Mauro Vieira também elogiou os esforços de países do Sul Global sobre o mesmo tema
Gabriela Thier Publicado em 24/10/2024, às 17h42
Em uma intervenção proferida nesta quinta-feira (24), durante a cúpula do Brics realizada em Kazan, na Rússia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, manifestou críticas contundentes à inércia de diversas nações frente à crise na Faixa de Gaza. O diplomata brasileiro também enalteceu os esforços dos países do Sul Global que buscam intermediar o conflito no Oriente Médio.
Vieira destacou que “Foram os países do Sul Global que votaram a favor da resolução da Assembleia Geral da ONU que pede a cessação das hostilidades”. Ele não poupou críticas aos demais países, afirmando que seu papel tem sido "decepcionante, quando não conivente", e ressaltou que aqueles que se autoproclamam defensores dos direitos humanos permanecem indiferentes diante de graves atrocidades recentes.
O termo "Sul Global" é frequentemente utilizado para designar nações menos desenvolvidas ou em desenvolvimento, predominantemente localizadas no Hemisfério Sul.
O ministro brasileiro afirmou ainda que a situação em Gaza, qualificada por alguns governos, incluindo o brasileiro, como genocídio contra os palestinos, comprometeu a credibilidade do Conselho de Segurança da ONU e violou princípios fundamentais do direito humanitário internacional.
Além disso, Vieira argumentou que a paz só será alcançada com a criação de um Estado palestino independente, uma solução constantemente rejeitada por Israel. Ele enfatizou: “A decisão sobre sua existência foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Mas a mesma ONU que criou o Estado de Israel hoje se vê de mãos atadas”.
Embora condenando os atos terroristas praticados pelo Hamas como injustificáveis, Vieira criticou a resposta israelense desproporcional, caracterizando-a como uma punição coletiva ao povo palestino. Segundo ele, "o volume de explosivos lançados sobre Gaza supera aqueles utilizados em Dresden, Hamburgo e Londres durante a Segunda Guerra Mundial".
Por fim, o chanceler sublinhou a relevância do Brics no cenário internacional. "Essas cinco letras representam uma construção tangível fruto de décadas de esforços por um mundo mais justo", disse ele. Vieira reconheceu ainda a dívida do Brics com o G77 e o Movimento dos Não-Alinhados, enfatizando que são herdeiros daqueles que lutaram por uma Nova Ordem Econômica Internacional.