Escândalo das vacinas

Bolsonaro não precisou apresentar registro de vacina para entrar nos EUA

O ex-presidente sempre disse que não queria e nem tinha a intenção de se vacinar

Bolsonaro não precisou apresentar registro de vacina para entrar nos EUA - Imagem: reprodução Instagram @jairmessiasbolsonaro

Jessica Anjos Publicado em 03/05/2023, às 22h18

Na manhã desta quarta-feira (3), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de uma operação da Polícia Federal. A suspeita é que o registro de vacina do político tenha sido fraudado para que ele pudesse viajar.

Porém, de acordo com reportagem da BBC News Brasil, Bolsonaro não precisou apresentar comprovante de vacina contra a covid-19 para entrar nos Estados Unidos quando viajou para o país no final do último ano, quando ele ainda era presidente do Brasil

No dia 30 de dezembro, antes do fim do seu primeiro mandado como Presidente da República, Bolsonaro viajou com a família para a Flórida e ainda tinha um visto diplomático A1 emitido pelas autoridades americanas. O chefe de estado sempre foi conhecido por dizer que era contra a obrigatoriedade da vacina e vivia dizendo que não tinha sido vacinado e nem pretendia se vacinar.

Mesmo que todos os viajantes que vão aos Estados Unidos, desde 2021, via aérea tenham que comprovar a imunização contra a covid-19, o Center for Disease Control and Prevention (CDC) tem uma lista de exceções à regra.

No topo dela estão "pessoas em viagens diplomáticas ou oficiais de governos estrangeiros", o que se enquadra no caso do Bolsonaro. Por ser menos de idade, Laura, filha do ex-presidente, também se encaixa na exceção prevista pelo CDC.

Questionado pela BBC, Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado, disse que "os dados são confidenciais" e não poderia discutir casos específicos. "O que posso dizer é que havia a exigência de ser vacinado para entrar nos Estados Unidos, além de qualquer documentação necessária. Mas o CDC pode falar sobre os diferentes níveis de requerimento para entrar no país", comentou.

Já o Itamaraty disse à reportagem que com base no conhecimento de como o processo funciona em viagens como a de Bolsonaro aos EUA, com passaporte e visto diplomático, ele não foi obrigado a mostrar seu comprovante de vacina nem em dezembro de 2022, nem em outras viagens ao país.

Aliás, em uma das visitas de Bolsonaro aos EUA, durante seu mandato, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, chegou a comentar: "Se você não quer se vacinar, não se dê ao trabalho de vir". Porém, Bolsonaro não foi barrado, nem na entrada do país, nem na Assembleia Geral da ONU - evento que ele iria participar na ocasião.

Adulteração do comprovante de vacinas

A Polícia Federal afirma que os registros de vacina de Bolsonaro, de sua filha Laura e de assessores da época em que ele era presidente, como Mauro Cid, foram adulterados poucos dias antes da partida do ex-presidente para o EUS no final de 2022. A suspeita do órgão é que isso tenha sido feito para evitar qualquer problema que a equipe tivesse para entrar no país.

Porém, apresentar qualquer documento falto para entrar nos EUA é crime federal, que pode levar a multa ou até mesmo a prisão.

O que a BBC News Brasil afirma, no entante, é que não há provas de que o ex-presidente precisou apresentar o registro da vacina, legítimo ou adulterado, para autoridades americanas.

Para se defender, Bolsonaro condeceu entrevista à Jovem Pan na tarde desta quarta-feira (3) e disse que "o tratamento dispensado a chefe de Estado (nos EUA) é diferente do cidadão comum. Tudo é acertado antecipadamente e em minhas idas aos EUA em nenhum momento foi exigido o cartão vacinal. Então, não existe fraude de minha parte no tocante a isso".

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