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Sobre o tiro em Trump, as teorias da conspiração e o futuro da eleição nos EUA

Sobre o tiro em Trump, as teorias da conspiração e o futuro da eleição nos EUA - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @EvanVucci

Kleber Carrilho Publicado em 20/07/2024, às 06h00

É lógico que a primeira sensação que tive ao ler a notícia sobre o tiro em Trump foi a de que havia uma armação, uma encenação, uma ficção. Afinal, além de vivermos tempos polarizados, eu sempre fui um entusiasta de boas histórias, especialmente no ambiente político. Mas, pelo que tudo indica, foi "somente" um rapaz com intenções que iam além do razoável, tão fora do previsto que levou tempo demais para que as forças de segurança e o serviço secreto considerassem que realmente era uma ameaça.

Enquanto os altos escalões estavam preocupados com um atentado organizado pelo governo iraniano, a verdadeira ameaça era um jovem de 20 anos que pegou a arma emprestada do pai, provavelmente com a intenção de ser útil e alcançar alguma notoriedade a partir daquilo que acreditava ser correto.

Muitas pessoas, porém, preferiram dar voz àquela ideia inicial que eu também tive, de que se tratava de um pseudoautoatentado, cada uma apresentando uma evidência de que o republicano tinha incluído o acontecimento no planejamento de campanha para obter boas imagens.

O fato de Trump ter aproveitado o momento posterior para fazer fotos é, claramente, mais uma confirmação de sua paixão pelo poder e pela visibilidade, o que é natural para personalidades como a dele. Portanto, logo depois do susto inicial, a cabeça de Trump voltou a funcionar no modo campanha: a cada oportunidade, uma imagem marcante.

Se isso vai mexer com a campanha, ao contrário dos que dizem ter certeza da vitória fácil de Trump, estou curioso. Afinal, com tanto tempo pela frente, pode ser que o atentado chegue enfraquecido como pauta ao dia da eleição. As primeiras pesquisas sugerem que o impacto foi mínimo, já que os votos pró-Biden são muito mais anti-Trump, e isso não mudaria por causa de um atentado.

As comparações com o ocorrido com Bolsonaro em 2018 podem ser evitadas por diversos motivos. Primeiramente, Trump não é um novato na corrida presidencial, como Bolsonaro era naquela época. Em segundo lugar, porque Biden, que é o principal adversário, está na disputa, ao contrário de Lula, que estava preso e foi substituído por Haddad. Por último, lembro que ainda há muito tempo até a eleição lá, enquanto no Brasil faltava apenas um mês para o primeiro turno.

Mas, mesmo assim, tudo pode mudar se Biden acabar desistindo da campanha, como alguns dos líderes do Partido Democrata estão sugerindo. Se isso acontecer, e Kamala Harris for para as urnas, será que dá tempo para uma virada? E quantos outros eventos, como atentados e acidentes, podem ainda acontecer?

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