

Durante sua campanha de reeleição, Covas prometeu aumentar a representatividade de negros e mulheres nos altos escalões do governo. A maior parte do seu secretariado, no entanto, continua sendo formada por homens brancos.

No mandato que começou nesta sexta (1º), Covas terá 23 secretários municipais, quatro a menos que na última gestão. As pastas são formadas por nove novos secretários e outros 14 nomes mantidos ou deslocados para outras pastas. São oito mulheres secretárias, e apenas duas negras.

“Assumi na campanha e ora reitero meu compromisso de aumentar a participação de negras e negros nos escalões de comando da Prefeitura de São Paulo. É o que estamos fazendo designando duas mulheres negras para compor o primeiro escalão de nosso novo governo: Dra. Eunice Prudente, Secretária de Justiça e Inspetora Elza Paulino de Souza, Secretária de Segurança Urban”, afirmou o prefeito no discurso desta sexta.

“Da mesma maneira, tenho o propósito de ampliar a presença de mulheres no meu governo, algo já simbolizado neste novo secretariado, em que um terço dos titulares são mulheres, entre elas a ex-Prefeita e ex-Senadora Marta Suplicy, que muito me honra em aceitar o desafio de compor nossa gestão.”

Prefeito de SP, Bruno Covas (PSDB), faz juramento de posse na Câmara Municipal da cidade. — Foto: Afonso Braga/Rede Câmara SP

Posse restrita

O evento na Câmara foi fechado para o público por conta da pandemia do coronavírus e empossou também os 55 vereadores eleitos da cidade para o mandato que termina em 31 de dezembro de 2024. A cerimônia foi acompanhada virtualmente pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que fez um breve discurso.

Em decreto publicado no Diário Oficial na terça-feira (29), a Mesa Diretora definiu que a posse dos 55 vereadores da 18ª Legislatura seria feita também de forma virtual. Para os parlamentares que optaram por comparecer presencialmente, foi liberada apenas a entrada ao gabinete para um funcionário e um convidado.

João Doria em telão da Câmara — Foto: Marina Pinhoni/G1

Em discurso de abertura, Suplicy falou sobre a importância do auxílio emergencial durante a pandemia e lembrou sobre seu projeto de renda básica, pedindo apoio a Covas para implementá-lo.

O vereador também destacou a nova composição da Câmara nesta legislatura, com a presença de mulheres negras e bancadas coletivas. Ele fez também um apelo para que Covas dê atenção para a população em situação de rua na próxima gestão e pediu vacina contra a Covid-19 para todos os brasileiros.

O vereador Milton Leite (DEM) foi eleito presidente da Mesa Diretora. A vereadora Rute Costa (PSDB) foi eleita vice-presidente e Atílio Francisco (Republicanos) o 2° vice-presidente. Juliana Cardoso (PT) comandará a 1ª Secretaria e Fernando Holiday (Republicanos) a 2ª Secretaria.

Também foram escolhidos George Hato (MDB) e Milton Ferreira (Podemos) como 1º e 2º suplentes, respectivamente. O cargo de corregedor-geral da casa ficou sob responsabilidade do vereador Gilberto Nascimento Jr. (PSC). A primeira sessão da nova legislatura na Câmara acontecerá em 2 de fevereiro.

Câmara Municipal de São Paulo — Foto: Marina Pinhoni/G1

Perfil do prefeito

‘O trabalho começa amanhã’, afirma Bruno Covas em discurso após ser reeleito prefeito de São Paulo

Covas foi reeleito em novembro de 2020 com 59,38% dos votos válidos. Ele venceu em 50 das 58 zonas eleitorais de São Paulo no 2º turno e derrotou o candidato Guilherme Boulos (PSOL). O tucano teve a campanha mais cara da capital – com gasto total de R$ 20,4 milhões, quase três vezes mais do que Boulos, que gastou R$ 7,4 milhões.

Ele também formou um amplo leque de alianças políticas por meio de uma coligação que engloba 11 partidos (PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS).

No discurso da vitória, Covas afirmou que a cidade votou pelo “equilíbrio”, pela “moderação” e pela “ciência”. “São Paulo disse sim ao equilíbrio e à moderação. (…) As urnas falaram e a democracia está viva. São Paulo mostra que faltam poucos dias para o obscurantismo e negacionismo. São Paulo disse sim à ciência e disse sim à moderação”, disse ele na ocasião.

Bruno Covas Lopes tem 40 anos, nasceu em Santos, é divorciado e tem um patrimônio declarado de R$ 104.966,68. Ele é neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que morreu em 6 de março de 2001, vítima de um câncer.

Bruno Covas (PSDB) comemora vitória no 2º turno na capital paulista — Foto: Fábio Tito/G1

Covas formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e também em Economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Na política foi deputado estadual e atuou como secretário estadual de Meio Ambiente entre 2011 e 2014, durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do estado.

Foi eleito deputado federal em 2014, deixando o cargo em 2017, quando aceitou concorrer com João Doria na chapa do PSDB à Prefeitura de São Paulo.

Ele assumiu a prefeitura em 2018, quando Doria saiu para disputar o governo de São Paulo. O prefeito enfrenta desde 2019 um tratamento contra um câncer na cárdia, que é a região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e linfonodos.

O vice Ricardo Nunes, do MDB, tem 53 anos, é casado, declara ao TSE a ocupação de vereador e tem ensino superior incompleto. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 4.836.716,54.

Perfil da legislatura 2021-2024

Vereadores eleitos em São Paulo: Delegado Palumbo, Erika Hilton, Felipe Becari e Fernando Holiday — Foto: Montagem/G1

Para representar os 12.325.232 habitantes da capital paulista haverá 55 vereadores; deste total, 62% foram reeleitos, e 38% serão responsáveis pela renovação da Casa.

O PSDB e o PT permanecem sendo os partidos com as maiores bancadas, com oito vereadores cada, mas ambos perderam cadeiras: em 2016, o PSDB tinha 11 e o PT, nove. Já o PSOL triplicou o número de vereadores, passando de dois eleitos em 2016 para seis em 2020, e se tornou a terceira maior bancada da Câmara Municipal de São Paulo.

Pela primeira vez, a Câmara de São Paulo terá mandatos coletivos. Os dois são do PSOL – Silvia da Bancada Feminista, e Elaine do Quilombo Periférico.

O número de mulheres cresceu, passando de 11 para 13. São Paulo também elegeu um parlamentar negro a mais do que em 2016, e chegou a 11 vereadores, 20% do total de parlamentares da Câmara.

Dois transexuais ficaram entre os dez mais votados de São Paulo em 2020: Erika Hilton (PSOL), em 6º, e Thammy Miranda (PL), em 9º lugar.

A nova composição da Câmara vai contar com 11 vereadores ligados a alguma igreja evangélica, três cadeiras a menos do que os eleitos para última legislatura. Nenhum dos 65 militares candidatos ao cargo de vereador se elegeu em 2020.

Eduardo Suplicy (PT) foi reeleito com 167.427 votos, e, pela terceira vez, foi o vereador mais votado da cidade. O segundo candidato mais votado foi o vereador Milton Leite (DEM).

Veja quem são os 5 vereadores mais votados de SP

Veja quem são os vereadores eleitos:

Veja o número de vereadores por partido:

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G1 – Globo

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