Morte de Yahya Sinwar

Golpe no Hamas aumenta pressão por acordo, mas guerra em Gaza persiste

Líder assassinado era peça-chave na organização; agora surgem incertezas sobre o desfecho da guerra

A morte de Sinwar pode facilitar negociações, mas também provocar retaliações - Imagem: Reprodução / X

Sabrina Oliveira Publicado em 18/10/2024, às 11h30

A morte de Yahya Sinwar, o principal líder do Hamas, representa um dos momentos mais críticos da guerra em Gaza, levantando questões sobre o impacto dessa eliminação no futuro do conflito. Sinwar era uma figura estratégica e desempenhava um papel central na estrutura de comando do grupo desde o ataque de 7 de outubro de 2023, que marcou o início da mais recente escalada entre o Hamas e Israel.

O assassinato do líder, anunciado nesta quinta-feira (17), é visto como uma vitória significativa para Israel. Sinwar havia se tornado o principal alvo das operações militares após ser identificado como mentor do ataque que deixou mais de 1.200 mortos e dezenas de reféns israelenses. Com sua morte, o governo de Benjamin Netanyahu agora enfrenta um dilema: buscar uma saída negociada ou intensificar os combates em busca da aniquilação completa do Hamas.

A eliminação de Sinwar também traz incertezas sobre a liderança do grupo militante. Embora ele fosse considerado um dos comandantes mais rígidos e próximos da ala militar, a história do Hamas mostra que seus líderes costumam ser substituídos rapidamente. A questão é se a nova liderança será mais propensa a aceitar um cessar-fogo ou continuará com a resistência ativa contra Israel.

Alguns analistas apontam que a morte de Sinwar oferece uma janela de oportunidade para Israel iniciar negociações para encerrar o conflito. A libertação dos reféns detidos em Gaza pode ser usada como uma moeda de troca para um acordo de paz. Contudo, partidos da extrema-direita israelense, que apoiam a continuidade da guerra, já manifestaram oposição a qualquer cessão, complicando ainda mais a situação política para Netanyahu.

Internacionalmente, a eliminação do líder do Hamas provocou reações diversas. Enquanto alguns governos veem a morte de Sinwar como um passo positivo para estabilizar a região, outros alertam que ela pode desencadear retaliações violentas e prolongar o conflito. A pressão por um cessar-fogo imediato também aumentou, especialmente entre grupos de defesa dos direitos humanos que alertam para o impacto humanitário da guerra em Gaza.

Apesar da morte de Sinwar, a guerra parece longe de terminar. O Hamas ainda tem lideranças operando do exterior, principalmente no Catar, que podem assumir as negociações com mais flexibilidade. No entanto, a destruição generalizada em Gaza e as mortes de milhares de civis complicam o cenário, tornando difícil prever o fim do conflito.

Netanyahu, que se encontra sob pressão política interna, pode usar a morte de Sinwar como um trunfo para justificar a continuidade das operações militares. Ao mesmo tempo, ele pode optar por negociar um acordo que traga estabilidade e melhore sua posição política, especialmente diante das críticas sobre a condução da guerra.

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